quarta-feira, 26 de março de 2014

FanFic: Secrets [+18]




Autora:TatahJacksonMania

Sinopse



“A vida é estranha. Quer dizer, ela sempre nos prega peças que nem sempre temos a capacidade de lidar.
E no final, o que nos resta é dar a cara pra bater e encarar tudo de frente.
O problema é que, além da vida ser estranha o coração consegue ser ainda pior, e escolhe justamente para amar o único cara por quem eu não podia nutrir nenhum tipo de sentimento.”
– Diário de Anne Moore.


Anne Moore... Uma mulher linda, tímida, sexy e... Misteriosa.
Misteriosa, sim, essa era a sua definição. Ela tinha um pai estranho, um tio perigoso e, bem, um quase namorado mundialmente conhecido – Michael Jackson.
Se aproximar de Michael era o seu objetivo. Ou melhor, era o objetivo que lhe foi imposto. Na verdade, talvez ela não tenha se aproximado de Michael porque o amasse, talvez.
Anne poderia simplesmente ser uma mulher que ninguém imaginasse que fosse; como também poderia ter um passado mais nebuloso do que muitos desconfiavam. Mais, no fundo, ela era simplesmente uma mulher de vinte anos que tinha vinte anos. E não uma mulher de vinte anos que é tão cheia de mistérios.
Mas, e Michael? O que será que ele sente em relação à metamorfose que se chama Anne Moore?
Talvez, ele devesse pesquisar mais sobre ela. Ou talvez...
Bem, talvez ele devesse somente confiar em seu coração, que lhe dizia que Anne era a mulher certa para ele.



Prólogo



- Não... Por favor, não façam isso comigo! – pedia Mandy, chorando.
- Cala a porra da boca, sua fedelha! – o homem de cabelos loiros gritou com ela.
- Eu não quero fazer isso...
Mandy chorava, enquanto era arrastada de dentro do velho carro preto.
O homem de cabelos loiros soltou uma gargalhada alta.
- Ah, vadiazinha, já está chorando? – sua voz ficou ainda mais dura. – Você nem sabe o que vai acontecer, então, eu acho melhor você calar a merda da boca, sua puta, senão você corre o grande risco de não ver o nascer do sol amanhã.
Mandy ficou quieta e se deixou ser arrastada pelo homem, só agora percebendo que estava diante de uma mansão.
Uma mansão linda, toda branca com detalhes dourados. A sua volta tinha uma grama verde e convidativa.
Mandy sentiu vontade de se deitar lá e deixar a luz fraca do sol de inverno banhar sua pele, agora suja e fedorenta.
- Hum... Parece que a casa de luxo calou sua boca... – o loiro falou, ainda rindo.
Mandy não se deu ao trabalho de responder; seu futuro era incerto e ela sabia disso.
Como também sabia que não tinha como fugir dele.

Capítulo 1

“Porque seguir o que os outros mandam, nem sempre é a pior opção.”


Me olhei no espelho mais uma vez.
Bufei.
Eu sabia que aquele vestido vermelho de corte fino estava me deixando bonita, mas, eu não era assim.
Eu gostava de usar shorts jeans, regatas, e tênis. E não vestidos, saltos e maquiagem.
Porém, eu não era mais a mesma. E tinha que me contentar com isso.
- Anne? – ouvi a voz grave da Sra. Jones atrás da porta do meu quarto.
- Pode entrar... – murmurei.
Senti a porta de meu quarto ser aberta e o cheiro de jasmim, que sempre acompanhou a Sra. Jones, invadir o ambiente.
Mas aquele perfume doce não combinava em nada com a sua aura sombria.
- Seu pai e seu tio estão lhe esperando. Se demorar mais, vai se atrasar.
Me virei e pude contemplar a governanta de Raymonds. Sempre elegante naquele terninho verde-escuro, com os cabelos negros presos impecavelmente em coque, no centro de sua cabeça. E aquela rosto, que se ela esforçasse um pouquinho, poderia se tornar angelical, porém, ele era rude e frio, assim como seus olhos azuis.
- Já estou descendo, Sra. Jones. – falei.
Ela arqueou uma sobrancelha.
- Então, venha comigo.
Suspirei e sai de meu quarto, deixando a Sra. Jones para trás.
Estava descendo as escadas, e vi Raymonds e Jefrey sentados em uma poltrona, com um copo de wisque na mão.
Assim que eu desci o último degrau, eles se levantaram.
- Você está deslumbrante, querida. – disse Raymonds, chegando perto de mim e beijando minha mão.
Era estranho ouvi-lo me chamar daquele jeito.
- Está realmente muito linda. – disse Jefrey, com seu costumeiro tom frio.
- Obrigada. – murmurei, sem jeito.
- Já sabe o que fazer, não é? – perguntou Jefrey.
O encarei um pouco, sem entender, mas logo depois entendi o que ele estava falando.
- Ah sim... Sei o que fazer.
- Boa menina. – ele riu. – Michael é muito importante, Anne. Além de ser uma pessoa maravilhosa, ele tem, hum, como posso dizer... – ele parou um pouco, como se estivesse refletindo – Ele tem como te dar um futuro promissor. Não perca essa oportunidade.
- Faça o que seu tio lhe pediu, Anne... Não o desobedeça, por favor. – meu pai pediu, com medo na voz.
Assenti e engoli em seco.
Lá estava eu, novamente, fazendo tudo aquilo que eu nunca pensei em fazer e sendo obrigada a obedecer, sem pestanejar.

***


Estávamos na área VIP, e faltavam poucos minutos para o começo do show de Michael. A Dangerous Tour estava chegando ao fim, aquele era o último show, e, como meu pai mesmo disse, ele estava fechando a turnê com chave de ouro.
Michael Jackson era um ótimo cantor... Ótimo não, ele era perfeito no que fazia. Seja dançando, cantando, compondo... Ele sempre se saia bem e sempre era o melhor.
E também era um homem bom. Eu sentia isso – mesmo sem nunca tê-lo visto pessoalmente – mas, em entrevistas, fotos, clipes, você via no olhar dele que ele jamais faria o mau a alguém.
Creio que era aquilo que o tornava tão especial.
- Hei, Anne, vai começar! – disse meu pai, animado.
Entrelacei as mãos em meu colo e então, parecia que algo havia explodido em cima do palco.
Na verdade, não havia explodido nada, era apenas Michael, dando um pulo gigantesco, logo depois chegando ao chão e ficando parado durante minutos.
Eu nunca havia visto algo como aquilo, como também nunca tinha escutado tanta gritaria em toda a minha vida. Aquele mar de pessoas gritando, chorando, desmaiando, e tudo por causa dele.



Sorri naquele momento. Ele merecia aquilo.
Exatos dois minutos depois, Michael movimentou as mãos e tirou os óculos.
A multidão gritou mais e, então, o show começou.

***


O show estava acabando. A última música estava em seus acordes finais e eu estava maravilhada. Nunca vira algo tão impressionante como aquilo.
Era impossível ir a um show de Michael Jackson e não sair de lá sendo uma fã dele. Eu já gostava de algumas de suas músicas – até porque, é impossível não gostar – mais aquilo ia além.
Não tinha palavras para explicar.
- Gostou do show, querida? – Raymonds perguntou.
Olhei pra ele e sorri. Tenho certeza que aquele foi o sorriso mais sincero que eu dirigi há ele, em toda a minha vida.
- Foi maravilhoso! Estou sem palavras! – falei.
Ele sorriu pra mim.
- Então, por que não diz isso pra ele? – pergunta ele, indicando a cabeça para eu olhar para trás.
Me virei e vi Michael conversando com meu tio. Ele ainda vestia a roupa do show.
Ele era ainda mais lindo de perto. Seu sorriso simples, sempre em seu rosto, o modo como ele prestava atenção em cada palavra que saia da boca de meu tio... Ele parecia muito cortês.
Meu pai era um dos maiores acionistas da Sony Music, e meu tio era um cara influente no meio da música. Era fácil para eles se infiltrarem dentro do show de Michael Jackson e ainda ter a exclusividade de recebê-lo no camarote.
- Me dê licença um instante, querida, vou cumprimentar o astro. – disse meu pai, indo em direção a Michael.
Fiquei meio perdida, sem saber o que fazer. Agora eu estava sozinha e isso era meio estranho, tendo a estrela da noite no mesmo lugar em que eu estava.
Mais isso não durou muito tempo, logo vi meu pai e meu tio se aproximarem de mim novamente, tendo Michael a seu lado.
Assim que chegaram perto de mim, meu pai foi primeiro a falar.
- Bem, Michael, como prometido, trouxe minha filha há um show seu. – ele sorriu. – Querida, como sabe, esse Michael e, Michael, essa é minha filha, Anne Moore.
Michael sorriu pra mim, e, gentilmente, pegou minha mão, levando-a aos seus lábios.
Ele beijou minhas mãos, olhando para mim; seus olhos negros estavam cobertos por desejo e cobiça o que fez com que eu sentisse um arrepio involuntário perpassar meu corpo.
- É um prazer conhecer a famosa filha de Raymonds Moore. – ele soltou minha mão e continuou. – Espero que tenha gostado do show.
Mordi o lábio, nervosa, e me obriguei a falar algo.
- O prazer é todo meu. – um sorriso idiota se formou em meus lábios. – Eu adorei o show, foi maravilhoso.
- Ela está encantada com a sua apresentação, Michael, e não é pra menos. Você é o melhor. – disse Jefrey.
Senti vontade de revirar os olhos, mas me contive; não seria prudente fazer isso.
Michael lhe deu um sorriso, como forma de agradecimento e se virou pra mim novamente.
- Dessa vez está de volta a Los Angeles para ficar, não é? – ele me pergunta.
- Oh... Sim, dessa vez não sairei mais do país. – falei.
Raymonds sorriu para nós dois e disse:
- Anne acabou de se formar em Literatura Inglesa, em Londres. Quatro anos de curso, mas, agora, ela ficará definitivamente nos Estados Unidos. Não deixarei que ela viaje de novo, não tão recentemente.
- Literatura Inglesa? – Michael perguntou, parecendo surpreso. – Tem um ótimo gosto, Anne. É muito inteligente em suas escolhas.
- Obrigada... – sorri, tímida.
- Adoraria que fosse a Neverland, visitar minha biblioteca e me indicar alguns autores.
Jefrey arqueou uma sobrancelha.
- Creio que ela adoraria, Michael. – ele disse, rindo.
- Por que não janta conosco amanhã, Michael? Poderíamos jantar e conversar, beber um bom vinho... – diz Raymonds.
- Seria ótimo! – ele falou.
- Então, está combinado. Jantar amanhã, na minha casa. – Raymonds riu. – Nós vamos agora, Michael, você precisa descansar.
Michael assentiu e sorriu. Logo depois, virando-se pra mim, pegou minha mão novamente e a beijou.
Soltei um sorriso surpreso, eu realmente não estava acostumada com aquilo.
- Foi um prazer conhecê-la. – ele disse pra mim.
E quando eu pensei que beijar minha mão seria o bastante pra ele, me vi completamente enganada, pois logo depois de dizer aquilo, ele me abraçou e me deu um beijo no rosto.
Ele se afastou e sorriu pra mim.
- Até amanhã.
- Até amanhã, Michael. – falei, sorrindo.
Ele se despediu de Raymonds e Jefrey e então saiu de nosso camarote.
Capítulo 2

“Se você sabe o que tem que fazer, não hesite em fazer. Ao desobedecer às conseqüências podem te pegar de surpresa.”


- Adorei essa noite! – exclamou Jefrey, colocando wisque em seu copo. – Estou tão orgulhoso de você, Anne. Encantou Michael, de primeira.
Minha vontade era de revirar os olhos e mandá-lo ir se fuder. Mas eu sabia perfeitamente a conseqüência que isso me traria, então, resolvi ficar quieta.
Raymonds sorriu pra mim.
- Ao futuro de minha filha, com Michael Jackson! – Raymonds disse, brindando com Jefrey.
- Ele só foi gentil comigo, acho que vocês estão comemorando antes da hora. E isso nem sempre é bom. – falei.
Jefrey olhou pra mim, me repreendendo.
- Ora, Anne, não pense negativamente. Você é rica, bonita, tem um sobrenome forte, Michael seria muito burro se não ficasse com você. – disse ele.
- Michael é um homem bom, ele não ficaria com uma pessoa só por causa do dinheiro dela.
Jefrey gargalhou.
- Michael é um homem esperto, Anne, tão esperto que hoje é nomeado como o Rei do Pop.
- Por causa de seu trabalho, e não porque saiu dando golpes nos outros. Ele tem talento, e o usa para o bem. Enquanto existem pessoas que não tem quase nada, e o pouco que tem, usa para fazer mal aos outros.
Jefrey franziu o cenho, pôs seu copo em cima da mesa e veio andando até a mim.
- O que quer dizer com isso, sua fedelha?
- Você entendeu muito bem o que eu quis dizer.
Ele riu pra mim e então, quando chegou mais perto, apertou meu pescoço com força.
Em questão de segundos, eu estava sem respirar.
- Preste atenção, sua cachorrinha, você sabe muito bem que eu não gosto que fiquem mandando indiretas para mim, então, eu acho melhor você calar essa porra dessa boca, abaixar a merda dessa cabeça e usar toda essa sua beleza para algo útil, ouviu bem? – ele disse.
Eu tentava tirar a mão dele do meu pescoço, me debatia, mas ele não parava de apertar. Tenho certeza que eu já estava ficando roxa, e eu sentia minha cabeça rodar.
Parecia que eu ia morrer.
- Jefrey, já chega! – disse Raymonds, interferindo.
Jefrey olhou pra mim mais uma vez, e então, me soltou.
Caí com força no chão, enquanto tentava respirar, mas o ar machucava minha garganta e fazia meu pulmão doer. Comecei a tossir.
Jefrey saiu da sala e Raymonds veio até a mim. Ele se abaixou e afagou minhas costas.
- Acalma-se, querida, seu tio não fez isso por mal, ele só está bêbado. – ele disse pra mim.
A tossi cessou, e então, respirei um pouco, devagar.
Raymonds me ajudou a levantar, e olhou pra mim:
- Você sabe que seu tio fica nervoso quando falam mal dele, então, por favor, não faça mais isso.
- Por que você sempre abaixa a cabeça pra ele? Deveria se impor, Raymonds, você que é o dono disso tudo, e não ele. – falei.
Ele arqueou uma sobrancelha pra mim, fazendo um cara severa.
- Me desculpe, papai. – eu odiava chamá-lo daquele jeito.
- Assim está melhor. – ele sorriu e passou a mão em meus cabelos. – É uma longa história, Anne, uma história que você não precisa saber. Alias, há muitas coisas que você não deve, saber. – ele falou. – Então, pare de ser curiosa, suba, tome um banho e durma. Amanhã, teremos um jantar importante e você sabe disso.
Suspirei, ele sempre fugia de todos os assuntos.
- Tudo bem. – me afastei e continuei. – Boa noite.
- Boa noite, querida. – ele sorriu pra mim.

***


Já em meu quarto, tomei um banho e me deitei.
Me permiti sorrir um pouco, me lembrando do show de Michael.
Ah, ele era tão lindo e gentil. E aqueles olhos... Aquele olhos negros cheios de desejo só me diziam uma coisa:
Que, talvez, não fosse tão ruim ficar ao lado dele.

***



Londres, Inglaterra.

Albert Sherman estava sentando em sua cadeira, mexendo em seu notebook, controlando suas financias.
Sorriu de lado, aquilo estava indo cada vez melhor.
Nunca imaginou que poderia está onde estava agora. Nunca imaginou, mas sempre desejou. Tinha uma mansão invejável, uma mulher linda, um filho de dois anos e para todos, ele era um homem de sorte.
Talvez fosse mesmo um homem de sorte, até porque, se fosse um cara azarento, com certeza não teria tudo aquilo.
Clicou no link em seu computador e acessou sua conta bancária.
Cem milhões de dólares.
Nem era tanto, para quem tinha muito, mais sempre fazia uma grande diferença quando se era aumentado.
- Cada vez que eu entro aqui, tem mais zeros e zeros e zeros... – ele deu uma gargalhada alta. – Como isso é bom!
Interrompendo seu raciocínio, seu telefone tocou.
- Sim? – atendeu o telefone.
- Albert, como vai, meu amigo?
- Hum... Quem está falando?
- Sou eu, Albert, seu amigo de longa data, Philip McFith. Vai dizer que não se lembra de mim?
Ah, sim... Philip.
- Olá, Philip, como vai?
- Estou ótimo, e precisando de uma ajuda sua!
- Claro... – Albert deu um sorriso. – Em que posso ajudá-lo?
- Você sabe muito bem o que eu procuro, não é mesmo? – ele riu.
É claro que ele sabia.
- Mais isso saí muito caro, e você sabe.
- E você sabe que dinheiro não é problema. – Philip riu. – Quando podemos nos ver?
- Bem, Philip, estamos marcando um encontro, mas não será em Londres, mudamos para Itália. Lá as coisas são bem mais fáceis. – Albert disse, dando um sorriso.
A Máfia Italiana sempre ajudava em algo.
- Ah, sim. E quando será?
- Daqui a dois meses. – Albert disse. – Lhe mandarei uma correspondência, lá vai está o endereço e o convite para a área VIP.
Philip riu.
- Sempre prestativo, Albert.
Albert riu.
- Prepare o bolso, meu amigo, o mercado está muito concorrido.
- Nada que eu não possa resolver. – falou Philip. – Muito obrigado, Albert, sabia que iria me ajudar.
- Sempre que precisar, estarei aqui.
- Sei disso. Um abraço e até lá.
Albert se despediu do amigo e desligou o telefone.
Mais um na lista e isso queria dizer que seus lucros aumentariam.
Sorriu mais uma vez.
Com toda certeza, ele era um cara de sorte.
Capítulo 3

“Em um diário nem sempre se deve escrever todas as coisas; algumas delas devem ficar guardadas somente em seu coração.”


diário escreveu:“Querido Diário.

É estranho o modo como Raymonds respeita Jefrey.
Raymonds é três anos mais velho do que Jefrey, tem mais dinheiro do que Jefrey, mais poder e é sempre mais respeitado, por todos.
Mas Jefrey... Não sei, parece que Jefrey tem um poder sobre ele. Ele sempre manda em tudo, fala o que quer, na hora em que quer, e Raymonds sempre acata qualquer uma de suas decisões.
Eu nunca irei entendê-los.
E pra falar a verdade, eu não quero – tenho muito medo do que posso descobrir.
Ontem foi um dia especial; esse sorriso idiota não quer sair do meu rosto.
Michael Jackson.
Esse era o motivo de meu sorriso. Ele é lindo, charmoso, talentoso... Encantador. Nunca me senti assim por ninguém.. Nunca me apaixonei e sei que não devo e não posso me apaixonar por Michael. Ele não merece uma mulher como eu. Ele é bom demais pra ter ao seu lado uma mulher como eu. Mas, é completamente impossível não ficar balançada com um homem feito ele. Ele era único. Em apenas alguns minutos que fiquei ao lado dele, pude perceber que, ao mesmo tempo em que ele é gentil e educado, ele é quente e eu sentia algo dentro de mim, desejar tudo o que ele pudesse me dar.


- Anne? – escutei Raymonds bater na porta do meu quarto.
Rapidamente fechei meu diário e coloquei debaixo de meu travesseiro. Raymonds proibia que eu tivesse qualquer coisa aonde eu pudesse escrever sobre a minha vida.
- Pode entrar, está aberta. – falei.
A porta se abriu e Raymonds entrou em meu quarto. Ele veio andando até mim, se sentando em minha cama.
- Como está se sentindo? Seu pescoço está doendo?
Balancei a cabeça em negativa.
- Está tudo bem. – falei.
Ele me olhou com mais atenção.
- Você sabe que hoje temos um jantar muito importante, não é?
- Sei, pai... Não vou decepcioná-lo.
Ele deu um sorriso.
- Sei disso, querida. Como também sei que você é encantadora, é completamente impossível que Michael não goste de você.
Assenti e ele se levantou.
- Se você quiser ir ao cabeleireiro, ou fazer compras, fique a vontade, ok?
- Já fui ontem, se esqueceu?
- Sei que você é vaidosa, então, se quiser ir... – ele deixou a frase vaga no ar e deu de ombros. – Vou sair agora e volto mais tarde, tudo bem?
- Jefrey está aí? Se ele estiver, não vou sair do quarto até a hora do jantar. – falei.
Raymonds sorriu.
- Jefrey saiu ontem à noite e até agora não voltou. Só deve chegar na hora do jantar.
- Menos mal... – falei, soltando um suspiro.
Raymonds se aproximou e deu um beijo na minha testa.
- Até mais tarde, querida.
Assenti e ele saiu do quarto, me deixando sozinha.

***


A hora passou rapidamente.
O jantar estava marcado para oito horas, mas as sete e meia eu já estava pronta. Estava muito ansiosa para ver Michael novamente.
Optei em pôr um vestido amarelo, tomara que caia, bem soltinho e uma sapatilha. Não era um jantar de gala, na verdade, era um jantar totalmente informal. Deixei meus cabelos soltos, caindo como cascatas onduladas até a altura dos meus seios e passei uma maquiagem leve.
Me olhei no espelho. Eu não me achava bonita, mas aquele brilho de ansiedade em meus olhos me deixava mais corada, me tirando da monotonia de ser sempre tímida recatada e pálida.
Sorri para a imagem vi no espelho e ouvi batidas na porta do meu quarto.
A figura da Sra. Jones apareceu no batente da porta.
- Anne, seu pai pediu para que você descesse. O Sr. Jackson já chegou.
Me virei pra ela e sorri.
- Já estou indo, Sra. Jones.
Ela assentiu e saiu do quarto, me deixando sozinha novamente. Voltei a me olhar no espelho e disse pra mim mesma:
- Vamos lá Anne, não fique nervosa, lembre-se de ser gentil.
Mordi os lábios e soltei um suspiro nervoso, me virando e seguindo até a porta. Saí de meu quarto e fui andando pelo imenso corredor, quando cheguei perto da escada eu já podia escutar a voz de Michael, de Raymonds e de Jefrey. Desci as escadas e fui em direção a sala. Jefrey foi o primeiro a me ver.
- Olá, Anne, querida. Está lindíssima. – ele disse dando o seu melhor sorriso.
Michael se virou e assim que me viu, sorriu pra mim.
Foi impossível não retribuir o seu sorriso.
Ele veio até a mim, pegou minha mão e a beijou. Logo depois me puxou delicadamente para um abraço.
- Jefrey tem razão. Você está linda, Anne. – ele sussurrou em meu ouvido.
Senti um arrepio involuntário perpassar minha espinha.
Ele me soltou de seu abraço e olhou pra mim.
- Obrigada, Michael. Você é muito gentil. – falei, sorrindo.
- Só falei a verdade. – ele se voltou para Raymonds. – Você é muito sacana, Raymonds!
Raymonds o olhou sem entender.
- Por que, Michael?
- Ainda pergunta o por quê? Por que deixou sua filha escondida de mim durante todo esse tempo? Isso é pecado, Raymonds. – ele disse, em tom de brincadeira.
Senti minhas bochechas queimarem. Raymonds gargalhou.
- A deixei escondida porque sabia que ia ter vários gaviões em cima da minha menina.
- Está totalmente certo. – Michael disse, passando seu braço por meus ombros. – Mais uma hora vai ter que deixá-la voar, não é?
- Sim... – Raymonds disse. – Mais ainda estou me preparando psicologicamente pra isso.
- Pelo o que estou percebendo, já tem um gavião em cima de sua filha, Raymonds. – disse Jefrey.
- Estou percebendo isso! – disse Raymonds. – Michael, Michael... Não se engrace pra cima de minha filha. – no final, ele sorriu.
Michael sorriu e olhou pra mim.
- Anne está ficando envergonhada. Vamos mudar de assunto, por favor? – ele pediu, sorrindo.
Raymonds e Jefrey sorriram e a Sra. Jones entrou na sala.
- O jantar está servido, Sr. Moore.
Capítulo 4

“Seja uma pessoa doce. Seja uma pessoa culta. Não... Seja, simplesmente, você mesma.””


Michael ainda estava com seu braço em meu ombro, quando nos dirigimos para sala de jantar. Eu me sentia segura ali, com seu braço envolta do meu pescoço e seus dedos acarinhando gentilmente o meu braço, um pouco abaixo de meu ombro.
Raymonds se sentou na ponta da mesa, Jefrey se sentou a seu lado direito e Michael arrastou uma cadeira pra eu sentar, no lado esquerdo da mesa, agradeci e ele se sentou do meu lado.
O jantar foi servido e todos começaram a conversar amigavelmente, às vezes eu opinava em alguma questão, às vezes somente prestava atenção no que eles falavam.
Cada hora eles falavam em uma coisa, às vezes era sobre a turnê de Michael, logo depois era sobre a Sony e então, a conversa mudou totalmente de rumo, e assunto agora era sobre mim.
- Anne tem somente vinte anos, mas é uma das mulheres mais inteligentes que já conheci. E não digo isso só porque ela é minha filha, ela realmente é inteligente e me orgulho demais disso. – disse Raymonds, sorrindo.
Michael olhou pra mim e logo depois olhou de novo para o meu pai.
- Tenho certeza que se orgulha, Raymonds. – disse Michael.
- Ele é um pai babão, Michael. Não liga! – disse Jefrey.
- Isso está ficando um pouco constrangedor... Podemos mudar de assunto? – perguntei.
Michael sorriu.
- Ela tímida... – Raymonds disse.
- Mais tem de se acostumar com elogios. Está no mundo de seu pai agora, sempre vão te elogiar. – disse Michael, olhando pra mim.
Sorri pra ele e os empregados começaram a tirar os pratos de sobremesa.
Jefrey olhou pra mim.
- Anne, por que você não amostra a sua biblioteca para Michael?
- Você quer conhecer? – perguntei a Michael.
- Adoraria! – ele respondeu, sorrindo.
Me levantei da mesa pedindo licença e Michael me acompanhou.
Subimos as escadas e fomos em direção a terceira porta de segundo andar.
- Ainda não está totalmente pronta, estou a procura de mais livros, mas literatura inglesa, de autores antigos, é muito difícil de achar.
- Realmente é difícil... – ele disse.
Assenti e abri a porta entrando e sendo seguida por Michael.
Ele olhou tudo, desde os sofás claros e as poltronas, até as enormes prateleiras repletas de livros.
- Nossa... – ele disse.
Sorri.
- Tenho que completar aquela prateleira ali... – falei, apontando pra última prateleira ao lado esquerdo.
A única que estava vazia.
- É ali que você vai colocar os autores antigos? – perguntou-me Michael.
- Sim... Nesse momento, eu só tenho poucos livros, como o original de “Romeu e Julieta” de Shakespeare.
- Você tem o original? Digo... O primeiro livro?
- Sim. Ganhei em um sorteio que aconteceu na minha faculdade.
- Nossa...! Você é uma menina de sorte. – ele disse.
- Não me acho uma menina de sorte. – comentei, indo até a prateleira e pegando o livro. – Mas, nesse dia em especial, com certeza a sorte estava ao meu lado.
- Bem, se eu fosse você, não falava isso. Você é linda, rica, filha de um cara importante e respeitado... Muitas pessoas adorariam está no seu lugar.
- Hum... Pode ser. Aqui está o livro. – falei, querendo mudar de assunto.
Ele pegou o livro de minhas mãos e o olhou.
- As páginas estão bem gastas e amareladas, mas dá pra ler.
- Tem noção da raridade que você tem nas mãos? Deus, se isso fosse vendido, com certeza valeria uma fortuna. – ele disse.
Sorri e assenti.
- Mas um bom livro, na realidade, vale muito mais do que milhões. – falei.
- Você está completamente certa! O conhecimento é a base de tudo. – falou, olhando pra mim. – Você tem que ir até Neverland, conhecer minha biblioteca, tenho certeza que vai amar.
- Eu adoraria conhecer.
Ele me entregou o livro e eu o coloquei de volta na prateleira.
- Você quer ir até Neverland amanhã? Quer dizer, se você não tiver mais nada pra fazer, não quero atrapalhar seus planos. – ele disse, ficando tímido aparentemente tímido, mas seu olhar estava repleto de ansiedade.
- Que isso, Michael, não vai me atrapalhar em nada. Eu fico aqui o tempo todo, sem nada pra fazer. Quando saí de Los Angeles, não deixei nenhum amigo, então... – deixei a frase vaga no ar. – Será um prazer ir até a sua casa.
- Oh, isso é ótimo! – ele exclamou feliz.
Michael abriu a boca para falar mais alguma coisa, mas as batidas na porta o impediu de continuar. Logo a figura imponente de Raymonds adentrou a biblioteca.
- Não quero atrapalhar nada, mas, venham tomar um café conosco. – disse ele.
Michael olhou em seu relógio de pulso e logo depois olhou para Raymonds.
- Eu gostaria muito de ficar, mas já está tarde e a viajem até Neverland é longa.
Senti uma pontada de decepção tomar meu coração.
- Ah... Você já vai? – perguntei.
- Sim... – ele murmurou, parecendo triste, mas logo depois sorriu. – Ray, convidei Anne para ir até Neverland, amanhã.
Raymonds sorriu.
- Jura? – perguntou. – Você vai adorar, querida, lá é lindo. Bem, vou deixar vocês se despedirem.
Raymonds saiu da biblioteca e Michael chegou mais perto de mim, tomando minhas mãos nas suas.
- Que pena que você tem que ir... – falei.
- Sim, é uma pena... Mas amanhã nós vamos nos ver, isso que é importante. – falou, sorrindo.
Michael levou minhas mãos até os seus lábios, primeiro a direita, depois a esquerda.
- Me acompanha até a saída? – perguntou.
Assenti, dando um sorriso e saímos da biblioteca.
Michael se despediu de Raymonds e Jefrey e saímos da casa principal. Paramos em frente ao seu carro.
- Então... Até amanhã. – falei
Ele chegou perto de mim e me abraçou, pude sentir o seu cheiro e me senti entorpecida.
- Até amanhã, Anne.
Ele deu um beijo em meu rosto e então, entrou no carro.
Abaixou o vidro e olhou pra mim, soprando-me um beijo. Soprei outro pra ele e só voltei para casa quando vi seu carro atravessando os imensos portões da mansão de Raymonds.
- Então, quer dizer que tem um encontro amanhã, Anne? – perguntou Jefrey com seu costumeiro sorriso idiota nos lábios.
- Não é um encontro. – falei.
- Ah, é sim...
- Jefrey, deixe-a em paz. – disse Raymonds rindo também.
Suspirei.
- Bem, vou me deitar. Boa noite.
Subi as escadas, ainda escutando as risadas deles.
Mas não liguei. Eu estava feliz e entusiasmada de um jeito que não ficava a muito tempo. Sorri, me sentando em minha cama e pensando em como seria amanhã, na casa de Michael.
Tomara que dê tudo certo.
 
Capítulo 5

“Pra um romance nascer, deve haver, primeiramente, conversa, companheirismo, amizade e um beijo.”


Acordei, sentindo os raios de sol bater em meu rosto.
Sorri, lembrando-me de meu compromisso.
Levantei e olhei em meu relógio digital que ficava na mesinha de cabeceira; ainda eram oito horas da manhã, havia acordado cedo demais, então, decidi ler um pouco.
Mais o sorriso de Michael não saia de minha mente, me impedindo de prestar atenção nas linhas do livro. Suspirei e me levantei. Raymonds havia me dito que seu motorista me levaria para Neverland as meio dia em ponto.
Mas a ansiedade corria minhas veias como ácido.
Resolvi tomar um banho e me arrumar.
E que a hora passasse bem depressa, porque a minha vontade de sair daquela prisão e senti os lábios de Michael em minhas mãos gritava dentro de mim.

***


- Está linda, Anne, assim Michael vai se apaixonar depressa. – escutei Jefrey dizer.
Desci as escadas e ele parou na minha frente.
- Não vai me responder, querida?
- O que é que você quer que eu fale? – perguntei.
- Um simples “obrigado”, seria ótimo. – ele disse, sorrindo. – Até porque, se você está conhecendo Michael, é por minha causa.
- Não é por sua causa, Jefrey, pelo o que eu saiba, o executivo da Sony é o Raymonds e não você.
Ele franziu o cenho.
- Você está ficando muito abusada, Anne. Esqueceu o que eu posso fazer com você? – perguntou com um tom ameaçador.
Senti um arrepio de medo perpassar minha espinha.
- Como eu poderia me esquecer, se você faz questão de dizer isso a cada segundo?
- Então, acho que não preciso falar de novo, não é?
- Não. Não precisa.
- Boa garota. – ele sorriu e pôs dois dedos em meu queixo, fazendo-me olhar em seus olhos frios. – Agora vá lá, e dê o seu melhor. Mostre-me que é útil para alguma coisa.
Ele saiu da minha frente e foi em direção a cozinha. Suspirei e engoli em seco. Passei as mãos pela minha camiseta e pelo meu short, sentindo a ansiedade e a alegria sair de mim, evaporando pelos meus poros.
Jefrey sempre foi capaz de tirar qualquer brilho de meus olhos.
Respirei fundo e mordi o lábio, saindo da casa de Raymonds e encontrando o motorista do lado de fora. Ele abriu a porta do carro pra mim e eu lhe dei um sorriso de educação, murmurando um obrigado. O motorista deu partida no carro e fui da casa de Raymonds até Neverland, pensando se, ao ver Michael, eu me esqueceria de todos os meus problemas, como aconteceu ontem à noite.
Eu esperava que sim.

***


Uma hora e dez minutos depois, pude ver os portões de Neverland sendo abertos, para que o motorista de Raymonds pudesse adentrar com o carro.
Olhei tudo em volta, curiosa e encantada. Aquele lugar era... Maravilhoso. Logo o sorriso voltou aos meus lábios, parecia que aquele lugar era mágico, porque todos os meus pesadelos ficaram do lado de fora daqueles portões.
Mais tudo ficou ainda melhor e mais intenso quando vi Michael. Ele estava lindo, usando uma calça social e um blusão vermelho, com o seu famoso chapéu repousando sobre sua cabeça.
O carro parou e ele fez um gesto para que o motorista não saísse. Ele veio até o carro e abriu a porta do banco traseiro, estendendo sua mão, a segurei e sai do carro.
- Pensei que não vinha mais. – ele disse sorrindo e levando minha mão até os seus lábios.
Eu gostava quando ele fazia aquilo.
- Você achou mesmo que eu não viria? Fiquei contando os segundos para chegar aqui! – falei, sorrindo. – Isso aqui é incrível, Michael. Está de parabéns.
- Obrigado. – ele sorriu. – Venha antes de eu te amostrar tudo, quero que conheça minha biblioteca...
Assenti e ele segurou minha mão, indo em direção a casa principal. Entramos, passamos pela sala, e entramos em um corredor até pararmos em frente a uma porta.
- Espero que goste. – falou.
Michael abriu a porta e eu vi um mundo de livros dentro daquele cômodo enorme.
- Nossa! – falei, olhando para todos os lados, vendo as prateleiras repletas de livro que iam do chão ao teto. – Isso é demais, Michael.
Olhei pra ele, boquiaberta e ele sorriu.
- Sabia que você ia gostar.
- É impossível não gostar! – falei. – Mas, será que cabe mais livros nesse lugar? – perguntei.
- Sempre cabe mais um. – ele disse.
Olhei pra ele e sorri.
- Então, eu quero que você arrume um cantinho bem especial pra colocar mais esse daqui. – falei, tirando o original e “Romeu e Julieta” e dando pra ele.
- O que? Oh meu Deus, Anne, é o original de “Romeu e Julieta”!? – ele balançou a cabeça. – Eu não posso aceitar.
- Por que não?
- Porque é seu. Você ganhou e eu sei que é muito especial pra você.
- Por isso mesmo que estou lhe dando. Esse livro é especial, e você é especial pra mim, Michael. Por isso quero que o aceite, é um presente especial, para uma pessoa especial. Vocês se combinam.
- Anne, eu... – ele balançou a cabeça novamente e sorriu. – Eu nem sei o que dizer.
- Não precisa dizer nada, é só cuidar muito bem dele. – falei, lhe entregando o livro.
Ele pegou o livro de minha mão e me puxou para um abraço.
- Obrigado por isso. Você também é muito especial pra mim. – sussurrou em meu ouvido.
Apertei mais sua cintura entre meus braços e ele beijou meu ombro.
- De nada, Michael.
Afastamo-nos e ele colocou o livro na prateleira.
- Pode deixar que vou cuidar dele com muito carinho. – falou.
- Eu sei que vai.
Ele olhou pra mim por um tempo e logo depois sorriu.
- Venha agora eu vou te amostrar a minha casa.
Segurei a mão que ele me estendia e começamos a andar, um ao lado do outro. Ele disse que iria, primeiramente, me amostrar o lado de fora de sua casa, quando saímos da casa principal eu dei uma olhada em volta.
- Tem certeza que dá pra conhecer tudo isso aqui em um dia? – perguntei
- Tudo eu acho que não. – ele riu. – Mas eu vou te amostrar as partes mais importantes.
- Mas depois eu vou querer conhecer tudo. – falei.
- E você vai. – ele disse.
Começamos a andar pelo rancho e de longe, era possível ver a roda gigante. Era um lugar incrível, impossível de descrevê-lo em palavras. Continuamos a andar e conversar, poderia fazer aquilo para sempre e não me cansaria.
Continuamos a andar mais um pouco e chegamos a uma árvore gigante.
- Uau... Que linda, Michael. – falei, olhando pra cima e vendo a altura dela.
- É a minha árvore da sorte. – ele disse.
Virei-me pra ele e o olhei, incrédula.
- Não brinca? Você também tem uma árvore da sorte?
- Também? – ele perguntou confuso. – Você tem uma árvore da sorte?
- Tenho sim. – falei, me lembrando de uma época que me parecia bem distante.
Tão distante, como se eu não tivesse vivido aquilo.
- E onde ela fica? Na casa de Raymonds?
- Não... Fica em Londres.
- E por que ela te deu sorte?
Abri a boca, mas logo depois a fechei. Infelizmente, eu não podia contar a verdade pra ele. Acho que eu estava falando demais.
- Porque, eu estava em cima dela, pensando que seria maravilhoso se eu ganhasse o original de Shakespeare. E no dia seguinte, eu o ganhei. – menti, forçando um sorriso.
- Jura? – perguntou. – Que maravilha, Anne!
Sorri.
- E ela... – aprontei pra árvore. – Por que te dá sorte?
- Ela me dá sorte, me dá paz, me dá inspiração... Foi em cima dela que eu escrevi várias de minhas músicas, e felizmente, elas fazem sucesso. – ele disse, sorrindo.
- Nesse caso, eu não sei quem tem mais sorte. Você, por ter inspiração em cima dela, ou ela, por dá inspiração e sorte a Michael Jackson. – brinquei. – Disputa acirrada!
Ele riu.
- Quer subir? – perguntou.
- Claro!
Tirei minhas sandálias e Michael tirou seus sapatos ficando somente de meia. Ele subiu primeiro e logo depois me ajudou a subir, fui seguindo-o e logo chegamos ao topo da árvore, nos sentamos em um tronco bem grosso, um ao lado do outro.
- Olha que ela vai passar sua sorte pra mim, hein! Tome cuidado. – falei.
Ele olhou pra mim e riu.
- Ela não me trairia desse jeito. O máximo que ela pode fazer é dividir a sorte pra nós dois.
Sorri e olhei a paisagem. De cima aquele lugar era mais lindo.
- Ainda estou impressionada com a beleza desse lugar. – falei.
- Nada se compara a você. – ele disse.
Eu o olhei surpresa.
- Não precisa mentir pra me agradar, Michael. Eu sei que eu não sou bonita.
- Está brincando, não é? – ele perguntou, incrédulo. – Anne, você é a mulher mais linda que eu já vi em toda a minha vida.
- Ah, Michael, por favor... – falei.
Mas ele me interrompeu, pondo dois de dedos em meu queixo, fazendo-me olhar em seus olhos.
- Estou falando a verdade, Anne. Você é linda, perfeita. Tanto por fora, como por dentro. Você é inteligente, romântica, delicada, educada... A lista é enorme.
- Você está me deixando envergonhada, Michael... – falei, sorrindo pra ele.
Tinha certeza que eu estava vermelha.
- Não se sinta. – ele aproximou o rosto do meu.
Michael passou as pontas de seus dedos desde o meu queixo e foi subindo por minha bochecha, até passar em meus lábios e ir para o meu queixo novamente.
Eu me sentia hipnotizada por ele. Nunca nenhum homem chegou tão perto de mim, como ele estava. Ninguém nunca havia me tocado, como ele estava tocando. Mas era uma sensação maravilhosa, ele me olhava como se pudesse ver a minha alma. E eu gostava disso.
Ele foi se aproximando mais e só parou quando seus lábios estavam a centímetros dos meus.
- Me deixa te mostrar, o quanto és linda pra mim. – ele sussurrou.
E então, seus lábios tocaram os meus.
 
Capítulo 6

“O primeiro beijo é sempre o mais doce. E o que sempre deixa o gostinho de quero mais.”


Michael acariciou seus lábios nos meus e logo depois pôs seus lábios entre os meus, sugando meu lábio inferior. Em seguida, senti sua língua pedindo passagem entre meus dentes e eu abri minha boca, seguindo um instinto que nem mesmo sabia que existia em mim.
Aquele era o meu primeiro beijo e a um segundo atrás, eu realmente não sabia o que fazer. Mas agora, parecia que eu já tinha feito aquilo. Senti a língua de Michael acariciando a minha, e me atrevi a fazer o mesmo, e ele pareceu gostar. Michael pôs sua mão esquerda em meu rosto, e eu pus a minha mão direita em sua nuca, o puxando mais pra mim. Eu não queria que aquilo acabasse jamais. Uma sensação estranha nascia dentro de mim, invadindo meu coração e entorpecendo o meu corpo com um calor descomunal. Eu sentia minha intimidade pulsar.
Michael acariciou meu rosto, e sugou novamente o meu lábio inferior, logo depois me deu vários selinhos.
Ele esfregou o seu nariz no meu e então, olhei pra ele, vendo um par de olhos negros me fitando.
- Isso foi... – sussurrei, pensando na palavra certa. – Maravilhoso.
Ele sorriu.
- Sim. – ele se afastou um pouco, mas seu rosto ainda estava a centímetros do meu. – Nossa, nós nos conhecemos a tão pouco tempo... Me desculpa, Anne, você deve está pensando que eu sou um pervertido, mas eu simplesmente não consegui resistir.
- Não precisa se desculpar, Michael. Não estou pensando nada disso de você, isso que aconteceu agora foi perfeito.
Ele se reaproximou de mim, seus lábios quase encostando os meus.
- Isso quer dizer que... Podemos repetir isso sempre? – perguntou.
Ele tinha a voz rouca, e seus olhos transbordavam ansiedade e desejo.
Abri a boca para responder, mas ele me interrompeu:
- Eu quero conhecer você, Anne. – ele mordeu o lábio inferior. – Você pode pensar que estou indo rápido demais, porém, eu desejo você, desejo como amiga e como mulher e quero muito conhecer esses dois lados existentes em você. Me dê essa oportunidade, por favor?
O que eu poderia dizer? Eu me sentia exatamente como ele. Meu corpo implorava para ter seus lábios nos meus novamente e meu coração me dizia que eu estava indo pelo caminho certo; mesmo que minha mente dissesse o contrário e me massacrasse pelo o que eu estava prestes fazer com Michael.
- Eu também quero conhecer você, Michael. – falei, sorrindo. – E isso quer dizer, que podemos repetir esse beijo sempre.
Michael soltou a respiração e sorriu pra mim.
- Prometo que você não vai se arrepender... – sussurrou.
Seus lábios encostaram-se aos meus novamente e todo o meu corpo entrou em alerta. Suas mãos pousaram em minhas coxas e ele me acariciou ali devagar e eu me segurava para não pular em cima dele. Porque era exatamente aquilo que eu queria fazer naquele momento.
Descemos da árvore e Michael começou a me apresentar o seu rancho. Ele me levou ao parque, ao zoológico e quase a todo o momento ele me puxava para um beijo. Aquilo era tão novo pra mim, eu sorria que nem uma boba todas as vezes que ele me olhava e ficava prestando atenção em cada palavra que saia de sua boca. Nós conversávamos e nos beijávamos, e logo depois tudo se repetia novamente.
Neverland era linda. Um lugar maravilhoso, aonde qualquer pessoa em sã consciência conseguiria se sentir em paz. Eu não tinha a mínima vontade de ir embora dali, era como um refúgio, aonde você se escondia de todos os seus pesadelos e tormentos. Michael era a alma daquele lugar, aonde ele passava, parecia que tudo ficava ainda mais belo.
Ele era Neverland e Neverland era ele. Eles se completavam.
A tarde passou rapidamente e logo o anoitecer se fez presente, indicando que estava na hora de eu voltar pra casa.
Confesso que não queria ir – pra mim já era completamente inaceitável sair daquele lugar maravilhoso e ficar longe de Michael – mas eu sabia que tinha que ir. Não queria que Jefrey ficasse de graça, logo no primeiro dia em que conheci, realmente, o famoso Michael Jackson.
- Eu não quero que você vá... – Michael disse, quando paramos em frente ao carro que me levaria para casa de Raymonds.
- Também não quero ir. – falei, sorrindo.
- Então fique! Posso ligar para Raymonds e pedir, creio que ele não vai impedir.
- Eu acho melhor não, Michael, o que ele vai pensar de nós? Nos conhecemos hoje e eu já vou dormir na sua casa... Não acho isso legal. – falei.
Ele suspirou e por fim, sorriu.
- Você está certa. Estou indo com muita sede ao pote e eu já consegui muito por hoje, não é mesmo? – ele riu e passou os dedos pelos meus lábios.
- Verdade, mocinho. Vamos com calma! – brinquei.
Ele sorriu e se aproximou de mim, colando seus lábios nos meus. Foi um beijo terno e gostoso, e confesso que eu quase revelei a idéia de dormir na casa dele.
- Eu tenho que ir... – sussurrei.
- Eu sei. – ele respondeu. – Quero te fazer um convite.
Franzi o cenho e ele continuou:
- Eu queria saber se você pode ir comigo, amanhã, em um leilão beneficente... – ele mordeu o lábio e aguardou minha resposta.
- Nossa! – exclamei. – Tem certeza que quer me levar?
- Não vejo pessoa melhor.
- Eu adoraria, Michael. É claro que vou. Na verdade, temos que falar com Raymonds...
“E Jefrey” – pensei.
- Isso não é um problema, eu ligo pra ele e pergunto. – ele disse.
- Então, tudo bem. – falei sorrindo. – Agora eu tenho mesmo que ir. Adorei passar essa tarde com você, Michael.
- Eu gostei ainda mais e espero repetir isso muitas e muitas vezes! – ele falou, sorrindo pra mim. – Antes de você ir, posso ganhar mais um beijo?
Sorri. Ele sabia ser gentil e atrevido, e acho que essa era uma das coisas que eu mais gostava nele.
Assenti e ele me beijou novamente, e depois de novo e de novo...

***


- Quem era a menina, Michael? – Bill Bray perguntou.
Bill era o chefe de segurança e amigo de Michael desde a época de Thriller. Ele considerava Michael como um filho e sempre ficava por perto, tomando conta de cada um de seus passos. Ao vê-lo com Anne, ficou uma pulga atrás da orelha, ele sabia que há muito tempo Michael não tinha certo tipo de intimidade – ou parecia não ter – com uma mulher, e vê-lo aos beijos com Anne o assustou um pouco.
E no fundo, ele tinha achado a menina bem estranha.
- Era uma amiga. – Michael respondeu, sorrindo.
- Amiga? Liz é sua amiga também, e eu não o vejo aos beijos com ela por todos os cantos da casa. – Bill fala e ri no final. – É sua namorada?
- Ainda não, mas vai ser.
- E posso saber de onde é que a linda moça surgiu?
- Ela é filha de Raymonds.
- Raymonds Moore? – Bill perguntou. Michael assentiu e ele continuou: - Então ele tem mesmo uma filha? Eu sempre ouvi o boato de que ele tinha uma filha, mas pensei que eram só rumores. Não sabia que era verdade.
- Eu também não levava muita fé de que ele realmente tinha uma filha, mas ele tem. Graças a Deus por isso, alias. – Michael ri.
- Hum... Eu não confio muito no Raymonds, Michael, no irmão dele então...
- Raymonds é meu amigo, Bill. Jefrey realmente não tem um bom caráter, isso é notável, mas ele nunca fez nada de mal pra mim e creio que nunca fará. E Anne não tem nada haver com que o tio faz ou deixa de fazer, ela quase não conviveu com ele, sempre estudou fora do país, ou seja, não tem tanto contato com ele. Talvez ela nem desconfie do caráter do tio.
- Ou talvez ela saiba do caráter do tio e seja igual a ele... – Bill pareceu refletir.
Mas Michael o interrompeu.
- Não julgue as pessoas sem conhecer, Bill. Anne é um doce de menina, boa, educada e linda. Ela não é igual a Jeffrey.
Bill suspirou.
- Tudo bem, Michael, me desculpe. É mal da minha profissão, você sabe, sempre julgo o caráter da pessoa antes de conhecer. Espero que essa menina seja mesmo uma boa pessoa. E que vocês sejam felizes juntos.
Michael sorriu.
- Sei como você é, Bill, sempre me protegendo. Mas dessa vez me deixe caminhar sozinho, quero conquistar Anne e acho que pra isso eu não preciso da ajuda de ninguém, exceto de Deus, é claro.
Bill sorriu e resolveu mudar de assunto. Talvez Michael tivesse mesmo razão... Não era porque Anne era sobrinha e filha dos Moore, que ela teria o mesmo caráter que eles.

Capítulo 7

“Ela está boba. Ela está feliz... Ela está prestes a se apaixonar.”


Eu não conseguia tirar o sorriso do rosto desde que entrei no carro. Era incrível, porque há muito tempo eu não sorria assim. Pra falar a verdade, nem me lembro qual foi à última vez que sorri com tanta facilidade e alegria. Está com Michael era uma coisa muito nova pra mim. Eu nunca tinha deixado um homem se aproximar tanto, na faculdade, só não zombavam de mim por eu ser filha de um cara importante, mas eu via muitos meninos rirem de mim me chamando de estranha porque eu simplesmente não gostava de sair pra me divertir, ou não dava pro time inteiro de Futebol Americano da escola. Nunca liguei pra eles, e sempre gostei de ficar sozinha, escrevendo e lendo, por isso – e entre outras coisas – nunca tive um namorado, nunca tinha beijado na boca antes e agora...
Agora eu estava me sentindo completamente segura para fazer o que fiz hoje à tarde e para dar continuidade ao que estava fazendo. Michael era gentil, doce, educado, atrevido e sensual, um conjunto de coisas que eu sempre sonhei em um homem, acho que só faltava ele ter um cavalo branco, mas isso era apenas um detalhe. A perfeição estava nele e no que ele me fazia sentir e não no que ele tinha.
Cheguei em casa e sala estava toda escura, mas a luz do escritório de Raymonds iluminava parcialmente o corredor que dava acesso a escada.
Eu ia subir direto para o meu quarto mas o escutei falando algo no telefone que me chamou a atenção.
“- Então, você quer levar minha filhinha a um leilão, Mike?”
Parei no segundo degrau e mordi o lábio em expectativa, ele ficou alguns segundos em silêncio e logo depois disse:
“- Hum... Está tudo bem, meu amigo, eu confio em você! – ele riu e continuou. – Mais não a deixe sozinha por nenhum segundo, ok? Anne não está acostumada com esse tipo de festa, e terá muitas pessoas conhecidas, com certeza vão querer se aproximar dela, então, cuide de minha menina, certo?”
Mais um momento de silêncio e novamente pude escutar sua voz:
[i]
“- Então está bem, já que cuidará dela, pode levá-la com você... Sim, Anne é um doce de menina, e sei que você está interessado nela, não é mesmo?[/i] – ele riu e esperou um pouco. Logo depois voltou a falar: - Faço gosto desse relacionamento, Michael, você é um bom rapaz. Mas, vai com calma com a Anne, certo? Ela ainda é muito nova e inocente.”
Arregalei os olhos e prendi a respiração. Eu iria à festa com Michael! Aquilo era demais!
“- Bem, eu confio em você. Mas quero Anne em casa antes de duas da manhã, certo? – Raymonds disse com seu tom autoritário e continuou: - Tudo bem, então, até amanhã Michael, fique bem...”
Soltei o ar que estava prendendo e respirei fundo. Raymonds havia me deixado ir à festa com Michael. Acho que não cabia tanta felicidade dentro de uma pessoa só! Abri mais meu sorriso e resolvi ir até o escritório de Raymonds, como quem não quer nada, só para falar que eu cheguei; sabia que ele me falaria da festa e eu estava curiosa para saber se ele estava mesmo contente com o meu “relacionamento” com Michael. Raymonds sempre foi muito protetor e ciumento, era quase um milagre vê-lo tão calmo daquele jeito, tendo um homem olhando para sua filha.
- Oi... – falei, aparecendo na porta do escritório. – Vim falar que cheguei e lhe desejar uma boa noite.
- Olá, querida. Venha aqui, me dê um abraço. – ele se levantou da cadeira e abriu seus braços.
Hesitei um pouco; aquilo era realmente muito estranho. Raymonds nunca foi de tocar tanto em mim e eu agradecia a Deus por isso. Por que será que agora ele queria me abraçar?
Mordi o lábio e fui até ele, lhe dei um abraço tímido e ele me apartou em seu peito.
- Você cresceu tão rápido, Anne... Parece até que foi ontem que eu te vi pequena, com somente onze anos... Foi com essa idade que você foi estudar fora, lembra? – ele disse.
Engoli em seco. Eu odiava falar do passado.
- Lembro... – murmurei.
Ele me soltou de seus braços e me olhou.
- Você está feliz? – perguntou.
Franzi o cenho sem entender sua pergunta.
- Como assim?
- Quero saber se está feliz com a vida que tem, Anne. Isso é muito importante pra mim. – ele suspirou e acarinhou o meu rosto. – Eu sou o seu pai e me importo muito com você.
Me afastei um pouco e olhei pra ele, no fundo de seus olhos. E ele estava sendo verdadeiro, existia preocupação em seu olhar.
- Eu estou feliz, pai... – murmurei.
Ele sorriu.
- Seus olhos estão brilhando... Acho que nunca os vi brilhando tanto. Está apaixonada?
Abri a boca e fechei. O que eu iria dizer? Aquela conversa estava tão estranha, nunca conversei com Raymonds sobre paixão, namorado ou qualquer coisa relacionada a isso; e não seria agora que eu iria conversar.
- Hum... Não sei, pai. Ah, eu não quero falar sobre isso! – dei um sorriso tímido e senti minhas bochechas ficarem quentes.
Raymonds soltou uma risada e logo depois me olhou.
- Tudo bem, eu sei que é estranho conversar sobre isso com o seu velho pai... Mas se quiser falar algo... Estou aqui, certo? – assenti e ele continuou: - Michael me ligou, ele me disse que te convidou pra ir a um leilão beneficente com ele amanhã, é verdade?
- Sim... Eu posso ir? – perguntei, como se já não soubesse a resposta.
- Claro que pode. Michael gosta muito de você, Anne, ele me disse isso pelo telefone... Me disse que você é linda e educada, um doce de menina. Ele também é um bom rapaz e eu faço gosto que você namore com ele.
- Jeffrey também, não é? – perguntei em um tom irônico.
- Não ligue para Jeffrey, Anne. Ele é ambicioso, enxerga cifras em qualquer coisa. Pense somente em você e em seu coração, pois é somente isso que importa.
- Mas ele me diz tanta coisa, pai... – murmurei.
Ele me olhou com atenção.
- O que ele diz? – perguntou.

“E se disser qualquer coisa a Raymonds, eu acabo com você e com eles em dois tempos, ouviu bem?!” – a voz de Jeffrey gritou em minha mente.

Balancei a cabeça e disse:
- Não é nada, ele diz o mesmo de sempre, que eu tenho que obedecê-lo e... Você sabe o resto. – falei.
- Isso não importa, Anne. É como eu disse antes, é só você e seu coração que importam. O resto é resto. – ele disse. – Agora vá se deitar, minha querida. Você deve ter tido um dia cheio hoje.
- Certo... – falei. – Boa noite, pai.
- Boa noite, querida.
Suspirei e fui para o meu quarto. Meu pai não mostrou nenhum tipo de resistência no meu relacionamento com Michael... Talvez, poderíamos ter um futuro.
Por mais que minha vida fosse difícil, eu não queria impedir meu coração de se apaixonar por Michael.
Mesmo sabendo que era exatamente isso que eu tinha que fazer.

***


Me olhei novamente no espelho.
Sorri para a imagem que via refletida e mordi o lábio, acima de tudo eu estava muito nervosa.
Ouvi batidas na porta e logo depois a figura da Sra. Jones apareceu.
- Anne, Sr. Jackson chegou e está a sua espera. – ela disse.
- Tudo bem. – falei e me virei pra ela. – Sra. Jones.
- Sim?
- Eu estou... – fechei os olhos a fim de controlar o nervosismo e continuei – Estou bonita?
Ela me olhou de cima a baixo e por um instante me arrependi de ter perguntado aquilo. Sra. Jones era muito observadora e rígida, mas acima de tudo, era sincera. E eu fiquei com medo de sua resposta.
- Você está linda, Anne. – ela disse e vi um vestígio de sorriso em seu rosto.
- Jura? – perguntei.
- Sim, creio que o Sr. Jackson ficará encantado. – falou.
Sorri e ela pediu licença, saindo de meu quarto.
Me olhei novamente no espelho, me sentindo mais segura depois do que a Sra. Jones havia falado.
Espero que ela esteja certa. Que Michael fique encantado comigo.
 
Capítulo 8

“Um sorriso pode te iluminar. Um sorriso dado a alguém você goste pode te modificar.”


Desci as escadas e vi Michael conversando com Raymonds e Jeffrey. Eles riam de algo e não prestaram atenção em minha presença. Melhor assim, se Michael me olhasse enquanto eu descesse, era capaz de eu cair das escadas e isso seria muito constrangedor.
- Olá... – falei, chamando a atenção deles.
Jeffrey me olhou de um jeito estranho. Raymonds sorriu orgulhoso e Michael me olhou de cima a baixo sem disfarçar. Quando alcançou os meus olhos ele me deu um sorriso malicioso e mordeu o lábio inferior de um jeito sensual.
- Você está... Perfeita! – Michael disse.
- Obrigada... – sorri sentindo meu rosto esquentar.
- Está linda, querida. – Raymonds disse.
Jeffrey assentiu pra mim como se estivesse concordando com todos; mas eu sei muito bem o que aquele aceno queria dizer.
- Podemos ir? – Michael perguntou.
- Claro... – murmurei, olhando pra ele.
Michael segurou minha mão e se virou para Raymonds:
- Muito obrigado por deixá-la ir, Ray... – disse.
- De nada, Michael. Cuide de minha filha.
- Vou cuidar... – ele disse e sorriu pra mim.
Saímos de casa e entramos em seu carro, assim que o motorista deu partida e a janelinha de comunicação se tapou, Michael me olhou e sorriu.
- Não precise ficar nervosa, tudo bem? É uma festa como qualquer outra.
- Eu não estou nervosa. – e realmente não estava. – Você estará comigo, Michael, sei que nada de ruim pode me acontecer.
Ele mordeu o lábio e se aproximou de mim. Colocou uma mecha de meu cabelo pra trás de minha orelha e disse:
- Então você confia em mim, Anne?
- Não deveria? – perguntei.
- Você não respondeu...
As pontas de seus dedos passaram pela minha bochecha e contornaram o meu rosto.
- Confio em você... – falei.
Eu sentia aquela vontade enorme de ir pra cima dele e aquilo estava ficando cada vez mais difícil de segurar.
- Isso é bom. – sua mão direita desceu e agora estava espalmada em minha coxa nua.
Seu rosto se aproximou do meu e seus lábios tocaram, suavemente, em meu queixo. Fechei os olhos e senti seus lábios subirem até encostar-se aos meus. Michael passou sua língua em meus lábios e logo depois pediu passagem e então, sua língua tocou na minha e ele me beijou, enquanto sua mão fazia uma caricia ousada em minha coxa.
- Estava com saudade do seu beijo... – ele disse, sorrindo.
- Eu também. – sorri.
Ele sorriu pra mim e pegou em minhas mãos.
- O seu pai... Ele me disse ontem, ao telefone, que aprova o nosso relacionamento...
- Eu ouvi a conversa de vocês... – murmurei, envergonhada.
- Mas que mocinha travessa, ouvindo a conversa dos adultos atrás da porta! – ele brincou.
- Foi sem querer. Eu tinha acabado de chegar, ia direto para o meu quarto mais o ouvi falando ao telefone e fiquei curiosa...
- Sei... – ele murmurou, fingindo está desconfiado. Mas logo depois sorriu suavemente. – O Jefrey...
- O que tem ele? – o interrompi.
Só o nome de Jefrey já fazia o meu coração pulsar nervosamente no peito.
- Eu gosto do seu tio, quer dizer, ele é um cara inteligente e influente no ramo musical, mas... Eu não sei, ele me parece meio estranho. – ele disse. – Ele te trata bem?
Tirei minhas mãos das dele e senti minha expressão se retesar. Havia algo muito estranho no meio daquela conversa.
- Por que quer saber? – perguntei.
Acho que a minha voz tinha soado meio rude, pois ele me olhou como se estivesse arrependido por ter me perguntado aquilo.
- É só uma curiosidade, por que ficou tão nervosa? Falei algo que não devia?
Balancei a minha cabeça e suspirei.
- Não, Mike... Me desculpa. – peguei em suas mãos novamente. – Eu só... Não gosto muito de falar sobre Jefrey, é só isso.
- Por que não gosta?
- Jefrey é bem reservado. Quase nunca fala comigo, ele me parece meio sombrio, às vezes. Não gosto muito de ficar perto dele, falar nele me dá arrepios.
- Ele é bem fechado, não é?
- Sim. Mas, por que todo esse interesse em Jefrey?
- Não é nada... É que ele sempre fala tão bem de você pra mim, pensei que eram amigos.
- Jefrey fala bem de mim para qualquer cara que seja rico, Michael. – falei.
Arrependendo-me logo depois. Droga, eu tinha que ficar com a boca fechada!
- É mesmo? – ele me perguntou. – E quantos caras ricos se aproximaram de você?
- Nenhum. Ray... Meu pai – me corrigi – nunca deixou nenhum deles se aproximarem de mim, sempre brigou com Jefrey por causa disso. Por isso fiquei surpresa ao saber que ele aprova o que estamos tendo.
- Ainda bem que Ray nunca deixou nenhum deles se aproximarem de você, porque agora... - ele chegou mais perto de mim e pois dois dedos em meu queixo. – Agora você é só minha.

***


O leilão estava cheio de gente importante, mulheres com silicones enormes nos seios e cara de metidas, famosos e empresários.
Sempre quando vinham falar com Michael, me olhavam de cima a baixo, de certo, achando que eu era uma prostituta de luxo que o acompanhava. Mas quando Michael me apresentava como sua amiga e filha de Raymonds Moore, tudo mudava. Eles sorriam para mim e me paparicavam e muitas vezes me olhavam incrédulos, pois muitos achavam que a história de Raymonds ter uma filha era uma grande mentira.
Eu tinha nojo daquelas pessoas esnobes, que só te tratavam bem pela sua conta bancária e não por seu caráter.
Michael ficou ao meu lado e não me deixou sozinha um segundo sequer, e eu adorei essa atitude dele. Ele sempre me olhava sugestivamente, e sorria, o que me fazia sorrir também.
- Eu não aguento mais ficar aqui... – ele sussurrou em meu ouvido, rindo.
- Eu também não, que coisa chata! – murmurei pra ele. – Por que não vamos embora?
- Eu quero muito ir, mas tenho que arrebatar algo nesse leilão que é de suma importância pra mim, então, teremos de aguentar mais um pouco.
- Tudo bem. O que eu não faço por você? – perguntei, rindo.
Como se fosse um tormento ficar ao lado de uma pessoa maravilhosa como ele.
- Oh... Que bom saber que posso contar com sua compreensão. – ele riu. – Prometo te recompensar.
- O que está planejando?
Ele sorriu de lado.
- Espere e verá.
Sorri pra ele e o mestre de cerimônia pediu para que todos os convidados fossem para a sala aonde aconteceria o arrebatamento dos itens que estavam expostos por todo o salão onde estávamos. Seguimos para lá e nos sentamos na primeira fileira.
As primeiras coisas a serem leiloadas foram alguns quadros, um tapete persa e mais algumas coisas que eu não tinha prestado atenção. Até agora Michael não tinha dado lance algum, e só ficava observando. Eu realmente ficava assustada com o valor que as pessoas pagavam naquelas coisas; bem, pelo menos todo aquele dinheiro iria para várias instituições de caridade, o que me deixava mais relaxada.
Pelo menos, eles estariam fazendo o bem para muitas crianças.
Capítulo 9

“E uma única pergunta pode mudar todo o rumo de uma conversa.”


O próximo item a ser leiloado foi um colar de Rubis. O colar era lindo, não posso negar.
- Começamos com o valor de cinquenta mil dólares. Quem dá mais? – o mestre de cerimônia perguntou.
- Setenta mil. – um homem que estava na terceira fileira do lado esquerdo disse, erguendo seu braço.
- Setenta mil para Sr. Winslet. Alguém dá mais? – o mestre perguntou.
Michael deu um sorriso de lado e disse:
- Cem mil.
Olhei pra ele com o cenho franzido e simplesmente sorriu.
- Cem mil para o Sr. Jackson... Quem dá mais? É um lindo colar, senhores...
- Cento e vinte mil. – o tal Sr. Winslet disse mais uma vez.
Agora ele olhava descaradamente para Michael, como se o desafiasse.
- Cento e vinte para o Sr. Winslet... Alguém dá mais?
- Cento e cinquenta. – disse Michael.
- Duzentos mil. – disse Winslet.
- Duzentos e setenta. – disse Michael.
O mestre de cerimônia elevou uma sobrancelha e sorriu, empolgado.
- Duzentos e setenta mil para o Sr. Jackson. Alguém dá mais? – o mestre perguntou. Alguns minutos se passaram e ninguém disse nada. – Dole uma, dole duas, dole três! Vendido o colar de Rubis para o Sr. Michael Jackson.
- Duzentos e setenta mil? É muito dinheiro, Michael! – sussurrei em seu ouvido.
Ele olhou pra mim e sorriu, segurando minha mão.
- Mas vale muito à pena, baby, pode ter certeza! – ele diz ao meu ouvido. – Agora podemos ir embora.
- Mas, ainda estamos no meio do leilão. Não é certo sair assim.
Ele me olhou de soslaio.
- Você liga para o que esse povo pensa? – ele perguntou.
- Não... Por quê?
- Porque eu também não ligo. Então, já que não nos importamos com nenhum deles, podemos ir agora, não é mesmo?
Sorri, incrédula e assenti.
Enquanto o mestre de cerimônias falava, nos levantamos e saímos do salão. Quando chegamos ao jardim, Michael fez um sinal para o seu segurança e ele nos acompanhou até o carro.
- Já entregaram a encomenda pra você? – Michael perguntou.
- Sim, Sr. Jackson, já está no carro, como me pediu.
- Certo. Obrigado Roger.
Confesso que fiquei curiosa para saber que “encomenda” era aquela, mas resolvi ficar quieta. Seria muito feio se eu ficasse perguntando sobre tudo o que Michael fazia.
O segurança fez um movimento com a cabeça e abriu a porta do carro para que entrássemos. Assim que o carro começou a andar, Michael olhou em seu relógio de pulso.
- Ainda são dez e meia. – ele me olhou. – Seu pai me disse que era pra você chegar em casa até as duas horas da manhã... Quer ir a Neverland?
- Adoraria. – sorri.
- Ótimo, porque eu tenho uma surpresa pra você. – ele disse. – E só vou mostrar quando chegarmos a minha casa.
- Ok, Sr. Misterioso.
Ele sorriu e me puxou para os seus braços, fazendo-me encostar a cabeça em seu peito.
- Eu gosto muito da sua companhia Anne... – ele murmurou. – Gosto muito de você, e dos seus beijos. Acho que não vou mais conseguir ficar longe de você. O que fez comigo, garota?
Sorri e levantei a cabeça somente para olhar em seus olhos.
- Faço minhas as suas palavras. O que fez comigo, mocinho? – perguntei.
Ele riu e passou os dedos pelo meu rosto.
- Eu estou gostando muito de te conhecer. Você é linda, educada, doce e inteligente... É o tipo de mulher que eu sempre quis em minha vida.
- Está muito cedo pra se declarar, não acha? – perguntei, sorrindo pra ele.
- Ou talvez esteja na hora certa... – ele sussurrou pra mim.
Michael se aproximou de mim e me deu um beijo doce. Deixei sua língua acariciar a minha e ele me puxou para o seu colo. Ele abriu as pernas e me colocou sentada entre elas, enquanto me deitava em seus braços. Parecia que estava carregando uma criança em seu colo, mas suas atitudes eram bem diferentes. E eu me deixei levar. Pus minhas mãos em sua nuca e puxei mais o seu rosto para o meu, enquanto sua mão acariciava minha coxa, subindo meu vestido.
- Você é linda demais... – ele sussurrou em meu ouvido. – Gostosa demais.
Eu sentia minha calcinha ficar cada vez mais molhada e meu clitóris pulsava.
Michael beijou meu pescoço e mordiscou. Gemi baixinho e ele riu.
Peguei seu rosto em minhas mãos e olhei em seus olhos; havia desejo e doçura neles, assim como eu tinha certeza que havia nos meus.
Sorri e fiquei tímida de repente, enquanto sentia minhas bochechas ficarem quentes.
Eu nunca havia ficado assim com alguém e agora eu não sabia mais como me comportar. Escondi meu rosto em seu peito e ele sorriu, levantando meu rosto com dois dedos em meu queixo.
- Fui rápido demais, não é? – ele me perguntou, de forma doce.
- Fomos rápido demais... – sussurrei, querendo sumir dali de tanta vergonha que eu sentia.
- Não precisa ficar envergonhada, amor... – ele esfregou seu nariz no meu. – Prometo me comportar, tudo bem?
- Eu gosto disso, só que... Eu não... Quer dizer, eu nunca... – eu não tinha o que falar.
Sentia uma enorme necessidade de me explicar, mas, inoportunamente, as palavras me faltavam.
- Eu sei, meu amor. – ele disse. – Não precisa explicar.
Ele sorriu pra mim e me beijou de leve. Me encostei em seu peito novamente e ele acariciou meus cabelos.
- Mas você gosta de dar um amasso no carro, não é? – ele perguntou
- Ah, Michael! – exclamei escondendo meu rosto entre as mãos.
Ele gargalhou.
- Tudo bem, não falo mais nada! – falou, rindo.
Por fim, ri também me deixando levar pela graça que ele sentia.

***


Chegamos a Neverland e fomos em direção a sala. Nos sentamos e Michael olhou pra mim:
- Você prefere ficar aqui ou lá fora?
- Contanto que você esteja comigo... Fico em qualquer lugar! – falei sorrindo.
Ele sorriu e pegou o embrulho que o segurança deixou em cima da mesa.
- Tome, isso é pra você. – ele disse, me entregando. – Espero que goste.
Franzi o cenho e peguei.
- O que é?
- Abra e veja.
Curiosa, tirei cuidadosamente o embrulho e vi uma caixa de tamanho médio, toda aveludada em um tom negro. Abri a caixa e então o vi.
Era o colar que ele havia arrematado no leilão.



- Oh meu Deus, Michael! – exclamei, pondo a mão na frente da boca. – Eu já tinha achado o colar lindo, mas de perto ele é completamente diferente é... Perfeito!
Ele sorriu, entusiasmado.
- Você gostou mesmo?
- Eu amei! Mas... – olhei pra ele. – Eu não posso aceitar, Michael, você viu o preço que pagou nesse colar?
- Ah não... Eu o comprei pra você, Anne.
- Por que?
- Porque você é especial pra mim. E eu gosto de dar presentes a quem é especial. Você me deu o original de Shakespeare e eu estou lhe dando o colar.
- Mas, Michael, esse colar foi caríssimo. Não precisa me dá um presente tão caro como esse.
- Anne, veja pela minha perspectiva: você é linda, esse colar é lindo, você é doce e esse colar combina com sua personalidade.
- Michael...
Tentei argumentar mas ele me impediu:
- Não aceito um “não” como resposta. – falou, sorrindo.
Sorri e balancei a cabeça.
- Você é muito persistente, mocinho... Eu vou aceitar sim, muito obrigada, Michael.
- Se houver um futuro pra gente... Quero dizer, tem um futuro pra gente, pode ser meio incerto e talvez eu esteja sendo precipitado demais, mas no meu futuro eu quero que você esteja presente, Anne. Você se tornou muito importante.
As palavras dele tocaram profundamente em meu coração. E eu simplesmente não tinha o que argumentar. Talvez eu nem tivesse a intenção de falar algo tão forte como aquilo, mas as coisas que saíram de sua boca completaram o meu raciocínio e fez meu coração se encher de alegria.
Mesmo sabendo que esse não era o sentimento certo que eu deveria nutrir por ele.
- Ah Michael... – murmurei. – Você também é muito importante pra mim, eu nunca tive amigos nem namorado e você é a única pessoa que está próximo a esse patamar e eu não... Não consigo impedir que algo nasça aqui. – apontei para o meu coração.
- Simplesmente não impeça... – ele chegou mais perto de mim e passou a mão pelo meu rosto. – Eu não estou impedindo, estou deixando que cresça na velocidade que quiser crescer, e posso dizer que está sendo bem rápido.
Ele riu pra mim.
- Eu não vou impedir. – falei. – Não tem nem como impedir, pra falar a verdade.
- Boa menina... Só deixe... – seus lábios estavam quase colados aos meus. – Acontecer.
E então ele me beijou.
Eu acho que ele tinha sido o beijo mais doce que nós já tínhamos trocado. Michael sabia ser safado, doce, tímido e encantador, e pra falar a verdade o jeito dele me fascinava. Eu nunca havia conhecido alguém como ele, ninguém nunca me permitiu ir além de sorrisos falsos, sentimentos falsos e deveres a cumprir, mas, ao lado de Michael eu me sentia livre. Ele era como uma brecha de luz no meio da escuridão, uma fonte onde eu sei que poderia me agarrar e confiar, não era uma coisa errada nem promíscua era apenas... Amor.
Era isso que eu sentia por ele. Amor, puro e simples amor que nasceu rápido demais, tomou uma proporção enorme e agora eu não conseguia mais tirar aquele sentimento de meu coração, era tão grande que me deixava sufocada, com vontade de gritar aos quatro cantos do mundo tudo o que eu sentia por ele e ao mesmo tempo me dava vontade de fugir porque eu não sabia como lidar com aquilo.
Quando seus lábios se afastaram dos meus, mesmo de olhos fechados, eu pude sentir seu sorriso.
- Acho que eu devo ir agora, Michael... – murmurei.
Ele suspirou pesadamente e segurou minhas mãos.
- Mas eu quero te fazer uma pergunta antes, posso?
- Claro...
Ele parecia está hesitando um pouco sobre o que ia falar, mas, por fim, decidiu dizer alguma coisa:
- Eu sei que é cedo, Anne, como disse antes, posso está me precipitando, mas... – ele olhou em meus olhos com atenção. – Você quer namorar comigo?
Mordi o lábio me sentindo nervosa de repente. Meu coração batia rápido no peito enquanto sua última frase fazia eco em minha mente.
- Eu quero, Michael... Na verdade, acho que é o que eu mais quero agora.
Ele sorriu pra mim e me abraçou, logo depois beijou meus lábios rapidamente.
- Isso é... Maravilhoso, Anne, eu fiquei com medo de está indo rápido demais com você, mas eu não consigo controlar essa vontade que está em meu coração. O que fez comigo, garota?
- Faço a mesma pergunta pra você, Michael, o que fez comigo, mocinho?
Nós rimos e ele se levantou do sofá, estendendo a mão e me ajudando a levantar.
- Precisamos falar com Raymonds... Mas eu tenho certeza que ele vai deixar. – Michael disse.
Ele passou o braço pela minha cintura e fomos andando em direção a porta do hall de sua casa.
- Meu pai gosta muito de você, Michael.
- Eu também gosto muito dele, ele é um ótimo amigo. Um ótimo amigo que tem uma filha perfeita que fez com que eu me apaixonasse em tempo recorde.
- Não sou perfeita, Michael. – falei, rindo pra ele.
Paramos em frente ao carro e ele acariciou minhas bochechas.
- É perfeita pra mim.
"Realmente queria ser." – pensei.
Ele sorriu e continuou:
- Eu vou na sua casa amanhã, conversar com Ray, pode ser?
- Claro, estarei esperando ansiosamente por você.
Ele me puxou para os seus braços e me abraçou. Eu me sentia segura ali, era como se eu estivesse em casa. Ele levantou meu rosto com a ponta dos dedos e meu beijou.
- Até amanhã, meu amor...
- Até amanhã, Mike.
Ele abriu a porta para mim e eu entrei no carro, soprando um beijo para ele. Quando o motorista pegou a estrada eu me permitir soltar o ar que estava preso em meus pulmões enquanto um único pensamento assolava minha mente:
Eu estava namorando com Michael e a felicidade me preenchia por completo.
 
Capítulo 10

“Enfim, mais um casal apaixonado é formado, fazendo de dois um único coração.”


diário escreveu:“Querido Diário.

A vida é estranha. Quer dizer, ela sempre nos prega peças que nem sempre temos a capacidade de lidar.
E no final, o que nos resta é dar a cara pra bater e encarar tudo de frente.
O problema é que, além da vida ser estranha o coração consegue ser ainda pior, e escolhe justamente para amar o único cara por quem eu não podia nutrir nenhum tipo de sentimento.
Michael é perfeito, mas pra mim ele tinha de ser um cara como outro qualquer. Como aqueles da faculdade, que eu somente olhava e não mexiam comigo nem com o meu coração. Michael é o tipo de cara que tem que ser impossível e inalcançável por mim, mas eu não sei refrear esse amor que sinto. Na verdade, eu não quero refrear, porque é um sentimento maravilhoso, que eu ainda não sei como lidar, mas ele me faz sorrir e sonhar com um futuro bom, um futuro diferente do que eu pensava está escrito pra mim.
E eu me agarraria em Michael e ficaria com ele o tempo que estivesse destinado a mim, simplesmente jogaria fora todo o tipo de sentimentos e pensamentos ruins e focaria no amor que eu sentia.
No amor que Michael merecia ter de mim, apesar de tudo.”


Fechei meu diário e o coloquei no fundo falso que havia dentro do meu closet. Já eram quase quatro horas e Michael havia ligado para Raymonds mais cedo, avisando que chegaria por esse horário. Me levantei do chão de meu armário e me olhei no espelho. Aquele brilho diferente em meu olhar me dizia que eu estava pronta para ser feliz ao lado daquele homem que tinha conquistado meu coração.
Saí de meu quarto e desci as escadas, encontrando Raymonds e Jefrey sentados no sofá, ambos com um copo de uísque na mão.
- Michael chegou, querida! – Raymonds disse.
- E confesso que estou curioso para saber o que ele veio fazer aqui... – Jefrey falou me analisando.
Senti um arrepio gelado perpassar minha espinha.
- Com certeza é algo muito importante, Jefrey. – Raymonds falou.
Suspirei e me sentei no outro sofá, e, infelizmente, fiquei de frente para Jefrey que continuava a me olhar, como se especulasse algo em sua cabeça.
- Sr. Jackson... – a voz da Sra. Jones me atraiu.
Olhei para o lado e vi Michael, ele olhava para mim e sorria. Raymonds, Jefrey e eu nos levantamos.
- Como vai, Michael? – Jefrey foi o primeiro a falar.
- Muito bem, Jefrey.
Michael chegou mais perto e apertou a mão que Jefrey estendia, logo depois cumprimentou Raymonds e chegou até a mim.
Ele pegou em minha mão e a beijou e piscou pra mim antes de se virar de frente para Raymonds e Jefrey. Nos sentamos e Raymonds foi o primeiro a falar:
- Confesso, Michael, que estamos curiosos com sua visita... Algum motivo especial?
- Um motivo muito especial, Ray...
- E qual seria? – Jefrey perguntou.
Michael sorriu de lado e entrelaçou suas mãos as minhas.
- Você tem uma filha maravilhosa, Ray... – ele sorriu abertamente agora. – E eu estou completamente apaixonado por ela.
- Nossa! – Jefrey exclamou olhando diretamente pra mim
- Como se eu já não tivesse percebido isso, não é, Michael?
- Está tão na cara assim? – Michael perguntou rindo.
- Você quase baba quando vê Anne, Mike. – Jefrey comentou.
Michael balançou a cabeça.
- Então, Ray, já que até você percebeu o quão estou interessado em Anne, me daria à mão de sua filha em namoro?
- Você gosta de Michael, Anne? – Raymonds perguntou olhando para mim.
- Gosto muito, pai.
- Promete cuidar de minha filha, Michael? Ela é tudo o que tenho, não quero vê-la sofrer.
- Prometo sim, Ray. Anne é muito importante pra mim, não vou fazê-la sofrer.
Raymonds olhou pra Jefrey, que simplesmente sorriu. E eu vi que em seus olhos azuis havia várias intenções e nenhuma delas era boa.
- Então, seja bem vindo a nossa família, Michael. – Raymonds falou, sorrindo.
Nos levantamos e Michael apertou a mão de Raymonds e de Jefrey.
Logo depois ele se virou pra mim e me deu um beijo terno nos lábios. No começo eu fiquei tímida, pois Raymonds e Jefrey estavam ali mas logo me deixei levar.
Pois quando estava com Michael, nada me deixava insegura.

***


Mais tarde, quando Michael foi embora com a promessa de me esperar em Neverland no dia seguinte, resolvi ir para a minha biblioteca. Eu estava feliz como nunca havia estado em toda a minha vida. Michael era meu porto seguro, um caminho diferente para a minha vida e eu me agarrava à esperança de poder viver com ele, de está ao lado dele.
Mesmo que isso não fosse para sempre.
- Você foi bem rápida, Anne! – Jefrey disse.
No susto, deixei o livro cair no chão. Jefrey soltou uma gargalhada e se abaixou, pegando o livro e tacando-o, sem delicadeza alguma, em cima da mesa.
- Estou tão orgulhoso de você.
- Por favor, Jefrey, me deixe sozinha.
- Poxa, será que nem posso dá os parabéns a minha sobrinha? – ele se apoiou nos braços da poltrona onde eu estava sentada e se inclinou a minha frente. – Você foi perfeita, fez tudo com uma rapidez impressionante. É ainda melhor do que eu, Anne. Estou muito orgulhoso!
Engoli em seco e me encostei o máximo possível nas costas da poltrona, mantendo-me longe dele.
- Está com medo de mim, Anne? – ele passou a ponta dos dedos em meu rosto. – Se eu não tivesse um propósito de vida para você, pode ter certeza que eu adoraria te levar para minha cama.
Meu coração deu um pulo no peito e eu senti meus olhos se encherem d’água. O medo dominava cada um de meus poros.
- Você não... – minha voz falhou. – Não seria capaz...
- Ah eu seria sim! – seus dedos passaram por meus lábios. – Mas eu ainda penso com a cabeça de cima!
Ele se afastou e ficou de costas para mim, enchendo um copo com uísque. Logo depois se virou e me encarou.
- Eu sei que te empurrar para um cara rico me valerá muito mais do que uma simples foda. E é exatamente isso que eu estou fazendo, investindo em você. Tenha consciência, Anne, meu futuro está em suas mãos...
- Você já tem dinheiro o suficiente, Jefrey, pra que mais?
- Porque quanto mais eu tenho, mais eu quero! Se eu posso ter bilhões ao invés de milhões, por que não investir para ganhar os bilhões? Eu sou a inteligência e você é a beleza, Anne, juntos somos imbatíveis.
Balancei a cabeça lutando para que as lágrimas não caíssem.
- Isso não está certo, Jefrey...
- Eu digo o que está certo ou não, Anne. Está arrependida logo agora? Michael já está apaixonado por você, querida.
- Ele não merece isso!
- Eu é que não mereço vê-lo ganhar milhões e não participar da festa! – Jefrey falou com seu tom duro. – Não dê pra trás agora, Anne. Sabe muito bem o que pode acontecer...
- Eu sei o que pode acontecer... Só não...
- “Só não” o que, Anne?
Respirei fundo e resolvi controlar minhas emoções.
- Só não faça nada que o prejudique, Jefrey, por favor.
- Tudo dependerá só de você, Anne. Pelo o que vejo você gosta de Michael, então, é só unir o útil ao agradável, pense que está com ele por causa de seus sentimentos.
- Eu não queria envolver sentimentos nisso.
- Bem, isso não é um problema meu. – ele colocou o copo em cima da mesa e foi em direção a porta. – Só continue indo por esse caminho, se fizer isso, a nossa vitória vai ser garantida, minha doce e amada sobrinha.
Ele sorriu e saiu, batendo a porta da biblioteca.
Quando me vi completamente sozinha, deixei as lágrimas de angustia cair pelos meus olhos. Michael não merecia ser enganado, não merecia uma mulher como eu. Eu tinha plena consciência de que eu poderia sair de cena e deixá-lo livre para conhecer uma mulher justa e direita, que merecesse todo o amor que ele tinha para dá. Mas minhas escolhas não eram totalmente minhas. Havia muito mais coisas em jogo, magoar Michael era algo que me matava por dentro, mas eu não podia fazer nada para mudar aquilo.
Porque, apesar de minhas escolhas não serem totalmente minhas, eu tinha um único jeito de mudar aquilo.
Um jeito completamente torto e inconsequente, que traria a infelicidade de inúmeras pessoas.
Inclusive, a minha própria infelicidade.
Capítulo 11

“Confiança. Não se cria, se conquista.”



Quando os portões de Neverland se abriram aconteceu algo que já era de costume; meus problemas e minhas tristezas ficaram do lado de fora, sendo substituídos rapidamente por uma sensação de paz e felicidade. Eu ainda ficava surpreendida com o que a aura daquele lugar poderia fazer em uma pessoa.
Minha vontade era de ficar ali para sempre.
Assim que o carro se aproximou da casa principal, pude vê Michael parado esperando-me com um longo sorriso no rosto, o que me fez sorrir também. Assim que o motorista estacionou, ele abriu a porta do carro e com uma delicadeza incrível, me puxou lá de dentro e me prendeu em seus braços.
Parecia que eu estava em casa depois de um longo tempo.
- Fiquei com saudades de você, pensei que nunca chegaria!
- Também estava com saudades, mas agora estou aqui! – falei, sorrindo.
Ele me soltou e juntou seus lábios nos meus, me dando um beijo molhado e quente. No final, mordeu meu lábio inferior e deixou-o escorregar por seus dentes de uma forma completamente sensual e nova pra mim.
- Venha, quero te apresentar a duas pessoas...
Michael me pegou pela mão e entramos na casa principal, até chegarmos à cozinha. Havia uma senhora que mexia em algo na pia e um senhor que tomava café sentado à mesa.
- Bill, Remy... – Michael chamou a atenção deles
A senhora se virou para nós e Bill se levantou. Pude notar que Bill me olhava com atenção, ele parecia ser um homem bastante forte e inteligente, mas eu não fazia a mínima idéia de qual função ele tinha na casa de Michael.
- Essa é Anne, minha namorada. – Michael comentou. – Anne, essa é Remy, minha governanta e segunda mãe...
Remy se aproximou de mim e me deu dois beijos no rosto.
- É um prazer, Sra. Remy. – falei, sorrindo pra ela.
- Oh, mais que voz linda. Você parece uma boneca, querida. O prazer é todo meu, e Senhora está no céu, sou apenas Remy. – ela falou.
Ela parecia ser um doce de pessoa, o que me fez lembrar de minha mãe. Ela era exatamente assim, carinhosa e divertida.
- Obrigada, Remy.
Ela sorriu e se afastou um pouco.
- E esse é Bill Bray, o chefe de minha segurança e um de meus melhores amigos.
Bill se aproximou, e apertou minha mão.
- É um prazer, Sr. Bray.
- O prazer é todo meu, Srta. Anne. E pode me chamar apenas de Bill.
Ele tinha uma voz grave e seu olhar ainda me avaliava.
Remy ia falar algo só que o interfone tocou na cozinha, ela falou algo e logo depois se virou para Michael;
- Menino, Branca está aí. Disse que precisa falar urgentemente com você.
Michael franziu o cenho por um instante e por fim soltou um suspiro, como se tivesse lembrado de algo.
- Baby, você pode me dá licença por um instante? Prometo ser breve. – pediu.
- Claro Mike, sem problema.
- Eu faço companhia a ela, Mike. – Remy disse, com um sorriso doce nos lábios.
- Ótimo! Bill, venha comigo por favor?
Bill assentiu. Depois de me dá um beijo nos lábios, Michael saiu acompanhado por seu segurança-amigo.
Me sentei e comecei a conversa com Remy. Ela era exatamente como eu pensava que fosse; um doce de pessoa.

***


Michael e Bill foram direto para o escritório. Branca estava sentado, com alguns papéis em mãos.
- Branca, espero que tenha novidades. – disse Michael se sentando.
Bill se sentou em uma cadeira ao lado de Branca e o olhou com atenção.
- Trouxe sim, Mike. – ele pigarreou e continuou. – Andei pesquisando sobre algumas coisas dentro da Sony, e descobri sobre o que você desconfiava; estão mesmo desviando dinheiro da produtora.
- Eu sabia! – ele bateu com o punho na mesa. – Isso não pode está acontecendo, Branca, sabe quantos artistas serão prejudicados?
- Claro que sei, Michael. Mas acontece que isso não é algo fácil de se descobrir, com certeza não é só uma pessoa que está fazendo, são várias. Só falta saber quem são.
- A Sony tem vários acionistas... – comentou Bill. – Uns com pouca porcentagem, outros com muito... Fica muito difícil pensar em alguém.
- Eu falo com todos os acionistas, ninguém me parece culpado, todos são homens de bem... – disse Michael. – Mas um deles está nos enganando. Temos que descobrir quem é.
- Podemos falar com Raymonds Moore, ele está na Sony a quase vinte e cinco anos, ele deve saber de muita coisa. – Branca opinou. – Mas antes disso, temos que pensar. Não podemos espalhar aos quatro cantos que isso está acontecendo, quanto menos pessoas souberem, melhor para nós.
- Eu confio em Raymonds, creio que ele vai ser uma ótima ajuda para nós.
- Eu não confio nele... – comentou Bill. – Ainda acho que é melhor deixar isso só entre a gente...
- Bill, Ray trabalha na Sony a muito a tempo... Talvez até ele esteja desconfiado de algo. Quanto mais ajuda, melhor.
Bill suspirou.
- Tudo bem... Façam como quiserem.
- E precisamos também de alguma autoridade policial, para nos ajudar a achar a pessoa.
- Minha sobrinha é delegada e detetive, tenho certeza que ela estará disposta a nos ajudar. Ela totalmente discreta e trabalha em uma delegacia fora de L.A. o que facilita muito, já que ninguém a conhece por aqui. – disse Bill.
- Perfeito. Você pode entrar em contato com ela, Bill? Quanto antes melhor para nós, o que não podemos é ficar de braços cruzados, deixando esse infeliz roubar mais e mais. – disse Michael se levantando. – Agora, preciso ir da atenção a minha namorada...
- Não acredito! – exclamou Branca se levantando também. – Você conseguiu conquistar Anne Moore?
Michael gargalhou.
- Claro que sim, cara. Não disse que conseguiria?
- Ele está completamente apaixonado por essa menina... – comentou Bill. – Quase baba quando a vê.
- Cara, você consegue me impressionar cada vez mais. – disse Branca, rindo. – Mas então, tem como você me apresentar à moça? Pelo o que me disse, ela é a garota mais linda que você já viu na face da Terra...
- E realmente é. – disse Michael. – É a mulher mais linda que eu já vi.
- Ok, não precisa babar... É só me apresentá-la e eu vou embora, não quero atrapalhar o casal ilustre.
- Você é um idiota... – comentou Michael, rindo.
Os três saíram do escritório, comentando ainda o quão rápido Michael e Anne se apaixonaram.

***


Depois que Michael me apresentou a John Branca, seu advogado e melhor amigo, fomos explorar o que eu ainda não havia conhecido em Neverland.
Enquanto andávamos, conversávamos e nos beijávamos eu comecei a pensar no futuro. E consequentemente não me via sem Michael nele. Acho que quando você se vê perdida no mundo e acha alguém que lhe dê um suporte, um caminho a seguir, você fica completamente dependente daquela pessoa. E era assim que eu me via, eu estava completamente dependente de Michael.
Quando Jefrey havia me dito que eu teria que ficar com Michael e me casar com ele, para ele conseguir ainda mais dinheiro eu me senti suja e a pior de todas as mulheres. Sabia e sei que Michael não merece esse tipo de coisa, pude perceber que quando ele gosta de alguém ele se doa completamente e isso é lindo, mas pode lhe causar muita dor. Quando fui intimada a fazer esse tipo coisa eu não contava que iria me apaixonar por Michael, e agora estou completamente indecisa. Minha mente vivia entre o enorme dilema de deixar as coisas como estavam, aproveitar o carinho e o amor que Michael me dava ou então, me afastar dele, fugir para não fazê-lo sofrer. Contar a verdade para ele estava completamente fora de questão, nem mesmo se tornava uma opção para mim, havia muitas coisas que me impediam de fazer isso; infelizmente. E até agora eu não conseguia entrar em um tipo de “acordo-interno”. Porque, só de pensar em magoar Michael ou me afastar dele, meu coração sangrava e chorava e eu realmente não sabia o que fazer.
- Você está tão calada... Aconteceu alguma coisa? – Michael me perguntou.
Estávamos sentados na grama – ele atrás de mim e eu no meio de suas pernas – e eu observava calada o céu começar a ficar azul escuro e as nuvens pesadas de chuva pairar em cima de nós.
- Não. Não aconteceu nada, eu só... Só estava pensando. – falei levantando minha cabeça e olhando pra ele.
Ele sorriu e me deu um selinho.
- Posso te fazer uma pergunta?
- Claro... – respondi curiosa.
- Quando sua mãe morreu... Você tinha quantos anos?
Confesso que me surpreendeu; não era o tipo de pergunta que eu estava esperando.
- Eu tinha cinco anos... Por quê?
- Por nada... É que, quando eu conheci Raymonds ele já era viúvo e eu nunca soube que ele tinha uma filha, então... Fiquei curioso.
- Meu pai não havia deixado a mídia saber sobre mim. Ele disse que queria me proteger deles, então, deixou minha identidade oculta. Poucas pessoas sabiam de minha existência até dois anos atrás.
- Entendo... Mas por que ele mudou de ideia depois de tanto tempo?
- Acho que ele percebeu que não daria pra me esconder para sempre. – dei um sorriso sem graça. – Uma hora ou outra ele teria de me apresentar para o mundo, então, ele decidiu espalhar o rumor antes de eu voltar para os Estados Unidos.
- Hm... – ele murmurou. – Mas e você... Como se sente com isso?
- Acho que a única coisa que mudou de verdade foi o meu estado civil, de resto... – dei de ombros.
Michael riu me fazendo rir também, mas logo depois ele voltou a ficar sério.
- Eu te acho muito calada, Anne... – ele disse. – Quero que saiba que você pode conversar comigo, sobre qualquer coisa. Pode confiar em mim e me contar seus segredos. Eu amo você, e não quero que fique enclausurada em uma redoma de vidro, se sentindo sufocada ou incomodada de alguma forma, porque eu estou aqui...
Eu queria mesmo continuar a ouvir o que ele tinha a dizer, mas a minha mente ficou presa no “eu amo você” e não quis mais raciocinar. Ele me amava e... Aquilo era tão novo para mim! Eu realmente queria sentir esse amor, o amor que eu nunca tive de verdade.
- Hey... Está me escutando? – ele perguntou levantando meu rosto em direção ao seu.
- Não... Quer dizer, eu estava, mas... – olhei pra ele e sorri. – Você escutou o que disse?
Ele franziu o cenho.
- Bem... Acho que sim. – ele riu. – Por quê?
- Você disse que me amava... – falei baixinho, sentindo meu rosto esquentar.
Ninguém nunca havia dito que me amava, nem meu pai, nem nenhuma amiga... Ninguém. Nunca.
- Eu sei... Eu amo você, Anne. Aconteceu muito rápido, eu sei, mas eu sempre acreditei em amor a primeira vista e acho que foi isso que aconteceu comigo. – ele acariciou minha bochecha, de modo que o sangue que estava preso ali voltasse a circular. – Você está vermelha... Gosto disso em você.
Seus movimentos cessaram, mas o sangue voltou para o mesmo lugar, eu queria cavar um buraco e me enfiar dentro porque eu simplesmente não conseguia falar que o amava também. De certo modo, aquilo estava preso dentro de mim e eu sentia uma angustia subir por meu peito e se instalar em minha garganta, me fazendo ter vontade de chorar.
- Oh... Anne, porque está chorando, meu amor? – ele perguntou passando a ponta dos dedos por debaixo de meus olhos, secando minhas lágrimas.
Eu queria falar. Queria gritar. Mas nada... Simplesmente nada acontecia!
- Amor, eu disse algo que te magoou, foi isso? Fale comigo, Anne, por favor... – ele sussurrou desesperado.
Balancei a cabeça, negando a preocupação dele e encostei-me a seu peito respirando fundo. Senti seus lábios em minha testa, descendo por minha bochecha até chegar aos meus lábios, onde ele me deu um beijo doce, o que acalmou a tempestade em meu peito. Quando ele sugou meus lábios e o prendeu entre os seus eu já estava boa o suficiente para murmurar alguma coisa.
- Eu não consigo, Mike... – sussurrei.
- Não consegue o que, princesa? – ele falou no mesmo tom.
Sua voz chegando doce aos meus ouvidos.
- Eu não sei expressar meus sentimentos assim... – abaixei a cabeça. – Eu quero falar, mas não sai nada.
Ele sorriu docemente e acariciou meu rosto.
- Não precisa falar nada agora, meu amor... Eu sei que tudo aconteceu rápido demais, não quero que se sinta pressionada a falar só porque eu disse algo.
Eu assenti, mas... Ele não conseguiria entender.
Eu sempre fui criada na base do respeito, mas nunca tive carinho. Nunca soube como expressar tudo isso e eu sempre me sinto tímida quando o assunto é sentimento. Eu queria muito ter a coragem que as personagens dos livros tinham, queria ser como elas, falar tudo o que eu sinto, mas eu não sei. Ninguém nunca me ensinou como se deve falar o que sentimos e agora eu estou vendo o quanto isso está me fazendo falta.
Ele me olhou e vi que estava disposto a mudar de assunto. Olhou ao redor para vê se não tinha ninguém nos observando e então pôs as mãos em minha cintura, me fazendo sentar de lado entre suas pernas. Colocou minhas pernas em cima das suas e me segurou como um bebê.
- Hm... E suas amigas lá em Londres? Elas devem está sentindo sua falta.
- Eu não tinha nenhuma amiga lá.
Ele me olhou, assustado.
- Como assim você não tinha amigas?
Dei de ombros.
- Simplesmente não tinha... Todas eram metidas demais, não gosto de pessoas assim.
- Hm... Então você vivia sozinha? Digo, sem amigas, colegas, namorado...
- Exatamente.
- Você não tinha namorado? – ele parecia abismado
- Não. Nunca namorei, pra falar a verdade...
- Não? – perguntou
- Não.
- Nunca?
- Nunca. – responde convicta.
- Ficantes?
- Também não.
- Então... – ele parou por alguns segundos. – Isso quer dizer que eu... Eu fui seu primeiro beijo?
- Sim...
- Anne! – ele exclamou. – Por que você não me contou?
- Porque eu não achei que fosse importante. – murmurei.
- Anne, isso é muito importante! Não é importante pra você?
- Sim, é importante pra mim, mas não pensei que seria pra você...
- Hei! Isso é muito importante pra mim. – ele sorriu.
E eu me senti completamente incapaz de não retribuir. Ele se aproximou e parou só quando seus lábios estavam a centímetros de colar nos meus.
- Isso muda... Tudo, Anne. – ele sussurrou. – Você não imagina o quanto eu estou satisfeito em saber que eu sou o seu primeiro em tudo, completamente.
- Seu ego está lá em cima? – sussurrei sorrindo
- Sim... Mas vai além disso... – ele passou a ponta dos dedos pela minha coxa, subindo e descendo. – Eu só consigo pensar que a mulher que eu amo é completamente pura e inocente, e que cabe a mim fazê-la descobrir tudo, definitivamente.
- E isso é bom, não é? – perguntei mesmo sabendo a resposta
- Isso é maravilhoso. – ele sussurrou e cobriu meus lábios com os seus.
Quando sua língua tocou a minha foi como o estopim. Eu me sentia como uma bomba que corria o sério risco de explodir a qualquer momento. Meu corpo gritava, implorava por Michael, enquanto suas mãos percorriam o interior de minhas coxas, adentrando um pouco no meu short jeans. Eu não tinha vergonha nem ligava se alguém passasse por ali e visse a gente. Eu só queria conhecer aquela famosa sensação de prazer que todas as mulheres diziam. Eu queria me entregar a Michael, porque eu me sentia confiante excitada e completamente apaixonada por ele. Se não fosse com ele, com certeza não seria com mais ninguém.
- Anne... – ele sussurrou me colocando deitada na grama e se deitando em cima de mim, beijando meu pescoço. – Eu quero você.
Eu realmente queria falar que o queria também, mas as palavras inoportunamente me faltavam, como sempre. Ele voltou a me beijar na boca enquanto suas mãos adentravam minha blusa, mexendo em minha barriga. Gemi baixinho com o contato de sua mão em minha pele e puxei seus cabelos próximo a nuca, guiando sua boca para o meu pescoço. Ele sorriu e me obedeceu, descendo por meu pescoço e chegando ao meu colo. Ele beijou meus seios por cima da blusa e olhou em meus olhos.
Suas mãos foram para o interior de minhas pernas, acariciando e subindo até chegar ao botão de meu short, e então, quando ele ia desabotoá-lo, nós sentimos.
Os pingos forte da chuva começou a nos molhar rapidamente, enquanto ela se tornava cada vez mais forte, como uma chuva típica de verão.
- Ah não... – Michael murmurou enfiando a cabeça no meu pescoço. – Agora não...
Sorri e passei as mãos pelos seus cabelos.
- Talvez possamos continuar lá dentro... – sussurrei em seu ouvido.
Eu realmente não sabia onde eu tinha enfiado a minha vergonha na cara, só sei que eu tinha coragem o suficiente pra dizer aquilo.
Michael me olhou espantado e sorriu.
- Você está falando sério? – perguntou
Assenti e ele riu.
- Então vamos, creio que temos muito o que fazer lá dentro.
Nos levantamos rapidamente e saímos correndo e rindo para sua casa, como um casal completamente apaixonado.
O que realmente éramos.
 
Capítulo 12

“Primeira vez. Deliciosa, primeira vez.”



Entramos no hall de sua casa completamente encharcados e como se soubesse que iriamos entrar, Remy veio com duas toalhas em suas mãos em nossa direção.
- Oh meu Deus, crianças, vocês vão se adoentar! Peguem isso e vão tomar um banho senão podem pegar um resfriado. – ela disse nos dando as toalhas.
Nós rimos e ela franziu o cenho.
- Hm... Vocês estavam aprontando, não é? – perguntou
Eu me senti completamente envergonhada, mesmo sabendo que ela não falou aquilo no sentido de sexo, mas foi inevitável não sentir meu rosto se esquentar.
- Nós estávamos namorando, mas chuva resolveu cair justo agora... – Michael disse. – Para a nossa felicidade, creio eu.
Ela sorriu docemente e dizer algo, mas o telefone tocou. Michael me olhou e sorriu, enquanto ouvíamos Remy ao telefone.
- Menino, é o Sr. Moore... Ele quer falar com você.
Olhei para Michael franzindo o cenho e ele simplesmente deu de ombros pegando o telefone.
- Olá, Ray...
Eu estava curiosa acima de tudo. O que Raymonds poderia querer com Michael?
- Oh... Sim, claro, sem problema algum. Aliás, será um prazer tê-la aqui comigo. – ele sorriu e me olhou – Sim, cuidarei muito bem dela. Ok, boa noite.
Ele colocou o telefone no suporte e olhou pra mim.
- Adivinha o que seu pai acabou de me pedir? – ele perguntou entusiasmado
- Eu realmente queria saber, mas nada me passa pela cabeça. – sorri com o entusiasmo que havia em seus olhos. – O que ele disse?
- Bem... Ele disse que a chuva está muito forte e que por conta do vento uma árvore caiu na estrada e não tinha como passar... Pediu para que você dormisse aqui hoje.
- Isso é sério? – perguntei sem acreditar.
Michael riu e se aproximou de mim, passando os braços ao redor de minha cintura molhada.
- É sim, baby. – ele beijou meu pescoço. – E eu estou imensamente feliz por ter sua presença em minha casa hoje.
- Oh, pode ter certeza que eu também estou imensamente feliz. – falei rindo pra ele
Ele sorriu e me olhou.
- Então, acho que agora devemos tomar um banho, Remy está certa, podemos nos resfriar.
- Ok, mas... Eu não trouxe roupa, Mike... – murmurei.
- Isso não é um problema. Eu te empresto uma roupa minha.
Fomos em direção a escadas.
- Oh, sim... Vou ficar linda com uma roupa sua! – falei rindo.
- Vai mesmo. Você fica linda de qualquer jeito, Anne.
Balancei a cabeça e ri. Subimos e fomos em direção ao quarto de hóspedes aonde eu tinha deixado a minha bolsa. Ele pediu alguns minutos e logo depois voltou com um blusão vermelho em mãos.
- Bem, tenho certeza que isso ficará como um vestido em você. – ele sorriu
- Ah, pode apostar que sim. – falei abrindo a camisa a minha frente.
Ele sorriu.
Assim que Michael saiu do quarto eu fui tomar banho. Tirei minha roupa rapidamente e entrei debaixo da água quente e convidativa, sentindo um sorriso despontar em meus lábios. Eu realmente não sabia o que me esperava depois desse banho, mas estava disposta a mergulhar de cabeça no quer que aconteça. Michael era um espetacular e, acima de tudo, é o homem que eu amo.
Mesmo que eu não tenha coragem o suficiente de dizer isso a ele.
Tenho certeza que muitas pessoas tem facilidade de dizer um simples “eu te amo” para alguém, mas isso realmente não acontece comigo. Acho que eu tenho uma espécie de bloqueio interno. Talvez por nunca ter ouvido um “eu te amo” de alguém, ou por simplesmente não saber pôr meus sentimentos em palavras. É angustiante porque eu vejo a necessidade nos olhos de Michael, ele quer ser correspondido e eu acho que não estou sendo justa com ele. Mas isso é um limite pra mim, eu tenho que trabalhar nisso porque é uma coisa nova, um sentimento novo que eu tenho que saber como lidar e mostrar a ele que eu o amo.
Como nunca amei alguém em toda a minha vida.
Assim que terminei o banho, saí do chuveiro e me sequei rapidamente. A minha sorte é que eu tinha colocado uma calcinha em minha bolsa. Terminei de me vestir e sai do banheiro, ouvindo batidas na porta do quarto.
- Pode entrar... – murmurei.
A porta se abriu e logo vi a figura doce de Remy aparecer.
- Olá, menina, eu vim pegar a sua roupa molhada. – ela disse.
Sorri pra ela e disse que estava no banheiro. Assim que ela retornou me disse:
- O menino te espera no quarto dele. – ela falou docemente e saiu do quarto.
Confesso que ir ao quarto de Michael me deixou um pouco nervosa. Eu nunca havia entrado no quarto de um homem em toda a minha vida, então eu realmente não sabia como deveria me portar. Por fim, decidi deixar a insegurança de lado e me olhei no espelho antes de sair. Michael estava quase certo, sua blusa ficou um em minha cocha, como uma camisola sexy e eu fiquei corada com a visão. Havia ficado bem curto e eu tenho certeza que nunca usaria algo tão pequeno como aquilo. Estava largo demais e curto demais, não havia meio termo e, bem... Espero que ele goste do que vai ver. Mordi os lábios de nervoso e fui para o seu quarto. A porta estava entreaberta, mas mesmo assim bati duas vezes, ouvindo-o me mandar entrar.
Adentrei em seu quarto e ele era realmente a sua cara, havia objetos da Disney para todos os lados e o cheiro de baunilha e ar fresco estava em todo o ambiente. Tudo estava em seu devido lugar, mas creio que se ele não tivesse empegada aquilo tudo estaria uma bagunça. Michael tem cara de ser um homem que gosta de tudo organizado, mas que não trabalha para ter tal feito. E confesso que amava essa característica dele.
- Uau... Sabia que você ficaria linda com a minha roupa. – ele disse com a voz rouca e sorriu.
- Obrigada. – falei rindo pra ele
Ele sorriu.
- Vamos vê um filme? – ele perguntou começando a mexer na TV.
- Claro. – respondi me sentando em sua cama.
Ele se virou pra mim e sorriu.
- Qual gênero? Romance, comédia, ação, terror...? Apesar de eu saber qual você vai escolher, quero perguntar.
- Romance. – falei sorrido
- Sabia! – exclamou.
Nos sentamos lado a lado na cama e ele começou a procurar algum filme bom na TV, assim que achamos um, me senti no meio de suas pernas e comecei a prestar atenção no filme.
Ou pelo menos tentei.
A respiração de Michael em meu pescoço e suas mãos em minha cintura me desconcentravam consideradamente. Era quase impossível prestar atenção em algo ou manter a respiração de modo regular quando ele estava tão perto de mim. O filme era romântico e um pouquinho engraçado também, até que veio uma cena um pouco inesperada para mim. Os protagonistas começaram a fazer amor de um modo envolvente, e eu senti meu rosto esquentar. Tinha horas que eu odiava a merda da minha timidez porque nem um filme com sexo eu conseguia vê sem sentir minhas bochechas esquentarem. Mas a sensação de vergonha logo foi substituída por outra completamente diferente, quando senti os beijos de Michael em minha nuca, indo para o meu pescoço enquanto suas mãos começaram a acariciar minha barriga por cima da sua blusa.
Gemi baixinho quando suas mãos começaram a acariciar minhas pernas , eu sentia aquela famosa, porém nova, pulsação em meu clitóris e minha calcinha começava a fica úmida. Encostei minha cabeça em seu peito e ele me deu um beijo quente nos lábios, introduzindo sua língua em minha boca e movendo-a em todos os cantos da minha boca, em um beijo completamente quente e sensual.
Ele sugou meu lábio inferior e me olhou.
- Eu amo você, Anne... – sussurrou. – Eu preciso de você.
- Eu também preciso de você, Michael. – falei no mesmo tom. – Quero fazer amor com você.
E eu realmente queria.
Na verdade, nunca quis tanto alguma coisa, como fazer amor com ele.
Ele sorriu pra mim e acariciou meu rosto.
- Tem certeza?
- Totalmente. – sussurrei
Seus dedos passearam por meus lábios e eu beijei a ponta de seu dedão, me sentindo completamente segura para fazer o que quer que tinha de ser feito. Ele umedeceu os lábios e puxou minha cabeça em sua direção, me beijando novamente enquanto me deitava na cama e se deitava por cima de mim.
Seus beijos se tornaram mais urgentes, assim como a minha necessidade de tocá-lo. Deixei minhas mãos passear por seus cabelos, seus braços, apertando seus músculos e indo para as suas costas. Ele era tudo o que eu queria. Tudo o que eu precisava e eu não queria está em outro lugar que não fosse aqui, agora, em seus braços. Seus beijos foram para o meu pescoço, e logo depois ele se ajoelhou. Ele olhou pra mim e vi o desejo consumir as órbitas negras de seus olhos, suas mãos foram para os botões de sua camisa que ainda estava em mim e ele começou a desabotoar devagar. Minha respiração começou a ficar falha. Primeiro botão, segundo, terceiro, quarto... Ele mordeu os lábios em expectativa. Quinto, sexto e o último. Ele separou cada lado da camisa, deixando meu corpo completamente exposto pra ele.
Ele se abaixou e beijou minha barriga, um pouco abaixo do umbigo e logo depois mordiscou me deixando completamente mais úmida.
- Você é linda, baby... - ele sussurrou com a voz rouca de desejo. – Completamente linda.
Seus lábios subiram e logo ele estava na altura de meus seios. Eu realmente não sei o que acontecia em mim, mas meu corpo clamava por seus lábios e seus dedos e suas mãos, e como se lesse cada uma de minhas reações, Michael tomou meu seio direito em sua boca, enquanto seus dedos brincavam com meu mamilo esquerdo.
Foi impossível conter o gemido chato que saiu de minha garganta.
Ele passou a ponta de sua língua para cima e para baixo no bico de meu seio, fazendo-o subir e descer enquanto seus dedos apertavam, esticavam e amassavam o bico de meu seio esquerdo.
Era demais para mim e eu gemi alto quando ele mordiscou meu seio .
- Isso, meu amor... Eu quero que você grite pra mim, quero me diga tudo o que está sentindo. Quero te fazer gozar bem gostoso, Anne. – ele sussurrou com a voz rouca
Aquilo era tão novo! E eu estava disposta a fazer tudo o que ele quisesse.
Ele me olhou, como se sondasse meus pensamentos e parou de beijar meu seio, substituindo sua boca pela sua mão. Ele deixou a palma de sua mão tocar de leve a o bico de meu seio, fazendo uma sensação agonizantemente deliciosa se alojar em minha garganta e em minha calcinha.
- Você quer minha boca aqui novamente, baby? – ele perguntou
Mordi um lábio pra reprimir um gemido quando ele amassou o bico de meu seio com a palma de sua mão.
- Hein, Anne... Se você não falar, eu não vou saber o que você quer...
- Eu quero. – falei com minha voz falha. – Eu quero, Mike
- Quer o que?
- Oh, Michael, por favor!
Ele queria me torturar e eu não estava acostumada com aquilo.
- Por favor, o que, baby? – sua voz estava completamente tomada pelo desejo
- Eu quero sua boca em mim, Mike.
- Agora? – ele sorriu totalmente devasso.
- Agora!
Ele passou a língua no vão entre meus seios, olhando em meus olhos, me fazendo arfar de tesão.
- Seu desejo é uma ordem, princesa. – sussurrou.
Ele voltou a dá atenção ao meu seio, sugando, mordiscando, lambendo, puxando e beliscando, me fazendo arfar. Meu corpo todo tremia eu sentia uma ligação com o meu clitóris, minhas paredes vaginais se apertavam desesperadamente e então, uma sensação libertadora perpassou em mim, fazendo meu corpo convulsionar por vários segundos, até que eu me acalmei, parando de gemer e sentindo meu coração pulsar rápido em meu peito.
- Oh... Deus! – suspirei sem saber o que dizer.
Michael olhou pra mim e sorriu, começando a beijar meu pescoço.
- O que você fez comigo, Mike?
- Te levei ao limite do prazer... – ele sussurrou, olhando pra mim.
- Oh meu Deus! Quer dizer que eu tive um... um... – eu não conseguia nem completar a frase.
- Sim. Você teve um orgasmo.
Engoli em seco aquela informação e meu rosto corou rapidamente, fazendo Michael sorrir.
- Oh não... Amor, não é pra se sentir envergonhada por isso! – ele sorriu beijando meus lábios.
- É que eu pensei que... Bem, a mulher só tinha um orgasmo quando era tocada lá. – sussurrei.
Ele balançou a cabeça.
- Nem sempre... Tem mulheres que são muito sensíveis ao toque e você é assim. Tenho certeza que posso aprofundar uma carícia em qualquer parte do seu corpo e você vai gozar. – ele disse. – Mas não se preocupe, eu também vou te dá um orgasmo te tocando lá – ele sorriu. – Um não, vou te dá vários e vários e vários.
Sorri junto com ele.
- E eu quero fazer isso agora. – ele se aproximou de meu ouvido e sussurrou – Vou te fazer gozar com a minha língua, baby.
Gemi baixinho pensando na maravilha que sua língua poderia fazer em mim. Se ajoelhando a minha frente, Michael fez com que eu me sentasse . Ele tirou sua camisa de mim e a jogou no chão e eu não senti a mínima vontade de conter a vontade que sentia de tirar toda a sua roupa. Rapidamente tirei sua blusa e logo depois tirei sua calça, deixando-o ficar somente com a boxer branca.
Que quase não cabia o volume de sua ereção. Aquela visão me fez arfar completamente e me deixou ainda mais molhada e excitada.
Michael olhou pra mim e sorriu cafajestemente, como se soubesse exatamente o que se passava em minha mente. Nos beijamos e ele me deitou novamente na cama, olhando em meus olhos:
- Quero te conhecer... Conhecer completamente esse corpo delicioso que será todo meu. – ele sussurrou e pôs suas duas mãos em meu rosto, me olhando com convicção. – Você é toda minha, Anne, foi feita sob medida pra mim. E eu sou completamente seu, de corpo e alma. Nunca se esqueça disso.
- Também sou completamente sua, Mike. Para sempre. – sussurrei.
Ele sorriu docemente e logo seus beijos desceram por meu corpo. Ele mordiscou cada um de meus seios que estavam completamente sensíveis ao seu toque, me fazendo gemer, e logo depois desceu um pouco mais. Seus lábios umedecidos passaram pelo meu abdômen, barriga, senti sua língua circundar meu umbigo me fazendo gemer baixinho e então, ele chegou ao cós de minha calcinha. Seus dedos se entrelaçaram as laterais da fina renda que cobria meu sexo encharcado e com somente um puxão ele a tirou de mim, me deixando completamente nua.
Seus olhos eram como brasa em meu corpo e eu me sentia queimar, enfiando a vergonha e a insegurança no fundo do poço e deixando a excitação tomar cada canto de meu ser. Ele sorriu e beijou meu sexo acima do monte de vênus, sua língua molhou toda a extensão da minha pele, e a curiosidade gritou em meu corpo. Me apoiei me meus cotovelos e observei atentamente tudo o que ele fazia, arfando em alto e bom som quando seus dentes mordiscaram minha virilha, logo depois molhando em cima do lugar vermelhinho com a marca de seus dentes e sugando, enquanto eu sentia a umidade sair por meu sexo, fazendo meu clitóris pulsar de desejo. Ele repetiu o mesmo ato do outro lado e subiu com a boca até o monte de vênus novamente, chupando com vontade, com força, me fazendo gemer com o prazer que eu sentia.
- Mike! – gritei.
E então, ele abaixou um pouco mais e sua língua passeou desde a minha entrada molhada até meu clitóris. Ele deixou somente a pontinha de sua língua subir e descer por cima de meu clitóris, me fazendo ofegar pelo contato e mexer meu quadril para que o contato ficasse ainda mais forte. Percebendo o que eu queria, ele pressionou meu clitóris com a língua e então, começou.
Sugar, mordiscar, lamber e chupar... Sugar, mordiscar, morder e chupar...
Rápido, lento, agonizantemente satisfatório, me impedindo de raciocinar. Eu já não me lembrava de quem eu era, só pensava em sentir.
Sentir todo aquele prazer que ele estava me dando. Seus lábios chupavam meu clitóris rapidamente, fazendo as paredes de minha vagina se contrair, se soltar e pulsar, seus dentes mordiscavam, levando a medida certa de dor e prazer naquele ponto que era o único que eu sentia em todo o meu corpo. Sua língua subindo e descendo, indo de um lado para o outro rapidamente.
Eu gritava, implorava e ele ia cada vez mais rápido, mais forte até que eu explodi novamente de um jeito muito mais intenso do que a primeira vez. Tudo rodava ao meu redor e minha cabeça pesava. Joguei-me em sua cama, sentindo o torpor do orgasmo em todo o meu corpo. Ele deu um último beijo em meu sexo e se deitou ao meu lado, apoiando-se em seu cotovelo. Ele sorria e passeava demoradamente seus dedos em minha barriga, subindo e descendo em uma carícia lenta e completamente deliciosa.
- Creio que você gostou muito, não é? – ele sussurrou em meu ouvido.
Sorri e olhei pra ele.
- Sim. Gostei muito. Muito mesmo.
- Eu gostei ainda mais. Você é completamente deliciosa, baby.
Ele roçou sua ereção completamente dura em minha cintura.
- Eu quero mais... – sussurrei.
- Mais?
- Sim. – me aproximei dele e mordisquei seu lábio. – Quero fazer amor com você.
Ele sorriu e correu suas mãos pela lateral do meu corpo até chegar a minha bunda. Ele apertou e me puxou mais para ele. Agora sua ereção estava em minha barriga.
- Quer? – perguntou me colocando deitada na cama e se deitando em cima de mim.
Assenti, mordendo o lábio e ele continuou:
- Oh, baby... – ele gemeu. – Abra as pernas pra mim.
Fiz o que ele me pediu e logo ele estava no meio de minhas pernas. Ele se ajoelhou e tirou sua cueca, me deixando ter uma visão plena de seu pênis completamente ereto, chegando a altura de seu umbigo, as veias saltitando, e a glande completamente exposta. Ele me olhou e mordeu o lábio, começando a se tocar rapidamente a minha frente, um gemido rouco escapulindo de seus lábios.
- Veja, Anne, veja o quanto eu te desejo...
Minha vontade era de me levantar e começar a tocá-lo, mas me contive. Minha boca começou a salivar rapidamente, me deixando com vontade de pôr todo o seu comprimento em minha boca e chupá-lo.
Vendo todo o meu olhar de desejo ele sorriu abertamente e se deitou novamente em cima de mim, eu podia sentir seu pênis em meu sexo. Com seu membro ainda em sua mão, ele acariciou meu clitóris em movimentos circulares, me fazendo ficar mais molhada. Rapidamente desceu até a minha entrada, me fazendo gemer.
- Oh, Anne... Está tão pronta pra mim. – ele gemeu.
Seus olhos eram completamente devassos, mas também transbordavam amor me deixando completamente excitada e segura. Ele posicionou seu membro em minha entrada e pôs suas duas mãos em meu rosto, acariciando-o.
É... Acho que é agora que tudo vai acontecer de verdade.
Seus lábios roçaram os meus e ele fez um movimento leve com o seu quadril, forçando-se para dentro de mim. Pude sentir sua glande abrindo espaço e aquilo era completamente desconfortável. Ele sugou meu lábio e impulsionou de leve mais uma vez e agora toda a sua glande estava dentro de mim me fazendo gemer com a dor inicial.
- Amor... – ele sussurrou me olhando atentamente. – Quer que eu pare?
- Não... – respondi cheia de convicção.
E eu realmente não queria que ele parasse. Queria ir até o fim com aquilo, queria fazer amor com o meu homem. Ele sorriu docemente e se impulsionou mais, e logo depois mais um pouco, abrindo espaço em mim, acomodando-se, me fazendo ofegar por conta da dor inicial até que eu senti minha barreira sendo rompida, e ele estava lá dentro de mim, enquanto eu gemia baixinho por conta da dor que ainda se fazia presente em meu sexo. Ele parou com os movimentos e pude sentir seu membro pulsar dentro de mim, enquanto ele me olhava.
- Você está bem? – ele perguntou e eu assenti.
- Quero que continue. – sussurrei.
Ele sorriu e me beijou com amor, começando a se movimentar dentro de mim. Abri ainda mais minhas pernas acomodando-o entre elas, enquanto seus movimentos se tornavam cada vez mais fortes e mais prazerosos. A dor naquele momento era somente uma pontada que aparecia uma vez ou outra e o meu corpo e a minha mente eram completamente dominados pelo prazer. Seu membro saia e entrava, indo lá no fundo, sua pélvis roçava propositalmente em meu clitóris me fazendo gemer ainda mais alto.
Michael gemia junto comigo, e acho que ele gostava muito de quando meus gemidos atingiam notas mais altas e minhas unhas corriam por suas costas, porque ele olhava pra mim e sorria completamente devasso.
Suas mãos foram para minha cintura e ele se impulsionou mais.
- Minha gostosa! – ele gemeu alto em meu ouvido.
Me apertei nele, sentindo seu membro me responder prontamente e logo depois minhas paredes vaginais se apertavam cada vez mais, enquanto o prazer me fazia gritar e ofegar.
- Isso, Anne... Goza bem gostoso junto comigo, meu amor! – ele gemeu. – Eu amo você.
Ele deu mais dois impulsos em mim e então o orgasmo veio com força, me fazendo gritar e apertá-lo em mim, enquanto ele gozava e gemia gostosamente em meu ouvido.
Capítulo 13

““O amor consome alma... E, principalmente, o corpo.””



- Eu amo você. – ele sussurrou em meu ouvido. – Muito mesmo.
Ele beijou atrás de minha orelha e se deitou ao meu lado. O sorriso idiota de satisfação não saia de meu rosto.
- Oh... Vejo que isso foi bom pra você também, não é? – ele perguntou sorrindo.
- Ah, pode apostar que sim!
Ele gargalhou pondo a mão na frente da boca e logo depois me puxou pra ficar mais perto dele. Olhei em seus olhos sentindo meu peito inflar pelo amor eu sentia por aquele homem. Naquele momento eu soube que seria capaz de ir ao inferno por ele. Faria tudo, tudo mesmo, para que ele fosse feliz.
Mas eu era tão egoísta. Eu sabia que não seria capaz de fazê-lo feliz porque o nosso relacionamento, por parte de outros, era construído em cima de interesses. Eu sabia disso, e mesmo assim não conseguia me afastar.
Tenho certeza que eu era um ser humano infeliz por fazer aquilo.
- Hei... O que houve? – ele perguntou passando os dedos pelo meu rosto.
- Nada... – murmurei.
- Anne... – ele suspirou. – Eu realmente quero te ajudar, pode confiar em mim, meu amor.
- Eu sei que sim, eu só... – mordi o lábio e balancei cabeça. – Só não sei se sou boa o bastante pra você.
- Anne, que bobagem é essa agora? Não existe essa ideia de “boa o bastante” pra mim. Eu te amo, garota, amo mesmo, nunca senti isso por ninguém e tenho plena certeza de que você é a mulher perfeita pra mim. Meu coração diz isso.
“Seu coração está enganado, Michael...” – foi inevitável pensar nisso.
- Sei que sou uma boba, mas... Você é um cara tão especial, Michael, e eu não consigo parar de pensar que eu não sou merecedora de tudo isso que você sente por mim.
- Oh, Anne... – ele me abraçou com força. – Eu sei que você não tem muita experiência com sentimentos, sabe, eu não tenho, mas não se menospreze. Você é doce, carinhosa, gentil... E é dona do meu coração. Eu sou seu, de corpo e alma.
Ele sorriu pra mim e me beijou docemente.
- Você é sim merecedora de tudo isso que eu sinto, mocinha. – ele tocou meu nariz carinhosamente.
- Tudo bem... Eu acredito em você. – falei sorrindo pra ele.
Me acomodei em seu pescoço, ainda sentindo meu coração vacilante e meu inconsciente brigando comigo por tudo de errado que eu estava fazendo. Eu o amava imensamente e era completamente egoísta.
Bem, acho que vou mesmo arder nas chamas do inferno, quando enfim a morte bater em minha porta.

***


Eu estava naquele lugar horrível novamente.
Havia mulheres deitadas naquelas camas velhas e sujas, com seringas enfiadas em seus braços. Elas estavam sujas e agonizavam, reviravam os olhos com a droga que era injetada em suas veias e as lágrimas de terror caiam desesperadamente de meus olhos.
- Aqui estamos novamente, querida... – ele riu da minha cara e me empurrou para uma daquelas camas.
Eu estava com medo.
- Eu não quero ficar aqui! Quero ir embora... Me deixe ir, por favor... – murmurei, chorosa.
Ele gargalhou.
- Oh, não... Você sabe muito bem porque está aqui...
- Mas você disse que se eu fosse uma boa menina, eu não voltaria para cá. – falei.
Ele chegou perto de mim e apertou o meu pescoço com força, me fazendo deitar na cama. Seu rosto ficou próximo ao meu e eu já não conseguia respirar mais.
- Sim, eu disse. Mas pense comigo... Você foi uma boa menina? Não fez nada do que foi pedido, e era uma coisa tão fácil! Arrancar dinheiro daquele filho da puta, mas você não fez nada disso. Você amou, e amar é um erro.
Eu não conseguia respirar e meu coração batia rápido no peito, queria respirar, queria ir embora, queria está envolta nos braços de Michael mais uma vez. Mas eu falhei, e agora eu pagava o preço de minhas próprias ações.
Comecei a me debater e tentar tirar as mãos dele de meu pescoço, tenho certeza que já estava ficando roxa e então ele me soltou. Comecei a tossir e ofegar em cima daquela cama que tinha uma colcha pegajosa e nojenta.
- Realmente eu queria te matar, se você tivesse ido pelo caminho certo tudo isso aqui seria diferente, minha vida estaria diferente, mas não, você fodeu com tudo, sua vadia! Então, quero que você sofra, mas sofra muito, sua putinha. – ele grunhiu perto de meu rosto.
Ele se afastou e se levantou da cama.
- Você está vendo-as? – ele fez um gesto com as mãos para as mulheres ao redor do quarto. – Você vai ficar como elas. E eu tô pouco me fodendo se você vai sobreviver ou não. Mas eu espero que fique viva, ainda posso tirar proveito de você. Jack! – ele gritou e um homem alto apareceu no quarto. – Cuide dela.
O homem riu e se aproximou com uma seringa em mãos, ele tentou segurar meu braço, mas eu me afastei na cama.
- Não... – murmurei.
Ele riu mais alto e pegou meu braço a força, mexendo-o com a ponta dos dedos e sem nem ao menos pôr o elástico em meu braço, ele achou minha veia. Outro homem chegou perto de mim e amarrou meu braço esquerdo na cama, e juntou meus pés amarrando-os com força. Quando terminou, ele segurou meu pulso direito e Jack apontou a seringa para mim.
- Não! – gritei e ele enfiou a seringa de uma só vez em meu braço. – Não, por favor... Eu não quero!
Ele segurou a agulha e tirou a seringa, colocando o fio preso em um saco com soro na agulha. A dor em meu braço e o medo me fazia gritar desesperada. Eu não queria está ali, não queria sofrer tudo aquilo, não queria aquela tormenta para mim.
- Deixe-a aí. Isso logo a deixará calminha...
- Não! – eu gritei novamente, agitando meu braço e sentindo mais dor. – Não me deixe aqui, não, por favor...


- Anne! Acorde, Anne, por favor!
Michael gritou e me sacudiu e eu me levantei em um pulo, sentindo meu coração retumbante em meu peito e as lágrimas caiam de meus olhos desesperadamente.
Michael me abraçou forte.
- Meu amor... O que houve? – ele sussurrou docemente.
- Eu não quero, Michael... – falei entre meus soluços.
- Não quer o que, baby?
- Não quero ir pra lá, eu não quero... Não me deixe ir, Michael, por favor...
- Ir pra onde, Anne? Fale comigo, me deixe entender.
Balancei a cabeça e chorei mais, ele não podia saber.
- Só não me deixe ir, Michael. Não deixe.
Ele suspirou e me abraçou mais forte.
- Não deixarei. Não deixarei nada de ruim acontecer a você, eu prometo.
Ele se deitou me levando consigo e me acomodou em seu peito. Eu o abracei forte e me acalmei um pouco.
- Quer falar sobre isso agora? – ele perguntou.
Neguei novamente, balançando a cabeça.
Michael suspirou pesadamente.
- Tudo bem. Vou respeitar seu tempo. – ele disse. – Quer voltar a dormir?
- Ainda estou com sono. – menti. – Você quer voltar a dormir?
- Pra falar a verdade, eu não dormi. Fiquei observando você.
- Não brinca?- perguntei, chocada.
- Verdade, você pegou no sono e eu fiquei te observando, até você começar a gritar por conta de seu pesadelo. Você é linda dormindo, parece um anjo.
- Oh... – murmurei ficando vermelha.
Michael gargalhou e me pôs deitada na cama. Ele cheirou meu pescoço, atrás da minha orelha, subiu por minha bochecha até chegar a meus lábios.
- É verdade. – ele disse. – E eu poderia fazer isso pelo resto da minha vida.
Sorri pra ele e o beijei carinhosamente, acomodando-o em meu peito. Fiquei acariciando seus cabelos até que sua respiração ficou calma e ele dormia serenamente. Suspirei pesadamente e senti as lágrimas começarem a cair por meus olhos; aquele pesadelo infeliz nunca me deixava em paz e eu sentia que nunca me livraria dele.
Ele sempre seria uma tormenta em minha vida e ficaria grudado em meu subconsciente, para sempre.

Uma Semana Depois.

O namoro com Michael ia muito bem.
Falei pra ele que parecíamos dois coelhinhos, fazíamos amor a toda hora, em cada canto que tivéssemos privacidade – o que acontecia quase sempre.
Eu queria ter capacidade o suficiente para chegar perto dele e dizer o que amava, mas dentro de mim faltava muita coisa para isso acontecer. Eu o amava de todo o meu coração, com cada célula de meu corpo, mas...
Eu sentia que se eu dissesse que o amava, e se no final ele descobrisse tudo, ele sofreria ainda mais e eu realmente não queria que ele sofresse.
E agora eu estava aqui, em Neverland novamente, em um sábado à tarde e estávamos na sala devorando todo o lanche que Remy havia preparado carinhosamente para nós. Aquela senhora havia conquistado o meu coração e eu amava muito também.
- Fazer amor te deixa com fome! – Michael falou me dando um beijo doce na bochecha.
Corei violentamente fazendo, fazendo-o rir.
- Você é ridículo! Adora me deixar envergonhada, isso não é justo, Mike! – murmurei.
- Oh, tadinha! Mas você vermelhinha é um tesão, baby. – ele sussurrou com a voz rouca.
Olhei pra ele mordendo o lábio, pensando em me jogar em seu colo e o beijar desesperadamente, mas ao vê Bill Bray adentrando a sala, a ideia fugiu sem vontade de minha mente.
- Michael, com licença. – ele pediu.
- Claro, Bill. Aconteceu alguma coisa?
- Não. É que Lara, a minha sobrinha que é detetive chegou. Lembra que marcamos com ela, hoje à tarde?
Detetive?
Um alarme soou dentro de minha mente e logo olhei para o rosto de Michael. Ele parecia sereno, mas a ideia de ter alguém investigando algo para ele me deixou completamente intrigada e desconfortável.
- Oh, claro! Pode manda-la entrar, Bill. Encontre conosco na biblioteca. – Michael disse.
Bill saiu e olhei para Michael novamente, tomando coragem suficiente para falar algo sobre aquilo.
- Detetive? - perguntei, simplesmente.
- Sim. – ele colocou seu suco de laranja em cima da mesa.
Remy veio retirar a bandeja e assim que ela saiu da sala, ele continuou.
- Estamos investigando algumas coisas dentro da Sony e Bill indicou sua sobrinha que é delegada e detetive. Talvez ela possa nos ajudar.
- Mas é algo grave?
- No começo, quando era apenas uma hipótese, não era algo grande. Mas agora está tomando graves proporções. – ele disse vendo Bill e a detetive entrar na sala. – Por isso, precisamos resolver isso logo.
Nos levantamos e seguimos para biblioteca. Logo depois Bill apareceu com a detetive, Lara e a apresentou a nós dois. Lara era uma mulher de olhos verdes, cabelos loiros presos em um rabo de cavalo rebelde no alto da cabeça. Trajava calça jeans e uma blusa larga, juntamente com seus tênis “Converse”. Não era magra, mas também não era gorda. Era somente uma mulher com cara de quem não gosta muito de conversa fiada e vai ao ponto. E, querendo ou não, percebíamos que ela estava longe de gostar de um homem. Mas, acima de qualquer coisa ela era educada e altamente inteligente.
- É um prazer, Sr. Jackson. – ela murmurou com sua grave.
Michael apertou a mão dela formalmente e logo depois ela se virou para mim.
- Essa é Anne Moore, namorada de Michael. – disse Bill.
Ela me olhou franzindo o cenho e apertou minha mão.
- Sem querer ser invasiva, mas... A senhorita é filha de Raymonds Moore?
- Sim. – respondi.
Ela olhou para seu tio com um ponto de interrogação em seu rosto, mas logo depois suavizou sua expressão.
- Oh... Desculpe-me a pergunta indiscreta, é que todos os jornais só falam na filha de Raymonds Moore, mas ainda não publicaram uma foto. Fique curiosa, me desculpe.
- Sem problema. – falei forçando um sorriso. – Mike, se você quiser eu posso esperar por você lá em cima.
“Por favor, me deixe ficar, por favor, por favor!”
- Não, baby, quero que fique aqui comigo. – ele disse para o meu total alívio.
Assenti e nos sentamos no sofá. Lara abriu sua pasta e tirou de dentro dela um papel.
- Bem, Sr. Jackson, meu tio me mandou um relatório sobre o caso e fique bastante curiosa para ouvir sua versão dos fatos. Parece que está havendo um grande roubo dentro da Gravadora Sony, isso está certo?
- Sim. Já venho percebendo isso há algum tempo, meu advogado, Bill e eu estávamos investigando, mas nosso acesso limitado. Por mais que eu seja um dos maiores acionistas da Sony, não tenho permissão para mexer em certas coisas. Juntamos o máximo provas que conseguimos achar e Bill deu a sugestão de chama-la. Talvez com uma ordem judicial, você consiga descobrir algo a mais. – Michael disse. – E, por favor, me chame somente de Michael.
Ela ficou alguns segundos em silêncio.
- Certo, Michael. Bem, investigar fraudes é uma das coisas que mais gosto de fazer, mas gosto de ir pelas beiradas. Meu estilo de trabalho é simples e objetivo: gosto de começar tudo silenciosamente para depois atacar. Primeiramente, devemos continuar do mesmo jeito: manter tudo em sigilo, trabalhar com afinco em cima de provas para quando eu impor uma ordem judicial, tudo acontecer ainda mais rápido. Se eu já tiver uma grande quantidade de provas reunidas, quando tivermos alguém como culpado é só chegar nele e atacar.
- Você quer dizer que, se continuarmos desse jeito e acharmos o culpado sem levantar alarme, será melhor? – Michael perguntou.
- Sim. Pense comigo: se a notícia de uma investigação chegar aos ouvidos de um criminoso, qual será a primeira coisa que ele vai fazer?
- Fugir? – sugeri.
- Exatamente. Não podemos dar bandeira, senão o culpado tentará limpar sua barra ou simplesmente fugirá antes que possamos fazer algo. Eu gosto muito de pegar a pessoa de surpresa, nenhum gosto é melhor do que esse. – ela disse sorrindo.
Arregalei os olhos por um segundo e prendi minha respiração. Lara realmente não estava brincando quando falava aquele tipo de coisa, o que me assustava muito. Às vezes ela me olhava, como se algo passasse em sua mente, mas ela parecia ser uma daquelas pessoas com visão periférica e o famoso ouvido tuberculoso; ela pode está olhando atentamente para você e ouvir uma respiração a quilômetros de distancia. Nunca se podia confiar muito em uma pessoa como ela e instintivamente eu soube:
Ela me traria problemas.
Capítulo 14

“Completamente sua.”



A conversa entre Michael, Lara e Bill se estendeu por quase duas horas. Meus ouvidos estavam atentos a todas as palavras proferidas por ele e eu começava a ficar mais relaxada.
Até que o nome de Raymonds foi citado.
Por um momento, pensei que Michael estava querendo dizer que Raymonds era um dos suspeitos, mas rapidamente essa hipótese foi excluída. Michael queria que ele participasse da investigação também, que me fez suspirar de alívio. Sabia que Raymonds não tinha nada a ver com aquilo, ele era um cara íntegro, apesar de ás vezes fazer algumas coisas que eu não entendia muito bem, como sua submissão a Jefrey. Michael me olhou e apertou minha mão.
- Você que Ray nos ajudará, Anne? – perguntou.
- Creio que sim, Michael. Na verdade, tenho certeza que sim. – falei.
- Você acha que ele nos dará alguma informação, Michael? – Lara perguntou.
- Sim. Raymonds trabalha na Sony há mais de vinte cincos anos, é meu amigo e sogro... Ele nos ajudará, tenho certeza.
Lara assentiu cautelosamente e se levantou.
- Bem, então terminamos nossa primeira conversa por aqui, Michael, quando eu tiver mais informações volto a entrar em contato com você.
Nos levantamos e Michael apertou a mão dela.
- Certo. Assim que falar com Raymonds, peço para Bill lhe chamar novamente, para conversarmos mais.
Lara assentiu.
- Vamos descobrir quem está cometendo essa fraude, Michael, lhe dou a minha palavra. – ela disse, convicta.
Minutos depois, Michael e eu estávamos sozinhos novamente.
- Então, baby... – perguntei me sentando ao seu lado. – O que vamos fazer agora?
Ele arqueou a uma sobrancelha.
- O que você sugere?
- Acho que você sabe o que eu quero... – murmurei.
Ele me puxou pela cintura e me pôs sentada em seu colo, sua boca agora estava a menos de um centímetro da minha.
- Hm... Se for o que eu estou pensando... – ele passou a língua pelos meus lábios, me fazendo gemer. – Você está ficando insaciável!
Bem... O que eu podia dizer naquele momento? Ele estava completamente certo.
- Um ponto para você, Sr. Jackson. – falei. – Estou mesmo ficando insaciável. – sussurrei e mordi seus lábios. – E a culpa é toda e exclusivamente sua.
Ele me olhou e me puxou para frente, pelo meu bumbum, me fazendo sentar em cima de seu membro rígido. Foi impossível conter o gemido que escapuliu de meus lábios.
- Minha? – ele murmura com a voz rouca.
Assenti.
- Completamente sua!
Coloquei minhas mãos em sua cabeça e a puxei para mim beijando seus lábios ardentemente. Aquele desejo todo que eu sentia por Michael ainda me levaria à loucura. Quanto mais eu o beijava mais eu o queria e parecia que nunca iria está plenamente satisfeita.
Eu sempre queria mais com ele.
Afastei-me um pouco começando a espalhar beijos por seu pescoço. Segui a linha de seu queixo até a sua garganta e só parei quando meus lábios chegaram à gola de seu blusão preto. Olhei pra ele sugestivamente e vi em seus olhos que ele estava disposto a me deixar seguir sozinha, assim como eu estava completamente disposta a dar todo prazer a ele.
Desabotoei o primeiro botão de sua camisa enquanto suas mãos subiam e desciam por minha perna, ora entre elas, na parte interna da minha coxa, ora em cima me deixando mais excitada do que já estava. Desabotoei o segundo botão, o terceiro, o quarto, quinto sexto e o último tirando-o dele logo em seguida. Mordi meus lábios de desejo, vendo seu peitoral nu a minha frente, subindo e descendo rapidamente por causa de sua respiração irregular. Passei a ponta da minha unha pelo seu peito bem devagar, ouvindo-o gemer gostosamente enquanto jogava a cabeça pra trás.
Foi a minha deixa.
Agachei-me um pouco e comecei a beijar todo o seu peito, descendo pela garganta, passando por seu tórax. Ele levantou olhando pra mim e com nossos olhos conectados, circundei seu mamilo esquerdo com a minha língua e mordisquei rapidamente, sentindo-o se agitar debaixo de mim e abrir a boca para respirar. Repeti o mesmo ato no outro.
- Oh... Anne! – ele gemeu passando a mão pelos cabelos.
Sorri safadamente, sem timidez nem vergonha e sai de seu colo, me ajoelhando a sua frente. Continuei a beija sua barriga, descendo pelo seu abdômen até chegar ao cós de sua calça. Beijei sua ereção por cima do pano e pude sentir sua pulsação rápida, me deixando ainda mais excitada por vê-lo tão teso para mim. Levei meus dedos até o cós de sua calça e desabotoei o botão, logo a tirando de seu corpo. Seu membro ereto pulou rapidamente assim que o pano da calça o deixou livre, me fazendo arfar e ficar com água na boca.
Joguei a calça em um canto qualquer junto com suas meias e sapatos e olhei pra ele com um sorriso safado nos lábios. Peguei seu membro em minhas mãos e comecei a tocá-lo lentamente, começando pela glande e descendo por toda a sua extensão até chegar a sua pélvis. Ele gemeu e abriu a boca respirando rapidamente.
Passei a língua pelos lábios, umedecendo-os e comecei a espalhar beijos por sua coxa, chegando a sua virilha e quando estava perto de seu membro, Michael pôs dois dedos em meu queixo, me fazendo olhar pra ele.
- Você quer mesmo fazer isso? – ele perguntou completamente ofegante.
- Quero. Muito. – murmurei com convicção. – Se eu fizer algo errado, me avise...
Ele mordeu o lábio inferior e assentiu. Acelerei um pouco o ritmo de minha mão em seu pênis e aproximei meus lábios a sua glande que estava completamente molhada. Beijei-a, sentindo o sabor agridoce que seu liquido tinha e logo depois passei a ponta da minha língua nela. Michael gemeu baixinho e repeti o movimento com mais precisão dessa vez, logo depois entreabrindo meus lábios e colocando sua glande em minha boca. Chupei lentamente, sentindo os quadris de Michael se movendo abaixo de mim, tentando fazer com que seu membro entrasse mais em minha boca. Chupei novamente e senti a mão de Michael em minha cabeça, acariciando-a enquanto ele me olhava atentamente.
Deixei somente meu polegar e o indicador segurando e se movimentando na base de seu membro e desci minha cabeça, colocando-o em minha boca e começando a sugar rapidamente e lentamente, intercalando o modo como sugava e a velocidade. Michael começou a gemer alto e forçar minha cabeça para baixo, deixei que ele ditasse meu ritmo por um momento e ele forçou minha cabeça até que seu membro chegasse em minha garganta e logo depois me puxou pelos cabelos até que minha boca cobrisse somente sua glande. Sem deixar que ele assumisse o controle novamente, comecei a chupá-lo do jeito que eu queria, torturando-a com a velocidade extremamente lenta.
- Oh, Anne... Rápido. – ele gemeu em agonia.
Olhei pra ele e sorri minimamente, começando a aumentar a velocidade de meus lábios. Seu membro pulsava em resposta pra mim e quando dei uma atenção especial a glande novamente, Michael puxou meus cabelos ainda mais forte.
- Oh baby, eu vou gozar na sua boca se continuar assim. – ele disse.
E era exatamente aquilo que eu queria que acontecesse. Comecei a sugar fortemente sua glande enquanto minha mão movia em sua base. Seu pênis pulsou novamente e de novo e ele moveu o quadril, estocando pra dentro de minha boca, me fazendo sentir seus jatos rápidos em minha garganta. Engoli cada gota sem desperdiçar nada e ele gemeu alto, chamando meu nome em ladainha repetidas vezes. Quando se acalmou eu beijei a base de seu membro até sua glande vermelhinha olhando em seus olhos.
Ele sorriu e acariciou meus lábios com a ponta dos dedos.
- Você tem uma boca deliciosa, amor...
- Então você gostou? – perguntei.
- Oh, baby, você sabe que sim. – ele sorriu e me pegou pelos braços me fazendo ficar de pé a sua frente.
Pensei que ele ficaria de pé, mas não. Ele continuou sentado e beijou minha barriga, circundando meu umbigo com sua língua e abaixando seus lábios até que estivessem no cós de meu short jeans. Ele me olhou e desabotoou meu short com seus dentes de uma forma completamente ágil e sexy, me deixando molhada em expectativa. Ele levou os dedos até meu short e o abaixou levando minha lingerie junto. Eu mesma tirei minha blusa e meu sutiã, ficando completamente nua a sua frente. Ele sorriu e cheirou minha intimidade, seu nariz se encostando ao monte de vênus, me excitando.
Então, ele se levantou rapidamente e me beijou, andando comigo para trás e só parando quando eu senti algo em minhas panturrilhas.
- Sente-se. – pediu me empurrando gentilmente.
Sentei-me na poltrona que havia atrás de mim e ele se ajoelhou a minha frente.
- Quero que chegue para trás e encoste suas costas na poltrona. – fiz o que ele pediu e o assenti. – Agora, vamos ficar mais confortável.
Ele sorriu de lado e pegou minha perna esquerda, colocando-a em cima do braço da poltrona e repetiu o mesmo gesto com a outra perna, pôs as mãos em minha cintura e me puxou para baixo. Agora eu estava completamente aberta, meu sexo bem perto de seus lábios, a sua mercê.
- Anne, você não imagina o quanto está sexy assim. – ele murmurou com a voz rouca.
Mordi o lábio, rezando para que minha timidez não voltasse agora, mas foi inevitável. Michael sorriu.
- Eu gosto dessa cor em suas bochechas, te deixa tão sexy. – ele disse. Mordeu os lábios e olhou para o meu sexo, seu dedo indicador começando a massagear o monte de vênus, fazendo com que meus grandes lábios roçassem em meu clitóris. – Você uma boa menina me fazendo gozar tão gostoso daquele jeito... Precisa de uma recompensa, não é mesmo, amor?
Ele me olhou e eu mordi os lábios, assentindo.
- E o que você quer como retribuição?
Os cantos de seus lábios se curvaram em um sorriso.
- Você sabe... – sussurrei mexendo meus quadris para que o contato ficasse mais forte.
Ele balançou a cabeça.
- Não, eu não sei... Você tem que me dizer detalhadamente.
Ele aumentou a velocidade de seus dedos em minha pele e eu sabia que só com aquele movimento simples eu poderia gozar. Meus lábios roçavam em meu clitóris em movimentos circulares, fazendo minhas paredes vaginais se contraírem.
- Vamos lá, amor... Só me diz o que quer.
Mordi meus lábios e levei meus dedos até minha intimidade, parando em cima de seus dedos em minha pele.
- Eu quero sua boca aqui... – falei.
Ele sorriu abertamente.
- Eu sei que quer. – murmurou. – E você quer gozar com a minha boca?
- Quero.
- Muito?
- Muito. – respondi.
Ele passou a língua pelos lábios sedutoramente.
- Seu desejo é uma ordem, amor. – ele sussurrou.
Olhando para mim, Michael se abaixou no meio das minhas pernas e somente cheirou minha intimidade. Ele desceu seus dedos e colocou o indicador do lado direito e o polegar do lado esquerdo da minha intimidade, começando a acariciar devagar. Agora meus lábios pressionavam meu clitóris de uma forma mais precisa, me fazendo gemer alto. Ele passou o a língua pelo meu monte de vênus e deu um beijo, afastando meus lábios vaginais com os dedos. Seu dedo médio da mão esquerda circundou minha entrada molhada e subiu até meu clitóris, espalhando minha excitação por todo meu sexo.
- Oh... Tão molhada, meu amor...
Ele sorriu e trocou seu dedos por sua língua. Ele aproximou sua língua de meu clitóris e o circundou lentamente, me torturando. Gemi baixinho e ele abriu sua língua em cima de meu clitóris, roçando propositalmente e começou a fechar e abrir meus lábios vaginais. Conforme ele os fechava, meus lábios faziam pressão em sua língua, fazendo-a pressionar meu clitóris fortemente e quando abria, sua língua roçava em mim me fazendo gemer por conta do contato. Ele repetiu os gestos várias vezes até que soltou meus lábios e enfiou seu dedo médio em meu sexo, rápido e forte, movendo-o rapidamente e sugando meu clitóris com força, me fazendo gemer e alcançar lugares inimagináveis com o prazer que ele estava me fazendo sentir.
Comecei a mover meu quadril em direção a sua boca e minhas paredes vaginais começaram a apertar seu dedo vagarosamente. Gritei e então, gozei desesperadamente em sua boca, sentindo suas sugadas e estocadas diminuírem aos poucos.
- Você é deliciosa, baby... – ele gemeu.
Quando o torpor pós-orgasmo deixou minha mente, abri meus olhos e vi Michael. Ele começou a beijar minha coxa e me puxou pela cintura até que eu estivesse no chão junto a ele.
Ele me beijou fortemente, reivindicando-se em mim e me deixando provar de meu gosto em seus lábios. Gemi baixinho e ele me olhou.
- Vire-se de costas, fique de joelhos e se segura na poltrona. – ele pediu e mordeu o lóbulo de minha orelha.
Fiz o que ele me pediu e senti suas mãos em minha cintura, ele me puxou para trás até que eu ficasse quase de quatro.
- Agora, empina esse bumbum lindo pra mim. – ele pediu.
Mordi o lábio e empinei meu bumbum pra ele. Ele acariciou minhas nádegas e se aproximou, podia sentir seu membro ereto e quente em minha nádega direita. Ele levantou um pouco mais meu bumbum e eu me empinei mais, e então, ele entrou em mim torturantemente devagar.
- Oh... – gemi apertando os olhos.
Eu sentia cada centímetro entrando em mim, abrindo espaço e me atingindo lá no topo, me fazendo revirar os olhos. Michael beijou minha nuca e minhas costas e então, saiu de mim.
- Quer mais rápido? – perguntou.
- Sim... – respondi.
Senti seu sorriso em minha nuca e ele entrou lentamente de novo, quando seu pênis chegou ao topo ele saiu rapidamente e antes que eu pudesse piscar, ele me penetrou rápido e forte.
- Michael! – gemi.
Ele começou a rebolar dentro de mim, seu pênis fazendo círculos dentro de meu sexo, comecei a me apertar dentro dele e então, gozei novamente, sentindo meu corpo convulsionar.
- Baby... Que delícia. – ele murmurou.
Respirei fundo e ele saiu de dentro de mim.
- Mais você vai gozar de novo, e dessa vez vai ser junto comigo.
Ele lambeu minha nuca e entrou em mim, bem rápido, começando a estocar fortemente, gemendo em meu ouvido e me arrastando junto com ele. Comecei a ofegar, sentindo-o me atingir naquele ponto que mais me dava prazer, rápido e forte, saindo e entrando e então...
- Agora, amor, goza bem gostoso comigo. – ele rosnou.
Ele saiu de dentro de mim e entrou novamente, estocando mais duas vezes e gozando dentro de mim, me levando junto consigo ao topo do prazer.
Capítulo 15

“Desvendar mistérios é algo excitante. E completamente chocante.”



Apartamento de Lara.

- E então, Lara... Achou algo sobre Raymonds? – Bill perguntou, se sentando no sofá.
O apartamento temporário de Lara era bem arrumado e simples. Nada que chamasse verdadeira atenção, exceto a mesa de seu computador. Lara era adepta a alta tecnologia, ela tinha vários acessórios que ajudavam em sua busca por informações, pistas e provas. Nesse momento, estava dividida entre investigar sobre a fraude na Sony e a vida de Raymonds Moore.
- Eu não achei nada sobre o filho da puta! – ela grunhiu colocando um copo com uísque em cima da mesa, em direção ao seu tio. – O cara não tem um erro. Sua conta bancária é limpa, seu histórico é limpo, nada que o incrimine nem denigra sua imagem. Bem... No fundo estou começando a achar que o problema não é ele.
- Oh não acredito que até você está caindo na lábia dele, Lara? – Bill perguntou exasperado.
Lara encheu seu copo com uísque e se sentou na poltrona, encarando seu tio firmemente.
- Pense bem, Bill... Eu investigo a vida de Raymonds a um bom tempo, você sabe o quanto sou chata e minuciosa, não paro até que tenha algo de concreto em minhas mãos. Mas não tem nada, uma única coisa, no histórico dele que o incrimine. Nem ao menos uma coisa que faça com que eu tenha suspeita de algo. Simplesmente nada. Ele é um homem correto a minha vista e a vista da lei.
- Por isso mesmo, Lara, ele é muito certo pra ser realmente inocente! – Bill exclamou.
- Michael também é muito certo e mesmo assim o senhor nunca suspeitou de nada dele, não é mesmo?
- Conheço Michael há quase quinze anos, Lara, não misture as coisas, por favor. Raymonds é... Dissimulado. Cínico. Só de olhar pra ele eu percebo que ele esconde algo.
- E o que é que ele esconde, Bill? – ela perguntou. – Diga-me o que acha sobre ele.
Bill suspirou pesadamente.
- Eu não sei, Lara, realmente não sei, mas ele esconde algo. Como a filha dele, Anne. De onde aquela menina surgiu? Há dois anos atrás ninguém sabia da existência dela e agora ela aparece como sua filha e legítima herdeira? E como se não bastasse se aproxima de repente de Michael? É uma coisa muito estranha pra ser simplesmente ignorada.
- Realmente essa história de ele ter uma filha me pegou de surpresa... Tudo o que sei é que ela sempre estudou fora dos EUA, para que sua vida fosse preservada dos tabloides e nada mais.
- É só isso que sei também. E que Michael também sabe. Ela é doce demais, tímida demais... Tudo o que é de bom ela tem demais.
- Você acha que ela pode fazer algo de ruim para Michael?
- Bem eu realmente não sei, mas suspeito. Ela é muito quieta, misteriosa... Sempre atenta a tudo e Michael está completamente apaixonado por ela...
- E ela por ele? – Lara perguntou tomando notas em sua mente.
- Ela deixa transparecer que sim, mas também não estou muito certo disso.
Eles ficam um tempo em silêncio e Lara recomeça a falar:
- Bom, sabemos que Jefrey é ruim, isso é um fato. Só de olhar pra ele você sente a ganancia e, infelizmente, nunca achei nada sobre ele também. Se ele faz alguma, faz muito bem feito, pois não deixa nenhuma sujeira por debaixo do tapete. Se quisermos descobrir algo, temos que partir de um ponto.
- Quero que deixe Raymonds um pouco de lado e procure sobre a vida de Anne Moore. Quero tudo sobre essa garota e não pare até que tenha algo de concreto em mãos. – Bill disse.
Lara assentiu.
- Certo, farei isso. Assim que encontrar algo entro em contato com você.
A conversa entre eles se estendeu mais um pouco até Bill ir embora. Lara se levantou e foi até a mesa de seu computador, tirando um caderno de dentro de uma gaveta e abrindo-o. Ali estava todas as suas anotações sobre a vida de Raymonds Moore. Ela pula as páginas até chegar em uma folha branca, pega uma caneta e escreve:


“Vida de Anne Moore.”


E então, começa a sua minuciosa pesquisa em busca de informações da garota do Rei do Pop.


***


Havia se passado um mês desde a conversa de Lara com Michael. A última vez que a vi foi quando ela foi a minha casa para conversar com Raymonds. Ele se mostrou completamente disposto a ajudar em tudo que fosse necessário, disse que também estava desconfiado de que estava acontecendo uma fraude na Sony e deu a Lara alguns documentos da gravadora para que ela pudesse estuda-los. Confesso que fiquei extremamente aliviada. Por um momento pensei que ela pudesse prejudicar a mim e a Michael.
As consequências seriam irreversíveis se ela fizesse isso.
Meu relacionamento com Michael estava cada vez melhor. Eu estava tão feliz! Ele era perfeito, me completava, me fazia devassa e tímida, amada e realizada. Nunca pensei que pudesse ser tão feliz. Eu o amava de todo o meu coração; apesar de ainda não saber expressar isso muito bem.
Agora eu ficava mais em Neverland do que em minha própria casa. Jefrey não me importunava mais por conta disso. Era sempre bom manter distância dele. Raymonds adorava Michael e adorava ainda mais o nosso relacionamento. Michael ficava muito feliz ao vê que ele nos aprovava.
No momento, Michael e eu estávamos envoltos em nossa “bolha”, estávamos em seu quarto vendo um filme qualquer que passava na TV e nos beijando e rindo o tempo todo. Eu amava ficar daquele jeito com ele, principalmente porque depois de todo aquele “amasso” acabávamos nos amando mais uma vez.
Ele estava começando a aprofundar as carícias em meu corpo, beijando meu pescoço e enfiando a mão dentro de minha blusa, até que escutamos batidas na porta.
- Oh, não... – ele murmurou. – Não quero atender.
Sorri e olhei pra ele.
- Mike, vá atender a porta... Talvez seja uma coisa importante.
- Certo... – ele suspirou pesadamente e saiu da cama, indo em direção a porta.
Assim que ele a abriu, pude escutar a voz de Remy.
- Menino, desculpe interromper, é que Lara está lá embaixo com Bill. Ela disse que precisa falar urgentemente com você e Anne.
- Com Anne também? – perguntou.
- Sim, com ela também.
- Tudo bem, Remy, diga que já estamos descendo.

No mesmo momento senti meu coração se apertar. O que será que ela tinha para falar comigo?
Ele fechou a porta e me olhou.
- Lara está aí e quer falar com nós dois. – ele se aproximou de mim. – Venha, continuamos daqui a pouco.
Me levantei e ele sorriu safadamente.
- Ora, Sr. Jackson, depois sou eu quem é insaciável, não é mesmo? – perguntei forçando um sorriso.
Ele me abraçou por trás, andando em direção à porta.
- Nós somos insaciáveis, melhor assim?
- Bem melhor.
Rimos e saímos do quarto. Remy nos encontrou no pé da escada, falando que Lara e Bill nos esperavam no escritório. Nos dirigimos até lá e assim que entrei senti o clima tenso.
Cumprimentamos Bill e Lara e nos sentamos logo em seguida.
- E então, Lara, me trouxe boas notícias? – perguntou Michael.
Ela e Bill se entreolharam e depois nos olharam de volta.
- Bem, Michael, não posso dizer que é uma boa notícia, mas... Acho que vai acabar nos ajudando em algo, futuramente.
Michael franziu o cenho.
- Não entendi... O que quer dizer, Lara?
- Certo. Vou direto ao ponto. – ela fez uma pausa e abriu sua bolsa tirando uma pasta de dentro dela. – Eu comecei a fazer uma investigação sobre a vida de Anne e...
- Anne? – Michael perguntou. – Como assim sobre a vida de Anne? Bill...
- Espere, Michael, escute o que ela tem a dizer. – ele disse.
Engoli em seco e apertei a mão de Michael, olhando pra ele em desespero.
- Continue, Lara. – Bill pediu.
- Bom... Eu descobri várias coisas bem interessantes...
- O que descobriu? – perguntei em um tom áspero.
Meu coração pulsava de medo e terror. Ela me deu um olhar acusatório e jogou a bomba em cima de nós:
- Bem, descobri que Anne Moore, filha de Raymonds Moore está morta desde o ano de 1979.
Capítulo 16

“O amor é um sentimento sublime. E forte demais, capaz de sofrer no lugar do outro.”


Cerca de uma hora depois chegamos à casa de Raymonds. O motorista desceu do carro e abriu a porta para mim. Assim que sai do carro pude vê a figura imponente de Sra. Jones no hall da casa, olhando-nos com uma expressão impassível, mas eu sabia que ela se perguntava o porquê de estarmos ali.
Michael olhou pra trás e esperou por mim. Assim que havia chegado mais perto dele, ele se virou e começou a andar em direção ao hall. Cumprimentei Sra. Jones e entrei logo depois de Michael. Raymonds e Jefrey estavam sentados na sala e assim que nos viram, se levantaram. Raymonds sorriu e Jefrey estreitou os olhos me analisando e percebendo que havia algo errado.
- Michael, que bom revê-lo. Como vai? – Raymonds perguntou, estendendo a mão para Michael.
Michael simplesmente olhou pra ele e ignorou.
- Eu só vim aqui porque quero saber sobre uma coisa, Raymonds. – Michael começou. – Quero que me explique... Se sua filha, Anne Moore, morreu há quinze anos atrás, quem é essa mulher?
Raymonds arregalou os olhos.
- O que? Como assim Anne está morta? Está ficando louco, Michael? – ele perguntou.
Vi a mandíbula de Jefrey ficar cerrada e suas mãos se fechar em punho.
- Não adianta mentir, Raymonds, eu já sei de tudo! - Michael falou.
- Sabe de tudo o que? – Raymonds perguntou.
- Sei que Anne morreu em um acidente com sua esposa há quinze anos!
Raymonds respirou fundo, apertando os olhos fortemente e logo depois se virou para Jefrey. Sua expressão demonstrava toda a dor que estava sentindo.
- Jefrey... O que é que ele está falando?
- Só falta falar que você não sabia que sua filha estava morta. – disse Bill.
- Mas eu não... Eu não sei de nada disso, eu... Jefrey me explica isso, pelo amor de Deus! – ele pediu.
Jefrey suspirou.
- Como vocês descobriram isso? – perguntou.
- Eu descobri. Sou policial e resolvi investigar sobre a vida de Anne Moore. Não foi muito difícil descobrir que ela morreu com sua mãe no ano de 1979 e que está enterrada em Londres, bem longe do jazigo da família Moore, não é?
- Mas Elizabeth está enterrada no jazigo de nossa família. No mesmo lugar onde meus pais estão. – Raymonds disse.
- Mas Anne está em Londres, em um cemitério popular. Sua lápide está mal cuidada, parece que há muito tempo ninguém da família se interessou em cuidar da lápide dela. – disse Lara.
- Anne não está morta! - Raymonds gritou. – Anne está aqui, ela está aqui, na nossa frente, essa mulher linda é a minha filha. Minha e de Elizabeth, todos você estão mentindo!
Ele começou a andar desesperado de um lado para o outro, chorando compulsivamente. Michael arregalou os olhos.
- Ele não sabe? – ele perguntou olhando pra mim.
- Não... – sussurrei.
E Raymonds realmente não sabia. Lembro-me até hoje do que Jefrey me disse há quinze anos atrás:
“Ele não sabe que você não é Anne e você não vai contar, ouviu bem, sua putinha?”
Eu tinha somente cinco anos na época, estava assustada e não sabia o que aconteceria comigo. Só sabia que Jefrey era um homem mal que me batia muito e que me mandava fazer as coisas. Como até hoje faz.
- Então, é muito pior do que eu pensava... Você é pior do que eu pensava. – ele disse olhando pra mim. – Além de me enganar, você enganou a Raymonds também? Que tipo de ser humano é você, garota?
- Do tipo que não presta. – murmurei. – Do tipo que é horrível. Eu sou horrível.
- Não! Não diga isso, Anne, você é minha filha, todos eles estão loucos, querida, estão mentindo... – Raymonds disse vindo até a mim.
- Não, Raymonds... Todos eles estão falando a verdade. Eu não sou sua filha... Eu sinto muito.
Raymonds me olhou com os olhos marejados. Eu sentia tanta pena daquele homem, ele me amava como sua filha e eu o enganei também, estava o fazendo sofrer.
- Você é mesmo horrível. – disse Michael, completamente decepcionado. – Vocês são horríveis! – ele olhou para Jefrey. – O que queria com isso, Jefrey? Arranjar mais dinheiro?
- Eu não tenho nada a declarar. Desconheço tudo isso que vocês estão falando. – ele disse.
- Ah, desconhece? – perguntou Lara, rindo. – Bem, infelizmente eu não tenho provas contra você, mas assim que eu tiver pode ter certeza que você estará atrás das grades e você... – ela apontou para mim. – É só esperar, logo, logo você estará atrás das grades, também, garota.
- Raymonds, eu... Eu realmente sinto muito. Você é pai, acho que nem consigo imaginar o que está sentindo agora, me desculpe fazê-lo descobrir sobre tudo desse jeito. – Michael disse. – E quanto a você... – ele me olhou. – Eu ainda não consigo acreditar que pode existir alguém tão frio assim.
- Não, eu não sou fria, Michael, por favor, não diga isso... – eu não era fria, não era! – Eu... Eu te amo...
Ele me olhou, surpreso. E eu só me sentia pronta pra falar tudo o que eu sentia; mesmo sabendo que era tarde demais.
- Eu te amo muito, Michael. Como nunca amei alguém em toda a minha vida. Eu sei que você não vai entender os meus motivos pra fazer tudo isso, eu sei que sou horrível, que eu só trouxe sofrimento a você e a Raymonds eu sei de tudo isso, mas eu só... Só amo você.
- Eu não quero um amor assim. – ele grunhiu. – Eu não quero seu amor, eu quero que você... – ele serrou os dentes e balançou a cabeça. – Só quero que você suma da minha vida e pare de fazer as pessoas sofrerem dessa forma.
Senti meus olhos marejarem.
- Vamos embora, Bill. Não temos mais nada pra fazer aqui.
Michael, Bill e Lara foram embora e Raymonds saiu da sala, indo em direção à biblioteca. Eu queria falar com ele e pedir desculpas por tudo o que fiz, mas antes que eu pudesse fazer algo o olhar furioso de Jefrey me fez ficar parada em meu lugar.
- Agora o assunto é entre nós dois, sua vadia! – ele falou em um tom baixo.
Quanto mais baixo ele falava, mas furioso ele estava.
Ele se aproximou de mim e me puxou pelos cabelos, fortemente. Sentia meu coro cabeludo sendo forçado para fora de minha cabeça e as lágrimas de dor convertiam em meus olhos. Pelos cabelos, ele me fez subir as escadas ao seu lado e chegou ao meu quarto.
Ele me soltou o trancou a porta. Assim que se aproximou senti sua mão bater com força em meu rosto.
- Você vai apanhar tanto, Mandy, tanto, que nunca mais esquecerá o que acontece quando me desobedecem.
 
Capítulo 17

“Eu sei que vou te amar... Por toda a minha vida eu vou te amar...”


Música – Eu sei que vou te amar.

- Espero que agora você tenha entendido o que eu lhe disse, Mandy. Pena que eu fiz isso tarde demais, talvez, se eu fosse um pouco mais duro com você, Michael não descobriria a verdade. Mas você ainda vai pagar pelo o que fez, garota, e você sabe disso.
Escutei a porta de meu quarto ser fechada com força e ouvi a chave sendo girada na fechadura. Eu não conseguia me mover. Estava deitada no chão, minha blusa estava levantada e eu tenho certeza que minhas costas estavam sangrando por conta das chibatadas que levei do cinto de Jefrey.
Ele me batera sem piedade alguma. Uma, duas... Vinte vezes em minhas costas e pernas, e mesmo me ouvindo chorar, implorar, ele não parava. E então, agora eu só me sentia incapaz até mesmo de respirar. Eu sabia que aquilo aconteceria, mas acho que nenhum ser humano está preparado para sofrer até esse ponto.
Olhei para a janela e vi o sol se pondo lentamente. Sempre fui uma menina apegada a Deus e eu achava maravilhoso toda à natureza que ele criou e nesse momento, olhando o sol se pôr e sentindo as lágrimas saindo de meus olhos eu só pedia para que ele protegesse Michael e meus pais. Eu sabia que Jefrey era um cara sem escrúpulo algum, então, eu tinha quase certeza que ele não pararia de se vingar de mim.
Quando fui sequestrada, há quinze anos atrás, Jefrey foi bem claro em suas ameaças:
“Você só tem que fazer uma única coisa: me obedecer. É simples. E se você não fizer isso, pode ter certeza que seus queridos pais sofrerão as consequências.”
Eu só tinha cinco anos! Nem sequer imaginava o que era “sofrer as consequências”, eu era só uma criança inocente, que era feliz com seu pai e sua mãe, que tinha o exemplo de nunca, jamais, mentir, em hipótese alguma e de repente tudo aquilo fora tirado de mim de um modo perverso e cruel. Em um dia eu tenho um lar e no outro eu tinha que chamar de pai, um cara que nunca vi em toda a minha vida.
Era demais pra mim e eu apanhei muito até entender que eu não era mais Mandy Sulivan e sim Anne Moore. E eu tinha que lutar todos os dias contra a enorme saudade que eu sentia de meus pais para protege-los e então...
Eu falhei miseravelmente.
Um dos capangas de Jefrey me disse algo que nunca ousei esquecer:
“Aprenda uma coisa, baixinha... Amar é um erro.” Disse ele. “Se você ama, você esquece seus objetivos, esquece suas razões. Então, simplesmente não ame. Nunca.”
Eu amo Michael, muito, e não me arrependo disso. A única coisa que aquele capanga falou de certo é que, quando amamos, esquecemos nossa razão. Por um momento eu esqueci minha razão enquanto estava com Michael; pensei que poderia ser realmente feliz ao lado dele, sendo Anne Moore. Mas, como sempre, eu estava completamente enganada e deu tudo errado.
“Que eu sofra no lugar deles.” Pedi a Deus, silenciosamente em meus pensamentos. “No lugar de cada um deles, por todos eles. Não deixe que nada de ruim aconteça a Michael e aos meus pais, por favor... É só o que peço.”
Talvez Ele me escutasse... Eu tinha esperanças que sim.
Tentei me mover, mas a dor em minhas costas me impediu de continuar, então, vencida pelo cansaço, sentir meus olhos pesarem e me entreguei ao sono.

***


- Acorde, Mandy!
Ouvi Jefrey gritar ao fundo.
Abri meus olhos lentamente e vi a janela a minha frente com a Lua cheia bem alta. Jefrey me olhou e me puxou rapidamente pelos cabelos me pondo de pé.
- Jefrey, pare, por favor... – pedi baixinho sentindo todo o meu corpo protestar.
Eu mal conseguia ficar de pé.
- Cala a boca! – ele gritou e me puxou até que ficasse de pé ao seu lado. – Fique quieta, nem respire se ainda quer ficar viva.
Engoli o nó que se formava em minha garganta e comecei a andar ao seu lado, mordia meus lábios com força, impedindo os gemidos de dor sair por minha garganta. Descemos as escadas e vi que a casa estava toda escura. Passamos pela sala e pelo hall e logo saímos, nos deparando com uma van preta.
Um cara abriu a porta e Jefrey me jogou dentro do carro, a parte traseira não tinha nenhum banco, então, caí sentada com força.
- Jefrey, aonde vamos? – perguntei.
- Eu não vou a lugar algum, você é quem vai. Acho que já pode imaginar onde, não é?
Assenti, enquanto a imagem daquele lugar horrível vinha a minha mente.
- Jefrey... – o chamei e ele me olhou, com raiva. – Posso falar uma coisa?
Ele olhou para o cara, fazendo-o se afastar. Logo depois me encarou novamente.
- O que é, Mandy? – grunhiu.
- Só não... – engoli em seco. – Só não faça mal aos meus pais e a Michael, por favor.
- Você não está na condição de pedir isso, Mandy!
- Por favor, Jefrey, por favor! – ele revirou os olhos e bateu a porta da van com força. – Jefrey! – gritei. – Por favor, não faça nada, por favor!
O homem vestido de preto entrou na van e fechou a porta com força.
- Calada, garota. – ele grunhiu e fechou a janelinha que dava acesso a parte de trás da van.
Me sentei encolhida em um canto, sabendo muito bem para onde estava indo e o que me aguardava daqui pra frente. Engoli em seco, permitindo que o choro me pegasse novamente e começando a fazer algo que não fazia há muito tempo: Cantar.
Comecei a cantarolar uma canção que minha mãe sempre cantou para mim, ela era a única música que eu sabia em português e sabia realmente seu significado. Eu gostaria de cantá-la para Michael, ela traduzia exatamente tudo o que eu sentia por ele.
- Eu sei que vou te amar... Por toda a minha vida eu vou te amar... Desesperadamente, eu sei que vou te amar... E cada verso, meu, será, pra te dizer que eu sei que vou te amar, por toda a minha vida...
E eu realmente o amaria, para sempre.
       

Capítulo 18

“Decepção nem sempre é uma coisa que o ser humano é capaz de lidar.”


Michael saiu da casa de Raymonds e foi para casa no mesmo carro em que havia trago Anne. Queria ficar sozinho.
Ainda não entendia como alguém poderia ser tão falso como Anne ou... Bem, como aquela mulher que se passará por uma garotinha morta para ganhar dinheiro. Nessas horas tinha raiva de ser quem era porque só atraia pessoas de má índole. Pensava que, talvez, se ele fosse um homem normal, sem dinheiro e fama conseguiria encontrar alguém que se aproximasse sem segundas intenções.
Mas o pior de tudo naquela história era que ele se apaixonara por aquela mulher. Bem, ele se apaixonara por Anne, a menina doce e tímida, que era virgem e estava disposta a ser dele. Mas Anne estava morta e aquela era uma mulher falsa, fria e interesseira. Ele tinha que se esquecer de Anne, esquecer-se daquele amor e seguir em frente.
Mas seu coração ainda estava com ela, e era difícil libertá-lo de suas mãos.
Quando o carro adentrou os portões de Neverland, Michael saiu do carro e foi em direção à casa principal.
- Michael... – Bill o chamou.
- Eu não quero falar com ninguém! – Michael se virou para Bill. – Eu só quero ficar sozinho, Bill, por favor...
- Tudo bem, Michael... Qualquer coisa eu estou aqui, certo?
Michael assentiu e foi em direção as escadas, se trancando em seu quarto. Ainda podia sentir o cheiro dela ali dentro, o som de sua risada. Era só fechar os olhos que poderia vê-la novamente, com seu rosto avermelhado, sua timidez, sua doçura... Podia sentir seu corpo em seus braços e escutar seus gemidos quando estavam se amando.
Sentiria muito a falta dela. Estava completamente decepcionado, arrasado com tudo o que aconteceu, mas estava acostumado a vê-la quase todos os dias, a beijá-la e amá-la e seria muito, muito difícil se acostumar com sua ausência.
Mas teria que tentar, porque Anne estava morta.
E o sentimento que ele sentia por aquela mulher tinha morrer, também.


***


- Você aqui de novo, baixinha? – Joshua, um dos capangas de Jefrey, riu pra mim. – Estava demorando... Quer dizer que você desobedeceu nossas ordens, hm?
Ele chegou perto de mim e estendeu a mão para que eu saísse da van. Olhei desconfiada.
Normalmente eles eram brutos, me puxavam pelo cabelo e me tirava de algum lugar sem a mínima delicadeza, e agora ele estava sendo quase gentil?
- Vamos, Mandy, não tenho o tempo todo. – ele disse revirando os olhos.
Pus minha mão em cima da dele, esperando que ele me puxasse com força, mas ao invés disso ele me tirou do carro com delicadeza. Mesmo assim o mínimo gesto fazia todo o meu corpo protestar em dor. Ao ver minha careta ele me virou de costas e levantou minha blusa rapidamente.
- Vejo que Jefrey fez um estrago dos grandes em você, baixinha... – ele abaixou minha blusa e me virou para si novamente, pegando em minha mão. – Vamos, cuidarei disso.
- Por que está sendo gentil? – murmurei.
Ele me olhou.
- Acho que eu fui o único que não te tratou mal, não é mesmo? Eu só te dei um conselho, Mandy, falei que amar era um erro... Mas parece que você ignorou o que eu disse.
- Foi inevitável... – murmurei.
- Nada é inevitável, Mandy. Se você quisesse amar... Que amasse, mas não deixasse esse sentimento tomar conta de você e da sua mente. Agora você sabe o porquê.
Ele estava certo... Mas agora era tarde demais para pensar nisso.
Ao contrário do meu sonho, eu não fui arrastada para aquele lugar horrível, eu entrei como uma pessoa civilizada, que encarava com coragem a tempestade que estava prestes a chegar. Passamos pela sala, que era o lugar mais apresentável da casa. Havia algumas pessoas sentadas ali, eles olharam para nós, mas logo depois desviaram o olhar. Subimos e chegamos em frente a porta que dava acesso ao quarto.
Que para o meu espanto, estava vazio. Completamente reformado, as camas velhas foram tiradas dali, e agora era um espaço enorme, pintado com cor de creme, uma enorme cama no centro do quarto, uma instante na frente com uma televisão, havia frigobar, cômodas, duas portas que davam acesso a um closet e outra que dava acesso ao banheiro.
Havia algo de errado ali.
- O que houve aqui? – perguntei.
Joshua me empurrou delicadamente para dentro do quarto e fechou a porta.
- Reformamos o lugar... Agora eu quero que descanse, está bem? Tome um banho, vou pedir para que a empregada lhe traga roupas limpas e um analgésico e mandarei uma caixa de primeiro socorros junto com ela, para que ela limpe os ferimentos em suas costas.
Olhei em volta e balancei a cabeça, completamente atordoada.
- Eu não entendo... Cadê as meninas e aquelas camas e... O que realmente aconteceu?
- Mudamos de posto, Mandy.
Franzi o cenho ficando ainda mais confusa.
- Oh, claro, você não sabe do resto... – ele suspirou. – Quando você era pequena, Jefrey só a trouxe aqui, não foi isso?
- Sim... Ele me disse que eu ficaria que nem a... – fechei os olhos tentando conter a vontade de chorar. – Aquelas meninas.
- Você não sabe o que acontece depois delas passarem por aqui? – perguntou ele, franzindo o cenho pra mim.
- Não... Acontece mais alguma coisa?
Eu realmente não sabia. O que aconteceria de pior a mim, do que ficar em um lugar horrível como aquele, sendo drogada e espancada?
- Oh meu Deus, Mandy... – ele soltou um sorriso de lamúria e me olhou firmemente. – Daqui você irá para Itália e de lá... – ele hesitou um pouco e logo depois continuou. – Será vendida para o cara que oferecer mais dinheiro em um leilão de mulheres.
Capítulo 19

“Não se assuste com a atrocidade do ser humano. Eles sempre se auto superarão.”


A primeira coisa que passou pela minha mente e pelo o meu corpo naquele momento fora o choque. O choque por perceber que eu não sabia de nada do que aconteceria comigo. O choque por saber que eu seria vendida.
O choque por vê o quão mal pode ser uma pessoa.
- Isso é... Isso é sério? – perguntei, mas a minha voz mal saia naquele momento.
- Sim, Mandy. Isso é sério. – ele disse. – Eu não entendo porque Jefrey não lhe contou...
- Eu não posso acreditar... – murmurei me sentando na cama, sentindo meu corpo protestar em dor por causa do movimento.
Eu seria vendida como se fosse uma mercadoria qualquer. Acho que nem sei como explicar o que senti no momento em que a realidade tomou conta da minha mente. Aquilo tudo era muito pior do que eu pensara um dia.
- Por que vocês fazem isso? Somos mulheres, pessoas, um ser humano. Não podem fazer isso conosco... – falei em um tom choroso de indignação.
- Eu não gosto do que faço, Mandy.
- Então por que faz? – perguntei olhando pra ele.
Joshua suspirou e se sentou em uma poltrona de frente pra mim.
- Eu tenho uma filha de dezesseis anos... Ela tem uma doença muito rara que é muito cara para ser tratada. Mesmo que eu trabalhasse em três empregos, durante sete dias da semana, eu não conseguiria a quantia suficiente que dá pra pagar o tratamento dela e sustentar a minha família. Além dela e tenho mais dois filhos e uma esposa. Esse emprego... – ele suspirou – Eu sei que não é digno, que o que eu faço é horrível, mas é para o bem da minha filha. Eles me pagam muito bem aqui, o suficiente para ela se tratar no melhor hospital de Seattle, ficar instalada em um apartamento com minha esposa durante três dias da semana e sustentar os meus filhos.
Meu coração ficou apertado diante do que eu ouvi. Ele tinha muito pesar em seus olhos, o que me provava que ele estava mesmo ressentido pelo o que fazia. Cheguei um pouco pra frente e segurei suas mãos nas minhas, em um gesto de solidariedade.
- Eu sinto muito por sua filha, Joshua, sinto mesmo. – falei. – Eu sei que o que você faz é o meio pra justificar um fim, mas isso não é certo. Acho que não adianta você passar por uma pessoa pra conseguir algo de bom pra você.
- Mas é pra minha filha, Mandy! Eu faria tudo por ela.
- Eu sei que sim! Mas, pense comigo... Eu fui sequestrada quando tinha cinco anos de idade, e agora estou aqui, prestes a ser vendida. Se fosse uma filha sua, você estaria louco, não é?
- Mais é claro que sim! Eu nem consigo imaginar uma filha minha passando por tudo isso. – ele disse, indignado.
- Então por que você ajuda a fazerem isso com a filha dos outros? Se você não consegue nem imaginar como se sentiria, pense em quem está passando por isso agora. Poderia ser sua filha, você poderia está sendo o pai louco e desesperado agora. Sei que posso está sendo egoísta, você faz isso porque sua filha é doente, mas... Só pense no que sua filha iria sofrer se estivesse no meu lugar. – falei, docemente, tentando fazê-lo refletir.
- Eu penso nisso todos os dias, Mandy. – falou ele com a voz pesada e o olhar escurecido. – Não há um só dia que esse peso não me atormenta. Mas quando eu penso que minha filha pode morrer se eu sair daqui, eu fico desesperado. Sei que posso arrumar um trabalho decente, mas eles não iriam deixar. O sistema deles é rígido demais, ou você sabe de tudo e continua aqui, ou você sai e morre. Imagina como ficaria a minha família se eu morresse? O que seria deles sem mim e esse trabalho? Eu não posso arriscar, Mandy.
Meu coração se apertou mais uma vez e eu quis morrer mil vezes por ser tão egoísta novamente. Pensei em mim de novo e esqueci o que próximo poderia sofrer. Eu era horrível.
- Me desculpa. – pedi apertando a mão dele. – Me desculpa, Joshua, eu não pensei desse jeito antes de te julgar...
- Não tem que se desculpar, Mandy. Tudo o que você disse está certo, não há uma letra errada, mas eu simplesmente não posso parar com isso...
- Eu sei que não. Eu espero do fundo do meu coração, Joshua, que sua filha fique boa. Tenho certeza que você é um pai maravilhoso, sei que você deve ficar com muito medo do que eles possam fazer com você. Quero muito que você consiga arranjar um lugar novo para trabalhar, que possa te pagar tão bem quanto aqui e que nada de ruim aconteça a você.
Ele assentiu.
- Você é tão boa, Mandy... O cantor não percebeu que sua doçura é verdadeira? – ele perguntou.
Ouvir sobre Michael fez meu coração doer. Fazia quase vinte e quatro horas que eu não o via e estava praticamente morta de saudades e de remoço. Soltei as mãos dele e suspirei.
- Eu sou uma pessoa horrível, Joshua. Tenho mesmo que ficar longe de Michael, ele é um homem muito bom e eu o fiz sofrer muito.
- Não, Mandy, não diga uma coisa dessas! Você não é horrível, muito pelo contrário, você é uma pessoa boa.
- Não, Joshua. Ele está sofrendo por minha causa, porque eu menti pra ele. Fiz com que ele se apaixonasse por uma menina que está morta há quinze anos.
Ele balançou a cabeça.
- Você fez com que ele se apaixonasse por você. Independente de seu nome ser Anne ou Mandy, por dentro você é uma só. Não é uma identidade que constrói uma pessoa e sim o que ela tem por dentro. Tenho certeza que você foi verdadeira com ele em tudo, eu vejo em seus olhos o quanto você o ama.
- Amo muito. – falei sentindo meus olhos se enxerem d’água. – Eu não sei se é certo o que falarei agora, eu realmente não sei expressar meus sentimentos, mas, o que sinto por ele é tão grande que eu sou capaz de morrer no lugar dele. Diversas vezes eu me senti tentada a contar a verdade para ele, só não contei porque Jefrey me ameaçava, falando que ia matar os meus pais, eu estava tão dividida! Fui muito egoísta com ele. Ele realmente não merece o que está sentindo agora e a culpa é toda minha.
A essa altura eu sentia minhas lágrimas descerem tal qual uma cachoeira. Eu estava sofrendo tanto por fazê-lo sofrer. Só queria cavar um buraco enorme no chão, me enterrar até que o ar faltasse e morrer de uma vez pra esse sofrimento todo acabar.
- Você está aqui por quem, Mandy? – ele perguntou.
- Não seria “por que” ao invés de “por quem”? – perguntei.
- Nós dois sabemos que é por pessoas que você está aqui e não por um motivo qualquer... Não é? – perguntou.
Assenti.
- Estou aqui por Michael e por meus pais. Não quero de forma alguma que eles paguem por algo que não fizeram.
- Você está aqui por três pessoas, Mandy, sofrendo no lugar de cada uma delas... Como pode falar que é uma pessoa horrível? – ele perguntou e pude notar uma nota embargada em sua voz. Ele pigarreou para limpar a garganta. – Quando uma pessoa se mostra disposta a sofrer por outra, é a maior prova de amor que ela pode dar. Você nunca deve falar uma coisa dessas, você tem um coração enorme, está aqui agora pra salvar a vida de seus pais e do amor da sua vida, isso é a maior atitude de bondade e amor que eu já vi em toda a minha vida.
Eu realmente não sabia o que falar naquela hora. Só sentia uma enorme vontade de chorar porque estava tudo perdido, eu iria ser vendida, nunca mais iria ver meus pais, muito menos Michael. O sofrimento assolava o meu coração.
- Eu sinto muito por tudo isso, Mandy, muito mesmo. – ele disse e beijou uma de minhas mãos carinhosamente. – Prometo que tentarei consertar isso de alguma forma.
- O que? – perguntei, assustada.
O que ele estava pensando em fazer?
- Não, Joshua, você não pode colocar o seu emprego em risco! Por favor, não faça nada... Só deixe as coisas seguirem o seu rumo, como deve ser, por favor. Não quero se prejudique por minha causa.
- Não se preocupe com isso, Mandy. Eu quero lhe ajudar e assim farei. – ele se levantou. – Agora eu chamarei a empregada para ajudar você com o banho e limpar seus ferimentos, certo?
- Joshua...
- Não, Mandy. Já falei para não se preocupar. – ele abriu a porta e me olhou. – A propósito, eu te dei um conselho de não amar, lembra? – ele perguntou e eu assenti. – Bom, fico feliz que você não o tenha seguido. Isso me prova o quão bom é o seu coração. Deveria existir mais pessoas como você.
Ele sorriu e saiu do quarto, fechando a porta e me deixando sozinha novamente.
Capítulo 20

“Primeiro encontre as peças. Depois comece a montar o quebra-cabeça.”


Depois de me ajudar a tomar banho e limpar meus machucados, Dora me pôs na cama, me cobriu e saiu de meu quarto me dando um beijo na testa.
Ela era uma senhora baixinha com quase 60 anos e parecia não saber para quem estava trabalhando ao certo. Acho que ela não sabia nem o começo de tudo o que acontecia por aqui. Dora era um amor, cuidou de mim tal qual uma avó o que fez com que eu me sentisse um pouco melhor – e um pouco triste por não ter tido o privilégio de ter um carinho como esse, quando pequena.
Com dificuldade me virei na cama, me deitando para a janela que obviamente estava fechada, me perguntando se Michael estava muito triste comigo. Bem, se ele não estivesse triste estaria no mínimo raivoso por eu tê-lo enganado tanto, e esse fato corroía meu coração de dor. Não queria que ele sofresse nem tivesse raiva de mim, o coração dele era muito puro e muito bom para suportar esse tipo de sentimento ruim.
Eu esperava, do fundo do meu coração, se ele encontrasse outra mulher, que ela seja capaz de amá-lo infinitamente, que sempre coloque um sorriso lindo no rosto dele, que o encha de filhos, do jeito que ele queria, porque ele merece toda a felicidade do mundo.
Michael foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida em 20 anos. Tenho certeza que se me dessem a opção de voltar no tempo e escolher entre ser sequestrada ou não, eu escolheria ser sequestrada sem hesitar só pra ter a chance de reencontrá-lo quinze anos mais tarde. Ele é muito importante pra mim. De um jeito tão grande que eu acho impossível colocar em palavras.
É só um amor puro, grande e verdadeiro, que tenho certeza que me acompanharia pelo resto da vida.


***


No dia seguinte, Lara, Michael e Bill voltaram a casa de Raymonds dessa vez com um mandato judicial para prender a garota que se passava por Anne Moore. Seu objetivo era prendê-la e fazê-la confessar sua verdadeira identidade.
Bill pediu para que Michael não fosse até a casa de Raymonds, mas seu apelo foi em vão. Michael disse que iria e ponto final. Uma hora depois eles chegaram a casa de Raymonds. Estava tudo calmo, como se nada tivesse acontecido.
Assim que entraram, encontraram Raymonds sentado no sofá, olhando fixamente para televisão. Na tela, passava um video dele e Anne cantando. Michael ficou parado durante um momento, deixando a voz de Anne adentrar seus ouvidos.
"When I falling love..."
Como assim Anne, ou melhor, aquela garota que se passava por Anne cantava tão bem daquele jeito? E como ela nunca havia lhe contado aquilo? Parecia a voz de um anjo, suave e melodiosa, firme e bonita. Completamente encantadora.
Sra. Jones pigarreou e Raymonds tirou sua atenção da tela, olhando para ela e logo depois para Michael.
- Oh... Olá, Michael. Me desculpa, eu estava entretido. - ele disse e se levantou indo em direção a ele. - Como está?
Michael apertou sua mão.
- Não tão bem quanto gostaria. - ele disse - É você e... Aquela garota que se passou por sua filha?
- Sim... - ele olhou para televisão, completamente encantado. - Ela tem uma voz espetácular. Parece um anjo.
- Eu não sabia que ela cantava... - Michael murmurou, desejando, de repente, escutar a voz dela cantando baixinho em seu ouvido.
- Ela não gostava muito de cantar. Mas quando cantava... Ouça, ela é muito boa, tem esse dom. Nunca ouvi uma voz tão bonita em toda a minha vida.
- Nem eu... - ele murmurou e então, mudou de assunto. - Hm... Lara e Bill estão procurando por ela.
Eles se cumprimentaram e se sentaram.
- Onde ela está, Raymonds? Estamos com um mandato de prisão pra ela. - Lara disse.
- Ela não está mais aqui. - Jefrey disse entrando na sala, de repente. - Quando acordei hoje, ela já tinha ido embora. Acho que ela fugiu. - ele deu de ombros.
- Como assim acha que ela fugiu? - Lara grunhiu. - Eu exijo vê as fitas de segurança, agora!
- Tem um mandato pra isso também, delegada? - ele perguntou, sarcástico. - Sem um mandato, você não pode exigir nada dentro da minha casa.
- A casa não é sua e sim de Raymonds. - disse Bill.
- Não... A casa é de Jefrey. Está no nome dele. - Raymonds murmurou.
- Eu não posso acreditar! - Lara andava de um lado para o outro.
- Acredite, delegada. Ela se foi.
Michael engoliu em seco, pensando no quanto se enganara com aquela mulher.
- E você não sabe quem ela é de verdade? - Bill perguntou.
- Não faço a mínima ideia de quem ela possa ser. Sinto muito, mas não posso ajudá-los. Precisam de mais alguma coisa?
Lara chegou perto dele e olhou dentro de seus olhos, com raiva.
- Eu vou descobrir sobre tudo, Jefrey, só quero deixar isso bem claro.
- Vai fundo, delegada. Você não vai achar que possa me incriminar. - ele disse, totalmente seguro.
Lara cerrou os dentes e saiu da casa de Raymonds, sem olra para trás. Michael e Bill se levantaram e se despidiram de Raymonds, saindo logo em seguida.
Lara estava totalmente obstinada e tinha somente um coisa em mente:
Ela descobriria tudo o que envolvia Jefrey e a garota que se passara por Anne Moore, ou não se chamava Lara Bray.
Capítulo 21

“Elimar alguns para chegar onde se quer. Essa é a regra do jogo.”



Londres, Inglaterra.

Albert Sherman andava tranquilamente pelas ruas pitorescas de Londres. Observava as lojas de grife e a biblioteca britanica, pensando que havia tempos que não lia algo que não fosse relacionado a negócios. Mas estava satisfeito - e cada vez mais rico.
Quando era mais novo a única matéria que sabia na escola era matemática. Seu pai sempre gritava com ele, perguntando se com as notas que ele tirava nas outras matérias, o que ele poderia ser no futuro.
Bem, até que o trabalho que ele arrumou agora, como ele mesmo diz, deve está calando a boca do velho dentro do túmulo.
Tomar conta das financias para Jefrey fora o trabalho perfeito. Ele só ficava em casa, tomando conta das contas bancárias, fazendo transferências para bancos e nomes diferentes, e viajava de três em três meses, quando acontecia o leilão.
No meio do ramo ele era o mais visado, conhecia todos os milionários que arrematavam as belas mulheres, fazia todos os pagamentos, mandava e desmandava... Tudo era com ele. Abaixo de Jefrey e do chefe, ele era quem mandava em tudo.
E estava feliz com o cargo que tinha.
Bem, pelo menos, até agora.
Continuou a andar pelas ruas calmas, olhando no relógio de vez em quando. Sempre gostara de caminhar de manhã nos fim de semana, quando não havia muitas pessoas nas ruas, e não tinha barulho de carro.
De repente, sentiu alguém atrás dele, como se o tivesse seguindo. Parou de andar, olhou para trás e não havia ninguém. Pensando está paranóico, continuou a andar até que o barulho de passos ficou mais evidente. Começou a andar mais rápido, com medo de olhar para trás e encontrar algo que não gostaria de vê. Porém, os passos agora estavam mais pertos e ele podia sentir a pessoa atrás de si.
Olhou para todos os lados, e não viu ninguém na rua para que pudesse pedir socorro. Se amaldiçou mil vezes por ter saído de casa tão cedo e sem nenhum segurança.
Começou a correr.
Quanto mais corria, mais ouvia passos e mais perto sentia a presença da pessoa. Correu, correu e correu, até que sentiu seu braço se segurado com força, fazendo com que parasse abruptamente.
- Albert, eu não gosto de brincar de pique-pega. Então eu acho melhor você parar de correr, agora. - a voz rouca e brava soou em seus ouvidos. - Eu fui claro?
- Si... Sim... - ele disse.
O homem riu e então um carro preto se aproximou. O motorista mal encarado com quase dois metros de altura saiu do carro e abriu a porta traseira.
- Entra. - o outro disse.
Albert arregalou os olhos e entrou no carro. O cara que o pegou sentou ao seu lado. Ele era negro, alto e muito forte, fazendo-o se sentiu humilhado por ser baixo e franzino. A porta traseira se fechou e o motoris entrou no carro, logo dando partida.
- Quem são vocês? - Albert perguntou.
- Eu mandei você falar? - o cara sentando ao lado dele disse com uma voz glacial.
Albert balançou a cabeça.
- Vamos esclarecer algumas regras, Albert Sherman... - ele falou, sarcástico. - Eu mando, você obedece. É bem simples. Acha que consegue fazer isso ou eu vou ter que desenhar?
Albert engoliu em seco, sem saber se era para responder ou não. O cara riu.
- Albert, eu não estou com a mínima paciência hoje, então eu acho melhor você me responder, agora.
- Eu entendi... - ele murmurou.
- Isso é bom. Tanto para mim, quanto para você. Agora sem perguntas.
O resto do caminho foi lento e torturante. Albert estava tão nervoso que nem percebeu por onde estavam indo. Uma hora depois eles chegaram em um galpão abandonado. Saíram do carro e entraram no galpão.
Albert olhou em volta e viu muitos barris escrito "Produtos Inflamáveis. Mantenha distância.", e ficou com mais medo.
Será que era assim que iria morrer? Em um galpão abandonado, todo queimado?
O cara negro pegou em seu braço e colocou sentado em uma cadeira. O motorista foi para um canto, e começou a mexer em algo que fazia um barulho irritante, mas Albert ficou quieto. Sentando, Albert pôde olhar melhor para o lugar. Havia caixas de papelão, barris, janelas quebradas... Era um lugar horrível. O cara negro voltou para perto dele com uma corda nas mãos.
Ele se abaixou e amarrou seus pés com força no pé da cadeira, e logo depois se levantou, amarrando com outra corda suas mãos, no braço da cadeira de madeira. Albert mordeu a parte de dentro da boca, sufocando a vontade de perguntar o porque de tudo aquilo.
O barulho irritante foi cessando e logo o motorista estava ao lado do cara negro. Ele tinha uma caixa em suas mãos.
O cara negro pegou uma cadeira e se sentou.
- Vamos conversar, Albert... Sabe quem somos?
Albert balançou a cabeça e o cara negro riu.
- Meu nome é Dimitri e esse é Paolo. Você está nos devendo, Albert.
- Eu? Eu não devo nada a ninguém, todas as minhas contas estão em dias...
- Não com Paul Emerson. - ele disse.
Albert arregalou os olhos.
Paul Emerson era o dono da Mafia de Londres. Albert o conhecia a tempos, mas depois de uma desavença entre os dois, o posto do leilão foi para Itália. A Mafia Italiana sempre ajudava, em tudo.
- Não... Vocês estão enganados. Não devemos nada a Paul. Tudo já foi pago.
- Não mesmo. - ele disse. - Vocês devem cerca de dois milhões de dólares para Paul. É pouco, mas mesmo assim é uma divida. Nós sabemos que você não é o cabeça de tudo, mas, como é você que cuida das financias, é você também quem paga o pato por todos eles.
Albert engoliu em seco e Dimitri continuou.
- Então, se você não quer ficar responsável por essa divida, é melhor abrir o bico.
- Eu não posso falar nada... - ele diz.
Dimitri solta uma risadinha sarcástica.
- Você o que?
- Eu não posso falar nada! - ele repete, entre dentes.
- Vamos vê se você não pode falar nada... Paolo. - ele se virou para o cara ao seu lado. - Pode começar.
Paolo sorriu pela primeira vez e chegou perto de Albert. A respiração dele ficou acelerada, ao vê Paolo se ajoelhar a sua frente. Ele abriu a caixa que tinha em mãos e tirou dois objetos de metal, que pareciam pregos. Eram longos e pontudos. Paolo levantou o corpo até ficar a altura dele e então, olhando em seus olhos, ele enfiou com toda força o objeto de metal nas coxas Albert, bem em seu musculo.
Albert gritou e xingou de dor, as lágrimas saiam sem controle pelos seus olhos enquanto Paolo e Dimitri sorriam abertamente.
Paolo se levantou, pegou dois grampos grandes e prendeu um em cada objeto de metal. Cada grampo estava ligado a um fio.
- Então, Albert. Vai falar agora? - perguntou Dimitri.
Albert ficou quieto, ainda sentindo a enorme dor em sua perna.
- Eu te fiz uma pergunta, Albert e eu quero uma resposa, agora!
- Eu não... - ele tentou controlar o tremor em sua voz. Foi em vão. - Não posso...
- Ah não pode? - ele riu. - Acho que Paolo pode dá um jeito nisso.
Paolo sorriu e foi para a mesa que ficava próxima a cadeira de Albert. Ele pegou um aparelho, onde os fios do grampo de metal estavam presos e ligou o aparelho, dando choque em Albert.
Cinco segundos depois ele desligou o aparelho, fazendo Albert gritar e chorar ainda mais.
- Vai falar agora? Ou quer levar choque novamente?
Albert chorou e não respondeu. Dimitri fez um gesto com a cabeça e Paolo ligou o aparelho novamente, deixando-o tomar choque por dez segundos.
- E agora?
- Eu... Falo... - ele disse sentindo a lingua pesada. - Meu chefe é Jefrey Moore.
- Jefrey Moore? Irmão de Raymonds Moore? - pergunta.
- Isso...
- E o chefe dele? - perguntou Dimitri.
- Eu... Não sei. - ele viu Dimitri fazer um gesto para Paolo ligar o aparelho novamente. - Não! Por favor, não faça isso... Eu não sei, realmente não sei quem é o chefe de Jefrey.
- Não mesmo? - pergunta.
- Não... Eu não sei.
Dimitri assenti.
- Certo. - ele olha para Paolo. - Pode continuar. Peso morto não faz diferença para ninguém.
- O que? Não... - Albert tenta falar algo, mais o aparelho é ligado novamente.
Em menos de dez minutos, Albert Sherman estava morto.


Capítulo 22

"Uma ajuda é sempre bem vinda.”


Já haviam se passado dois dias que eu estava ali naquela casa. Passava a maior parte do tempo dentro do quarto a pedido de Joshua; ele me disse que era melhor me fingir de invisível por ali.
Já eram quase três da tarde quando escutei alguém bater na porta do quarto, me levantei da cama, ainda sentindo dor em minhas costas e fui até a porta. Logo depois Joshua entrou, ele parecia nervoso.
- Joshua... O que houve? - perguntei.
- Albert Sherman morreu, Mandy.
- Quem?
Quem era Albert Sherman? Nunca havia ouvido falar dele. Nem me passava pela cabeça quem ele poderia ser.
- Depois do chefe e de Jefrey, era ele quem mandava em tudo por aqui. Eu não entendi muito bem, mas parece que a Mafia de Londres o matou e abandonou seu corpo em um galpão... Ele morreu eletrocutado.
- Oh meu Deus! Que horror! - exclamei, assustada. - Mas... Porque a Mafia fez isso?
- Acho que estavamos devendo algo para Paul Emerson, chefe da Mafia... Ele matou Albert para deixar bem claro que não se esqueceu da divida... Acho melhor Jefrey pagar isso logo, senão coisas piores podem acontecer. - ele se sentou na poltrona e me olhou. - Mas, vamos mudar de assunto. Eu estava pensando em algo...
Me sentei na cama prestando atenção em cada coisa que ele falava.
- Pensou em que?
- Em uma forma de entrar em contato com Michael Jackson. Talvez, podemos contar sobre sua história pra ele e ele pode arrumar um jeito de tirar você daqui.
- Ele não vai acreditar... - murmurei olhando para minhas mãos.
- Podemos tentar, Mandy. Nunca saberemos se não tentarmos... - ele disse.
Parei um pouco para pensar. Seria muito arriscado contar a verdade para Michael. Ele poderia não acreditar e acabar deixando escapar algo e cair nos ouvidos de Jefrey. Era perigoso demais.
Até que eu me lembrei de algo.
- Eu já sei. - falei olhando para Joshua. - Eu sou acostumada a escrever em diários desde que completei dez anos, só que Jefrey e Raymonds nunca me deixavam escrever. Quando comecei a estudar em escolas em Londres, longe de Jefrey, comecei a escrever em diários e guardá-los.
- E onde esses diários estão?
- Na casa de Michael. - falei. - No mês passado eu peguei todos os meus diários e levei para casa dele. Eu descobri um fundo falso abaixo da sapateira dele, dentro do closet e os escondi ali. O meu último diário, que só tá escrito até o meio, está lá também. Se ele descobrisse sobre esses diários, pode ser que ele acredite no que está escrito neles.
- Isso é ótimo, Mandy! - ele vibrou e pegou o telefone que ficava ao lado da mesa de cabeceira da cama. - Você tem o número da casa dele? Se pudessemos ligar...
- Sim. Eu tenho... - falei o interrompendo.
Ele me olhou e tirou o telefone do gancho, colocando na função de viva-voz, para que eu pudesse ouvir a conversa. Falei os números do telefone de Michael e depois de três chamadas, uma mulher atendeu.
- Residência do Sr. Jackson, com quem falo?
Aquela voz não me era estranha...
- Michael se encontra? - perguntou Joshua.
- Quem deseja falar com ele?
- É um assunto de suma importância, senhora, eu gostaria muito de falar com ele. - ele disse se esquevando a pergunta dela.
- Senhor, meu nome é Lara e sou a governanta da casa do Sr. Jackson. Não tenho permissão de passar o telefonema sem que saiba quem deseja lhe falar.
Eu sabia que conhecia aquela voz! Era Lara, a detetive. Olhei para Joshua e falei sem emitir som que era a detetive que estavfa ao telefone. Ele assentiu e limpou a garganta, voltando a falar com ela.
- Senhorita Lara, eu quero falar sobre Man... - ele parou no meio do caminho. - Sobre Anne Moore. É um assunto urgente.
Ouvimos um suspiro pesado do outro lado da linha.
- Aqui é Michael Jackson, com quem falo?
A voz de Michael preencheu o quarto, me deixando com a famosa sensação de paz e amor dentro de mim. Eu estava com tantas saudades! Minha vontade era de atravessar o telefone e me jogar em seus braços - e realmente o faria, se isso fosse possível.
- Olá, Michael, muito obrigado por me atender. Tenho algo muito importante a lhe revelar sobre Anne Moore, por favor, antes que desliga pensando que é um trote ou algo do tipo, me ouça.
- Qual é o seu nome, senhor? Não consigo me lembrar de já ter escutado sua voz. - Michael disse.
- Sou um velho conhecido de Anne... Quer dizer, da menina que se passou por Anne Moore.
- Você sabe quem ela é? - ele perguntou parecendo angustiando.
- Sim, eu sei. E quero que você saiba também.
- Então me diga... Qual é o nome dela? Gostaria muito de saber qual é sua identidade, já que ela fugiu sem deixar pistas...
Eu não havia fugido. Mas já deveria imaginar que era isso que Jefrey iria dizer a eles.
- Quer mesmo saber quem é essa garota?
- Mas é claro!
- Então vá até seu closet, em sua sapateira tem um fundo falso, não é mesmo?
- Como sabe disso?
- Ela me contou. - Joshua disse. - Dentro desse fundo falso tem todos os diários dela, desde o primeiro, que ela escreveu com dez anos, até o último. Ali está a verdade sobre ela e o porque de ela ter feito tudo isso a você.
- O que? - ele disse desesperado. - Tem certeza do que está dizendo?
- Absoluta, meu rapaz. Só faça o que digo. Logo mais entrarei em contato com você.
- Espere... Quem é você? Qual é o seu nome?
E então, Joshua encerrou a ligação.
- Espero que ele acredite no que está escrito lá... - murmurei.
- E ele vai, querida. - ele sorriu, confiante. - Agora eu preciso descer, Mandy, preciso saber o que realmente aconteceu com Albert. Ficará bem sozinha?
- Claro... Obrigada por tudo, Joshua.
Ele sorriu.
- De nada, Mandy. É o mínimo que posso fazer por você. - ele disse e saiu do quarto, me deixando sozinha.
Me sentei novamente na cama, fazendo uma prece silenciosa.
Que Michael acreditasse em tudo o que estava escrito nos diários... Senão eu estaria verdadeiramente perdida.
 
Capítulo 23

"O começo de uma grande descoberta.”


Michael, Bill e Lara se entreolharam e então Michael saiu correndo, subiu as escadas feito um raio, ignorando os protestos de Bill e Lara para que ele parasse.
Chegou em seu quarto e foi em direção ao closet, tirou todos os seus sapatos do lugar, jogando-os em qualquer lugar e tirou o fundo falso do lugar, se deparando com cinco cadernos antigos lá embaixo, um em cima do outro.



De repente ele ficou ofegante, como se tivesse corrido por quiômetros sem um muinuto de pausa. Suas mãos ficaram suadas e trêmulas e ele sentiu medo do que poderia está escrito naqueles cadernos.
Sabia que a mulher que se passara por Anne Moore era bem misteriosa, e o medo de descobrir sobre sua vida o dominou de um jeito inexplicável. Algo muito ruim poderia está escrito ali, ou muito sofrido... Ou poderia ser tudo uma mentira.
- Michael... - Bill o chamou, se ajoelhando ao seu lado. Ele olhou para o buraco que no closet de Michael. - Se você quiser, não precisa ler nada do que está escrito aí... Lara pode pegá-lo e lê-lo e depois dizer a você o que estava escrito...
- Não! - Michael o interrompeu. - Eu vou ler primeiro, eu só... Eu tenho medo de descobrir que está escrito ali, Bill. Fico pensando que pode ser algo muito, muito doloroso. Eu sinto isso.
- Então não leia, Michael. Você sabe minha opinião... Acho que deve se afastar de tudo que o faça lembrar dessa mulher. Ela só fez mal a você.
- Não é tão simples assim, Bill. Eu a amo. Muito. É difícil saber que ela é uma mentirosa, que não se importa com nada, mas eu a amo mesmo assim. - ele suspirou e balançou a cabeça. - Eu queria ficar um pouco sozinho...
- Tudo bem... Lara quer ler os diários depois, você sabe, isso ajudará muito na investigação, dependo do que estiver escrito.
- Fale para ela esperar... Se eu não conseguir ler, entrego a ela.
Bill assentiu e saiu do closet de Michael, fechando a porta atrás de si.
Michael suspirou e pegou os diários, o de cima era o mais novo então supôs que fosse o mais recente, por isso, começou a pelo último. A capa era marrom e assim que abriu viu as páginas amarelas e gastas, mais cheirava muito bem.
Tinha o cheiro dela.
Virou a página amarelada e começou a ler o que estava escrito na página seguinte:

diário escreveu:"Abril de 1984.
Querido diário...
Hm... Acho que eu não sei por onde começar... Mas sei que tenho que escrever rapidamente antes que Bree apareça. Jefrey não gosta que eu escreva sobre minha vida em lugar algum, e eu escutei quando ele pediu para Bree, sua empregada, que se me visse escrevendo, era pra ela o chamar.
E eu não quero apanhar de novo, não mesmo.
Eu estou muito confusa. Meu nome verdadeiro é Mandy Ower Sulivan, mas Jefrey sempre briga comigo quando eu digo meu nome de verdade. Ele diz que eu tenho que me apresentar a todos como Anne Moore.
Mas minha mamãe sempre me ensinou que eu não devo mentir. E dizer que meu nome é Anne, ao invés de Mandy é mentira, não é mesmo?
Ele sempre diz que se eu não me comportar direito, voltarei para aquele lugar horrível e meu pai e minha mãe sofrerão as conseguências...
Eu não quero voltar pra lá e... O que quer dizer "sofrer as consequências"?
Seja o que for, deve ser algo muito ruim, tão ruim quanto a dor que sinto quando ele me bate.
Eu realmente gostaria de entender... Vou completar 10 anos daqui a dois meses e sinto muito a falta de meus pais. Eu me lembro muito bem de quando Jefrey se aproximou de mim, no concurso de canto que estava participando. Eu estava no camarim com algumas meninas e ele se aproximou fingindo ser o moço que nos levava para o palco. Eu o segui e assim que saímos da vista das pessoas, ele me pegou no colo e me colocou em um carro.
Depois desse dia, eu nunca mais vi meus pais..."

Michael fechou o diário, completamente ofegante. Não estava preparado para descobrir tudo aquilo, quer dizer, se é que tudo aquilo era verdade.
Mas ela parecia tão sincera...
Sem pensar duas vezes, Michael se levantou com o diário em mãos e saiu do quarto. Desceu as escadas rapidamente e encontrou Lara e Bill na sala.
- Michael o que houve? - Bill perguntou se levantando abruptamente.
- Prestem atenção nisso... - ele pediu.
Michael olhou para eles que o olhava com atenção. Ele abriu o diário e começou a ler a primeira página.
Quando terminou, Bill estava lutando para manter a boca fechada e Lara estava assustada.
- Vocês ouviram o que está escrito aqui? - ele perguntou, desesperado.
Lara se levantou e pegou o diário, dando uma lida rápida. A caligrafia da folha parecia mesmo ser de uma criança, e as folhas amareladas dava mesmo a impressão de que eram bem antigas.
- Ele batia nela... - Michael murmurou andando de um lado para o outro. - Ele batia nela!
- Acalme-se, Michael, por favor... - Bill pediu, também nervoso.
- Como quer que eu me acalme, Bill? Se isso tudo for verdade... - ele passou as mãos pelos cabelos - Ela foi sequestrada com cinco anos! Ela sofreu muito...
Ele tentou continuar, mas o choro o impediu. Michael não conseguia tirar da cabeça a cena de uma menininha frágil de cabelos castanhos sendo sequestrada e sofrendo do modo que ela sofreu. Aquilo estava acabando com ele.
- Mandy Ower Sulivan... - Lara repetiu, chamando a atenção deles.
- Você a conhece, Lara? - perguntou Bill.
- Um amigo meu estava procurando por essa menina... Os pais dela são bem ricos e o contratou, isso foi há alguns meses atrás, mas eu posso entrar em contato com ele.
- Você tem certeza que o nome é esse mesmo?
- Tenho. Eu terei que levar os diários, Michael, prometo ler todos ainda hoje.
Michael assentiu.
- Certo, mas me traga-os amanhã, Lara, por favor. Eu quero muito lê-los, eu preciso. - ele pediu
- Sei disso, Michael, amanhã mesmo eu os devolvo a você. - Lara guardou os diários na bolsa e pegou as chaves de seu carro. - Eu entrarei em contato com meu amigo e dou notícias a vocês.
Lara foi embora e Michael se sentou no sofá, ainda tentando entender como tudo aquilo era possível.
Como segredos poderia existir em uma proporção tão grande como aquela. 
Capítulo 24

"Montando um quebra-cabeça.”


Michael não conseguiu dormir a noite.
Seus pensamentos estavam em Mandy e em onde ela poderia está agora. Sabia que aqueles diários poderiam ser uma invenção, mas não era isso que ele sentia. Seu coração ficava apertardo ao se lembrar de tudo que estava escrito ali, se aquilo tudo fosse mesmo verdade, Mandy fora uma criança que sofreu muito.
E uma mulher que sofre muito, até hoje.
Quando a luz fraca da manhã começou a invadir seu quarto ele se levantou. Tomou um banho e desceu as escadas, indo em direção a biblioteca.
Os livros o fazia se lembrar de Anne... Ou melhor, de Mandy, por isso não havia entrado lá desde o dia em que havia descoberto a verdade. Mas agora que descobrira o porque de tudo aquilo - ou quase todo o porque - ele se viu tentado a entrar naquele lugar novamente.
Assim que adentrou a biblioteca, viu o exemplar de Shakespeare na prateleira. Foi em direção a ele e o pegou, se sentando na poltrona. Por incrível que pareça, o livro tinha o cheiro dela.
Seu coração se apertou imediatamente. Ele tinha um mal pressentimento, sentia que Mandy estava correndo perigo e isso fez com que sua garganta se apertasse. Levou o livro ao peito e o abraçou, fazendo uma prece silenciosa e pedindo a Deus para que nada acontecesse com a mulher que amava.
- Michael? - Remy apareceu na porta da biblioteca.
Michael abriu os olhos e viu o sorriso de conforto que Remy o oferecia.
- Bill e Lara estão lhe esperando no escritório, eles trouxeram um moço consigo.
- Certo, eu já estou indo. - ele disse.
Remy assentiu e saiu da biblioteca, fechando a porta atrás de si. Michael suspirou pesadamente e se levantou, colocou o livro na parteleira e saiu da biblioteca, indo em direção ao escritório. Assim que entrou, viu Bill sentado em uma poltrona e Lara sentada no sofá ao lado de um homem de cabelos castanhos. Depois de se cumprimentarem, Lara tomou a palavra:
- Michael esse é o detetive Benson, ele que está cuidando do caso de Mandy Ower Sulivan. - disse Lara.
Michael apertou a mão de Benson e se sentou novamente.
- Nós lemos todos os diários, Michael. - disse Benson. - Assim que Lara me telefonou eu fui a casa dela e viramos a madrugada lendo e reunindo provas...
- E é tudo verdade? - ele perguntou.
- Sim. - ele disse. - Mandy realmente existe, Michael. Seus pais, Frederick e Sharon a procuram há quinze, mas eu só tomei a frente do caso a alguns meses atrás.
Michael apertou as mãos uma nas outras, se preparando psicológicamente para o que estava prestes a ouvir.
- Desde sempre, Frederick acha que Jefrey Moore sequestrou sua filha. - Benson começou.
- Então, Frederick e Jefrey se conhecem? - Bill perguntou
- Eles sempre foram amigos, bem, até Mandy ser sequestrada.
- E por que Frederick acha que Jefrey a sequestrou? - Michael perguntou, se interessando pela história.
- Bem, a verdadeira filha de Raymonds, Anne Moore e a filha de Frederick, Mandy, eram muito parecidas fisicamente. Pareciam irmãs, tinham cabelos e olhos castanhos, os traços faciais iguais, alturas parecidas, tinham a pele parda e eram facilmente confundidas, mas esse não é o fator principal. - Benson fez uma pausa, certificando-se de que todos estavam prestando atenção. - Frederick é dono de uma empresa de arquitetura, que a há dezessete anos estava quase indo a falência. Quem o ajudou a se reerguer fora Raymonds, que era seu melhor amigo. Raymonds passou cinco por cento de sua fortuna para o Frederick, a contra gosto de Jefrey. Desde esse dia, Jefrey jurara vingança a ele.
- E como vingança, ele sequestrou Mandy, é isso? - Michael perguntou.
- Sim.
- Mas eu não entendo... O que ele ganharia com isso? - perguntou Michael, confuso.
- Primeiramente eu também não conseguia entender, mas agora todas as peças se encaixam. - disse Benson. - Prestem atenção: Anne era a galinha dos ovos de ouro para Jefrey, pois ele poderia manipulá-la da forma que bem quisesse, mas aconteceu algo que ninguém previa e até hoje não sabia a verdadeira Anne Moore morreu. Com Anne morta, tudo que ele havia planejado iria por água abaixo, então, muito esperto, ele deixou a morte de Anne Moore desconhecida e sequestrou Mandy, a colocando no lugar da verdadeira Anne. Foi como matar dois coelhos em uma cajadada só, ele fez sua vingança e a usou para o seu próprio bem.
Michael estava, acima de tudo, completamente chocado. Jefrey era um psicopata, um dos seres humanos mais horríveis que ele já conhecera.
- Isso é... Horrível! - disse Michael. - Completamente inacreditável.
- Realmente, é difícil de acreditar, Michael, mas essa é a verdade. - disse Lara.
- E Raymonds? Como fica no meio disso tudo? - perguntou Bill.
- Raymonds, pelo o que parece, não sabia de nada. Na época da morte da esposa ele estava em estado de choque, por isso não percebeu a pouca diferença que havia entre Mandy e sua verdadeira filha. Dois meses depois da morte de Elizabeth, Jefrey mandou Mandy para um colégio interno. Ela estou em outro país durante toda sua infância e adolescência em outro país. - disse Benson. - Por isso nunca acharam Mandy Ower Sulivan, era como se ela tivesse sumido do mapa, não havia registro dela em nenhuma instituíção de ensino em lugar algum do mundo todo, nem passagens por aeroportos ou algo do tipo.
- Mas e Anne Moore? Como só descobriram a morte dela agora?
- Quando Jefrey faz, ele faz direito. Ele pagou para o perito não revelar o atestado de óbito de Anne Moore. Era como se ela estivesse viva até hoje. Somente em sua lápide está escrito seu nome, mas Anne Moore é um nome bastante comum e na lápide não tem o nome dos pais, nem data de nascimento e morte. - disse Lara.
- Esse homem é louco! - disse Michael, andando de um lado para o outro. - Ele devia está internado, preso, qualquer coisa, menos andando por aí como um cidadão normal, dentro da lei!
- Sabemos disso, Michael, mas infelizmente ainda não temos como provar nada, somente os diários de Mandy servem como prova e passarão pelas mãos de um perito. Mas é de suma importância que ele não descubra sobre esses diários. Nem Jefrey, nem Raymonds, nem ninguém. Que fique só entre nós. - disse Benson.
Michael e Bill assentiram.
- O que me dá mais raiva no meio dessa história toda é que entregamos o ouro ao bandido! - grunhiu.
- Como assim? - Bill perguntou.
- Mandy é vitíma nisso, Bill! E nós a entregamos de bandeja nas mãos de Jefrey, agora, sabe-se lá onde essa garota possa estar. Eu fui burra demais ao acreditar fielmente que ela era a culpada de tudo!
- Todos nós fomos. - disse Bill. - Aquela garota era... Doce demais para ser ruim.
- E mesmo assim nós a julgamos desse jeito. - Michael balançou a cabeça. - Quando fomos a casa de Raymonds com ela, eu vi a raiva nos olhos de Jefrey, realmente não quero imaginar no que ele possa ter feito com ela. Minha vontade é de matá-lo!
- Michael, por favor, se acalme. Isso tudo é muito difícil, nós sabemos, mas vamos achá-la.
- Temos de achá-la! - Michael disse, limpando algumas lágrimas que caíram de seus olhos.
- E nós vamos, Michael, nem que tenhamos de ir ao inferno, mas vamos achá-la, isso é uma promessa. - disse Lara.
 
Capítulo 25

"Vire a página. Um outro capítulo está prestes a começar.”


Depois que todos sairam, Michael começou a ler os diários de Mandy. Quanto mais lia, mais triste ficava.
Bem, agora ele entendia o porque dela ser tão triste, reservada e tímida. Estava visível que Mandy sempre fora uma criança solitária, que não tinha com quem se abrir, muito menos ser ela mesma. Poderia até dizer que eles eram parecidos: tiveram que se tornar adultos muito cedo.
Só que ela sofrera mil vezes mais do que ele. Michael tinha uma família um pouco torta - confessava - mas não podia se imaginar longe dela. Mandy fora obrigada a viver longe de sua verdadeira família, assumir a face de uma outra pessoa com apenas cinco anos de idade.
Ele não conseguia imaginar como o psicológico dela poderia está. Qualquer pessoa com o mínimo de sensibilidade pensaria mil vezes antes de fazer algo como aquilo com alguém, principalmente com uma criança. Mas Jefrey provou que era mesmo um monstro sem escrupulo algum.
Estava bastante claro nas linhas de Mandy que, quanto mais velha ela ficava, mas culpada ela se sentia. Michael percebeu que na adolescência ela sofreu muito por não ter uma companhia feminina perto de si, ela escreveu em seus diários algo bastante intimo, coisas de meninas na fase de namorar e conhecer garotos e ela era completamente sozinha. Estava em um colégio interno, onde cursava o ensino médio e não tinha amiga alguma.
E quando chegou a fase adulta, ela começou a escrever com mais frequência - pois a maioria dos diários fora escrito quando ela tinha entre 18 e 20 anos - ela contava que estava em Londres, falava muito com Raymonds ao telefone, ela deixava bem claro em seu diário que gostava muito dele, pois ele sempre fora doce e carinhoso, como um verdadeiro pai, e ela tinha pena por ter que enganá-lo de uma forma tão monstruosa como aquela.
Lendo seus últimos diários, Michael ficou com o coração apertado ao ler várias vezes que ela se sentia culpada por tudo o que estava acontecendo. Várias vezes ela citava seus pais, dizendo que se sentia muito culpada, pois sabia que eles estavam sofrendo por sua causa e ela prometia que faria o que quer que fosse para mantê-los vivos.
Até que ele chegou em seu último diário, que já começava com o nome dele. Ela contava que Jefrey havia dito que ela iria conhecer Michael Jackson e que era obrigada fazer com que ele se apaixonasse por ela. Michael não ficou com raiva dela ao ler aquilo, muito pelo contrário, ficou extremamente emocionado ao saber que ela não queria fazer aquilo com ele. Ali ele confirmou o que já sabia: Mandy era uma garota muito boa, doce e altamente especial. Tinha um coração enorme, ao ponto de quase se recusar a conhecê-lo para não magoá-lo.
Mas ele sabia que ela não tinha escolha alguma no meio daquela história, ou ela fazia o que Jefrey mandava, ou seus pais morriam.
Ele continou a ler. Ela narrava que ficou encantada ao conhecê-lo, que confirmou o que já sabia ao ver o quão doce Michael era. Ele sorriu ao ler aquilo, ela era muito fiel aos seus sentimentos e os descrevia com intensidade. Ele saiu da fase em que ela estava encantada por ele e passou para a fase em que ela narrava o quão apaixonada estava. Ela dizia que nunca havia amado e nem sabia demonstrar seus sentimentos - apesar de querer muito fazer isso. Ele viu o quanto ela se sentia culpada por tudo o que estava fazendo com ele também, ela escrevia várias vezes que ele não merecia aquilo e que ela não era merecedora do amor que ele nutria por ela.
- A culpa não é sua, meu amor... - Michael disse em voz alta, com os olhos marejados. - A culpa nunca foi sua e nunca será. E você é sim merecedora de tudo o que sinto, você é a maior merecedora de tudo isso. - ele terminou de ler a última página do diário e o fechou. - Eu vou achar você, Mandy, eu prometo.


***


Uma semana depois.

Uma seman havia se passado.
Uma semana de aflição!
Eu não aguentava mais ficar sem notícias de Michael, e Jefrey mandou grampear todos os telefones da casa onde eu estava, o que impossibilitava a Joshua de ligar novamente para Michael.
Agora eu ficava aqui, trancada nesse quarto, sem saber se ele leu os diários, se ele havia acreditado no que eu havia escrito ou não. Eu esperava que sim.
Me sentei na poltrona, e fiz mais uma prece a Deus, mas parei no meio quando ouvi a porta do meu quarto sendo aberta rapidamente. Um homem loiro e forte entrou no quarto e sorriu ao me ver.
- Até que enfim achei você, Mandy! - ele grunhiu e chegou perto de mim, pegando em meu braço com força.
- Me solta, quem é você? - perguntei entrando em desespero.
Ele apertava forte meu braço e eu me debatia, mas não adiantava de nada. Ele era muit mais forte do que eu.
Joshua apareceu na porta do meu quarto, ofegante.
- Não precisa ser rude, Juan, haja como um homem civilizado. - ele disse olhando para o homem.
- Para de defender essa vadia, Joshua! - ele gritou. - Chegou sua hora, cachorra.
- Joshua... O que ele vai fazer comigo? - perguntei, sentindo meus olhos marejarem.
Joshua ficou com o rosto decepcionado e sombrio e eu senti meu coração ficar apertado.
- O que eu vou fazer? Vou levar você para um lugar muito bonito, onde você vai aprender a respeitar as ordens que lhe dão! - o loiro gritou em meu ouvido.
Me encolhi, chorando baixinho. O loiro me arrastou pra fora do quarto e descemos as escadas rapidamente.
- Espere, Juan, por favor. - pediu Joshua, descendo atrás de nós.
Juan se virou e eu olhei pra ele.
- O que você quer, Joshua? - ele perguntou, sem paciência.
- Mandy, eu... - ele suspirou com pesar - Eu sinto muito, eu tentei de tudo, Mandy, mas eu não consegui ajudar a você...
- Eu sei, Joshua... Obrigada por tudo o que fez por mim. - falei.
Dei um passo a frente, eu queria dá um abraço nele mais Juan me segurou forte, me fazendo voltar pra trás. Joshua veio até a mim e beijou minha testa.
- Eu te desejo toda sorte do mundo, garota. - ele disse.
- Eu também, e desejo muito a melhora de sua filha, Joshua. Tenho certeza ela tem muito orgulho de você - falei.
Ele assentiu e vi seus olhos ficarem marejados.
- Chega dessa enrolação! - disse Juan, me afastando de Joshua. - Vamos embora, garota, vim da Itália até aqui só pra buscar você!
Olhei para Joshua mais uma vez e segui com Juan. Só esperava que meu futuro não fosse tão sombrio como imaginava que seria.
 
Capítulo 26

"O começo de uma nova ajuda.”


Juan me levou para fora da casa me segurando forte pelo braço. Eu lutava contra as lagrimas porque ele era como Jefrey: odiava ouvir choro.
Passamos pelo hall e fomos em direção ao carro que estava estacionado em frente a casa. Juan abriu a porta e me empurrou para a parte traseira do carro, assim que ele fechou a porta, me afundei no banco do passageiro. Ele ocupou o lugar do motorista e me olhou pelo retrovisor.
- Sabe para onde vamos, Mandy? - perguntou com um sorriso de maldade no rosto.
- Não... - respondi.
Ele balançou a cabeça e riu.
- Estamos indo pra Itália. Chegou a hora de nos livrarmos de você, garota. - ele me olhou e colocou um pacote pardo e em minha mão. - Segure isso e só abra quando chegarmos ao aeroporto, certo?
- O que é isso? - perguntei, curiosa.
- Peruca, óculos escuro e documentos falsos. Daqui a meia hora você deixara de ser Mandy para ser Nora Lexis. Pelo menos até chegarmos na Itália.
Engoli em seco, assentindo. Ele deu partida no carro e seguimos a viagem em silêncio. Eu estava com muito medo, Joshua não estaria lá para me ajudar e isso significava que eu estava completamente sozinha. Então, pela primeira vez na vida eu orei por mim.
Pedi a Deus para que ele me protegesse e tivesse piedade de mim, que não deixasse que algo de muito ruim me acontecesse, e que protegesse meus pais e meu eterno amor, Michael.
Algum tempo depois, estacionamos dentro do aeroporto. Abri o pacote que estava em meu colo e peguei a peruca loura, colocando-a em minha cabeça. Peguei o passaporte e a identidade falsos e vi escrito "Nora Lexis"
Um arrepio perpassou minha espinha ao ler esse nome. Parecia que eu deixando a Mandy para trás novamente e me tornando outra pessoa.
E isso me angustiava, mesmo que fosse somente por algumas horas.
Saímos do carro fomos direto fazer chekin. A funcionaria do aeroporto nos deu um sorriso amigável, mas quando entregamos nossos documentos, seus olhos brilharam com uma certa admiração. Ela nos devolveu o passaporte junto com o papel aprovando nosso embarque.
- Tenham uma boa viagem, senhores Lexis.
Juan sorriu e me abraçou pela cintura.
- Muito obrigada. - ele disse olhando para funcionária, logo depois olhou pra mim. - Vamos, meu bem? Nossa segunda lua-de-mel nos aguarda.
Então eu entendi que pelos documentos falsos, nós eramos casados.
A funcionaria sorriu admirada.
- Claro, querido. - falei forçando um sorriso.
Juan riu e me deu um beijo no rosto, me dando ânsia de vômito.
Saímos dali em direção a sala de embarque.
- O que um jatinho particular não faz com u.a funcionaria... - ele comentou, rindo.
Confesso que não tinha entendido a piada.
- Como?
- Um jatinho particular... É nele que vamos viajar, Mandy... Ta vendo como gastamos com você? Só espero que toda essa fortuna seja devolvida em dobro quando você for leiloada.
Engoli em seco. Passamos pela sala de embarque, detector de metal e todos os trâmites legais para viajarmos e logo fomos em direção ao jatinho que estava a nossa espera. Juan voltou assumir seu rosto severo e seu olhar impaciente assim que entramos no jatinho.
Me sentei em uma das poltronas e Juan se sentou a minha frente. Soltei um suspiro baixo.
Que Deus ouvisse minha prece e me protegesse, de tudo.


***


Assim que ouviu o ronco do motor do carro d Juan sumir, Joshua tomaram u uma decisão: Iria ajudar Mandy.
Saiu da casa e pegou seu carro, indo direto para o bar de um velho conhecido. Assim que chegou lá, foi cumprimentado com ardor por Robert, e logo depois perguntou se poderia usar seu telefone. Robert assentiu e o levou atrás do balcão, seguiram por um corredor e entraram em uma sala que parecia um escritório.
- Fique a vontade, meu amigo, sempre o tempo que precisar. - disse Robert, saindo da sala.
Joshua se sentou atrás da mesa e pegou um papel amassado em seu bolso, discou o número no telefone e depois de ser quatro toques, uma voz masculina atendeu.
- Alo?
- Olá, eu gostaria de falar com Michael Jackson, por favor.
Michael olhou para Lara, Bill e Benson, que escutavam a conversa por um fone de ouvido, eles assentiram e Michael prosseguiu.
- É ele, com quem eu falo?
- Olá, Michael, eu sou o amigo de Mandy, o que lhe contou sobre os diários. Lembra-se de mim?
- Claro... O que deseja? - Michael perguntou, lutando para não fazer um interrogatório para o homem.
- Você leu os diários?
- Sim... - ele ia continuar, mas Joshua o interrompeu.
- Michael, eu gostaria muito de poder encontra-lo e conversar com você. Algo muito grave acontecerá com Mandy e temo que so você possa impedir.
Michael arregalou os olhos, desesperado.
- Como assim algo grave vai acontecer? Me explique isso direito, qual é o seu nome, quem é você? - ele perguntou desesperado, parando somente porque Lara ordenou silenciosamente.
- Meu nome é Joshua, e eu só vou poder dizer o resto pessoalmente. - ele disse - Há alguma possibilidade de nos encontrarmos, Michael? Tem que ser o mais rápido possível, por favor.
Michael olhou pra Lara que conversava aos sussurros com Benson e Bill. Logo depois ela se virou pra ele e sussurrou algo. Michael assentiu.
- Podemos nos encontrar amanhã as nove horas... Pode anotar o endereço?
Joshua suspirou de alivio.
- Posso, claro - ele pegou um papel e una uma caneta que estava em cima da mesa e anotou o endereço dado por Michael. - Certo, nos encontramos amanhã então, Michael. Muito obrigado.
E assim Joshua desligou o telefone com um sentimento de esperança tomando seu coração.
 
Capítulo 27

"O plano já está em mente, falta pouco para executá-lo.”


Na manhã seguinte, Joshua se levantou mais cedo do que de costume.
Estava muito nervoso.
Se qualquer pessoa daquela casa desconfiasse do que ele iria fazer daqui a três horas, ele estaria morto e sua família ficaria a mercê de uma vida injusta, sua filha ficaria sem o tratamento para sua doença. Era totalmente arriscado o que iria fazer, mas sabia que era o certo.
Ele amava Mandy como um filha, desde o momento em que a viu pequena, tão frágil e sozinha, completamente abandonada naquele mundo em que ele vivia. Naquela época, ele só queria abraçá-la e levá-la para casa, cuidar dela.
Era um absurdo uma menina de apenas cinco anos de idade passar por aquilo que ela estava passando, mas ele não pôde fazer nada. Na época ele era apenas capanga que havia acabado de entrar naquele meio, qualquer passo em falso ele estava morto, então, infelizmente, ele não pôde fazer nada por ela.
Mas agora ele podia e iria fazer. Contar a Michael, pessoalmente, sobre a verdade que de Mandy era o mínimo que ele poderia fazer por ela. Ela merecia ser livre e feliz e ele ajudaria no que quer que fosse.
Quando o relógio digital de sua cabeceira marcou oito horas, ele saiu de seu quarto. Ninguém perguntou onde ele iria, o que o deixou um pouco mais tranquilo. Pegou seu carro e dirigiu até o centro de Los Angeles, parando em frente a um edíficio domiciliar. Estacionou o carro e falou com o porteiro, que após interfonar para o apartamento, liberou sua passagem.
Entrou no elevador e apertou, tremendo, o botão vigésimo. Alguns minutos depois estava parado em frente a porta de numero duzentos e cinco. Respirou fundo e apertou a campainha.
- Você é...? - perguntou Lara, após abrir a porta.
- Joshua. Joshua Posher. - ele disse.
Lara apertou a mão que ele estendia e o convidou para entrar. Joshua olhou em volta e não havia sinal de Michael. Na sala só estavam ele, Lara, Benson e Bill.
- Eu sou Lara. - disse ela. - Você se importaria se eu o revistasse?
Joshua sentiu o coração falhar uma batida. Será que ela era policial? E se fosse, será que dali ele iria direto para delegacia? Se arrependeu no mesmo instante de ter ido ali, mas, já que estava ali, decidiu que ficaria até o fim.
- Claro que... Não. - ele disse.
Lara assentiu e chegou perto dele, apalpou suas pernas, suas coxas, cintura, barriga e braços. Quando sentiu que não havia escondido por debaixo das roupas, ela pediu para que ele se sentasse e foi até seu quarto, chamar Michael.
Quando todos já estavam reunidos, Lara começou a falar:
- Bem, Joshua, primeiramente, gostaríamos de saber uma coisa... Quem é você?
- Meu nome é Joshua Posher e... - ele pensou e repensou no que iria dizer. - Eu sou amigo de Mandy.
- Amigo de Mandy? Desde quando? - Benson perguntou.
- Desde que ela tinha cinco anos.
- Cinco anos? - Michael perguntou. - Como assim?
- É uma longa história... - Joshua disse.
- Estamos aqui para ouví-la, meu rapaz. - disse Bill.
Joshua respirou fundo. Sabia que após começar, não poderia mais parar e aquilo estava o deixando espantado. Ele corria o sério risco de ir direto para a cadeia depois de toda aquela conversa.
- Não sei se todos vocês leram os diários, mas neles Mandy disse que fora sequestrada com cinco anos... - ele fez uma pausa. - Eu fui um dos ajudantes em seu sequestro.
- Como? - Michael perguntou. - Eu ouvi direito? Quer dizer, se você ajudou a sequestrar Mandy... Como pode ser amigo dela?
- Michael, por favor, fique calmo. - pediu Lara. - Acho que Joshua pode explicar essa história, não é mesmo?
- Sim, eu posso. - ele disse. - O que eu vou dizer aqui é algo que pode me prejudicar muito, talvez eu saia preso daqui, mas estou disposto a ajudar aquela menina. Mandy é uma garota muito especial e que não merece nada do que está acontecendo com ela.
- E o que está acontecendo com ela? - Bill perguntou.
- Eu vou explicar... - Joshua suspirou e começou. - Eu trabalho para uma organização de leilão de mulheres há quase dezesseis anos. Comecei a trabalhar lá porque, eu sou casado, sou pai de três filhos, sendo que minha filha mais nova tem uma doença muito rara e seu tratamento é muito caro. Na época eu não tive opções, ou eu trabalhava para eles, cometendo um crime barbáro, mas ganhando um belo salário, ou minha filha morria. Nunca haviamos sequestrado crianças, somente mulheres e elas não eram "sequestradas" e sim seduzidas pela oferta de se casarem com homens ricos, até que, depois de uns cinco meses trabalhando, nosso chefe nos ordenou a sequestrar uma criança. E essa criança era Mandy.
- E quem é o chefe de vocês? - perguntou Lara, suspeitando da resposta que Joshua iria lhe dar.
- Jefrey Moore. - ele disse.
- Jefrey? - perguntou Michael. - Jefrey está metido com leilão de mulheres... Como assim?
Michael estava completamente confuso naquele momento. Sabia que Jefrey era ruim, mas não poderia imaginar que ele fazia parte de algo tão grande como aquilo.
- Ele não está "metido" nisso, ele é o nosso chefe. Segundo chefe, na verdade.
- E quem manda em tudo? - perguntou Benson.
- Ninguém sabe, somente Jefrey.
- Muito comum. O chefe de tudo não aparecer é tão clássico. - disse Lara, com um sorriso desafiador no canto dos lábios. - Continue.
- Bem, apesar de achar aquilo um tremendo absurdo, ajudei a sequestrar Mandy e ela só não apanhou mais dos outros caras porque eu impedi. Mandy era uma criança muito espivitada, ela queria fugir dali e por mais que apanhasse ela não desistia. - ele disse, se lembrando. - Até que Jefrey apareceu logo depois e deu algo para ela tomar, um remédio, eu acho, e ela dormiu. No dia seguinte ele a colocou no carro e foi embora, desde esse dia eu nunca mais a vi. Até que semana passada ela voltou. E confesso que me surpreendi, não ao vê-la machucada do jeito que estava, mas ao vê-la tão submissa. Não parecia ser aquela criança abusada e mandona que eu havia conhecido.
Michael olhou para as próprias mãos ao ouvir aquilo. Saber que Mandy fora machucada o deixava com uma sensação de imcapacidade.
- E onde Mandy está agora? - perguntou Benson.
- A caminho da Itália.
- Itália? - Michael perguntou, voltando seu olhar para ele. - Por que?
- Ela foi levada direto para casa onde todas as meninas vão, antes de embarcar para o leilão. Era pra ela ter embarcado para Itália um dia depois de ter sido mandada pra lá, mas eu estava adiando o máximo possível a sua ida. Quando ligamos para você, para falar sobre os diários, o nosso próximo passo seria fazer vocês dois se reencontrar, mas os capangas de Jefrey foram buscá-la ontem. Infelizmente, nossos planos não puderam ser concluídos.
- E em que lugar da Itália, especificamente, acontece esses leilões? - perguntou Lara.
- Em Veneza. - ele disse. - Eles construíram um palácio em Veneza, como em Londres, quando os leilões ainda aconteciam lá.
- E porque não acontecem mais em Londres? - Bill perguntou.
- Parece que eles estavam devendo uma grana muito alta para a máfia e então foram expulsos de lá... Eu não sei explicar melhor que eu não sou da parte burocrática. Mas sei que Albert Sherman, nosso contador, foi morto por eles há quase uma semana. - ele disse. - Creio eu que essa morte foi uma espécie de aviso. Mexer com a máfia é algo perigoso, você tem que jogar o jogo deles, senão...
- Entendo... - Lara olhou para Bill, Michael e Benson e fez um gesto com a cabeça. - Joshua, pode nos dá alguns minutos, por favor?
- Claro, estarei aqui esperando. - ele disse.
Os três se levantaram e seguiram até o escritório de Michael. Lara foi a primeira a falar.
- Vocês ouviram o que eu ouvi? - ela perguntou. - É tudo ainda pior do que eu poderia imaginar!
- Leilão de mulheres... É quase inacreditável! - disse Benson
- E o pior é que... Mandy está lá e ela pode ser leiloada também! - Michael falou, andando de um lado para o outro. - Nós precisamos fazer alguma coisa!
- Primeiramente, precisamos saber se esse cara foi realmente verdade em tudo o que disse. - falou Benson. - Posso descobrir isso em menos de meia hora, se quiserem.
- Faça isso, Benson, se ele estiver mesmo falando a verdade... - Lara fez uma pausa. - Já sei o que faremos com ela.
Quarenta minutos depois, Benson recebia por email o perfil completo de Joshua Posher. Bem, tudo o que ele havia dito era realmente verdade. Ele era casado, pai de três filhos e sua filha mais nova, Jessie, tinha uma doença muito rara e se tratava em um hospital particular em Seattle.
- Certo, podemos confiar nele. - disse Lara. - Eu pensei em algo... Vê se concordam comigo. Vamos para sala.
Assim que chegaram na sala, encontraram Joshua sentado no mesmo lugar. Sentaram-se cada um em seus lugares e Lara foi a primeira a falar.
- Joshua, sabe quem somos? - perguntou ela.
- Não... Mas tenho uma vaga suspeita.
Ela tirou distintivo do FBI e colocou na frente.
- Eu e meu amigo, Benson, somos agentes do FBI, delegados e detetives. Você sabe que está encrencado, não é mesmo?
Joshua engoliu em seco e assentiu.
- Temos seu perfil ali no meu escritório, e vimos que você foi realmente sincero ao contar sobre sua vida. Por isso, tenho um serviço pra você.
- Como assim, Lara? Ficou louca? - perguntou Benson, olhando pra ela.
Lara balançou a cabeça e continuou.
- A partir de hoje você é um informante nesse caso. Você irá gravar e filmar tudo o que acontece naquela casa e no final do dia enviara pra mim um relatório escrito e documentado. Te quero ainda essa semana na Itália. Já sei como acabar com esse bando infeliz e trazer Mandy de volta. Você sabe que isso aqui não é um pedido e sim uma ordem, não é mesmo?
- Sei... E estou disposto a seguir tudo o que vocês me mandarem fazer. - ele disse.
Benson balançou a cabeça.
- Você é louca, Lara, sabe que tudo de errado que acontecer nesse plano maluco, a culpa é sua!
- Podem confiar em mim. Eu fui verdadeiro quando disse que não concordo com o que eles fazem. Estou disposto a fazer o que quer que tenha de ser feito pra acabar com aquilo e trazer Mandy de volta.
- E qual é seu plano pra acabar com isso, Lara? - Michael perguntou.
- Dois dias antes do leilão, viajaremos para Itália. Por isso que você tem que ir para Itália. - ela disse olhando para Joshua. - Você vai arrumar um jeito de colocar Benson e eu lá dentro, e quando Mandy for leiloada, você vai acionar o alarme de incêndio, pegará Mandy e a levara para fora da mansão. Enquanto isso, Benson e eu vamos atrás de Jefrey. Será mais fácil de explicar depois que você mandar uma planta da mansão pra gente, e é imprecindível que siga a risca tudo o que eu disser, entendeu, Joshua?
- Perfeitamente. - ele disse.
Lara assentiu e entregou uma mala com gravadores, câmera e um notebook para Joshua.
Quando saiu do apartamento da delegada, Joshua soltou um suspiro de alívio misturado com preocupação. Passará de capanga a informante da polícia, uma verdadeira reviravolta em menos de duas horas.
Uma reviravolta que poderia custar a sua vida, caso alguém descobrisse que ele estava ajudando a polícia.
     

Capítulo 28

"A compreensão e atenção de todos”


Assim que Joshua saiu do apartamento, Lara olhou no relógio.
- Acho que temos que ir para Neverland agora. Temos um encontro marcado com Raymonds e os pais de Mandy a duas horas da tarde. Precisamos está lá antes disso.
Todos assentiram e logo depois Benson balançou a cabeça.
- Eu ainda acho que a sua ideia de deixar aquele cara como nosso informante completamente absurda, Lara! - ele disse. - E se ele não for nada disso que diz ser? É um risco muito grande, ele pode estragar todos os nossos planos em um passe de mágica.
- Eu sei o que estou fazendo, Benson. Obviamente que Joshua é um cara direito, porque então ele ligaria para nós falando sobre os diários? Aquilo dali é uma prova concreta e ele se arriscou muito hoje vindo até aqui nos falar a verdade. Ele sabe que iria ser preso, mas mesmo assim ele veio para ajudar Mandy. Ele pode nos ajudar também.
- Concordo com Lara. - Michael disse. - Ele poderia muito bem ficar calado e não chegar até nós, mas ele veio disposto a ajudar Mandy... - ele se levantou. - Vamos para Neverland? Estou muito ansioso para ter essa conversa com os pais de Mandy.
- Sim, nós vamos, mas vou falar algo e espero que fique bem claro pra vocês. Não comentem nada sobre essa história de leilão de mulheres. Raymonds estará lá. - ela diz.
- Você acha que ele tem envolvimento nisso? - Bill perguntou.
- Sinceramente, não. Mas se falarmos algo, ele pode deixar escapar algo perto de Jefrey e isso arruínaria todos os nossos planos. O que menos precisamos agora é que Jefrey saiba que descobrimos tudo. - ela diz. - Então, nada de falar sobre Joshua, ou leilão de mulheres. Para eles nós não temos ideia de onde Mandy possa estar.

Todos estavam reunidos no escritório de Michael. Frederick e Sharon sentados em um sofá, Raymonds em uma poltrona ao lado deles. O clima ficará tenso quando o casal e Raymonds se encontraram, foram pegos de surpresa naquele momento.
Porém, acima de tudo isso, sabiam que algo era mais importante: salvar Mandy. Então, Raymonds engoliu seu orgulho e não esperou que Lara tomasse a palavra.
- Apesar de tudo o que você fez a mim, Frederick... - ele começou. - Eu estou disposto a esquecer.
- Tudo o que você fez a ele? Acho que você pulou um capítulo da história, Frederick... - disse Benson. - Eu fui bem claro a você que me contasse tudo o que aconteceu... Poderia me dizer do que ele está falando?
Frederick engoliu em seco. Sharon apertou sua mão lhe transmitindo força e assentindo para que ele contasse a verdade. Ele olhou para todos que estavam na sala e logo depois disse.
- Na época em que Raymonds quis me ajudar... - ele fez uma pausa. - Ele quis me passar cinco por cento de sua fortuna, e mesmo sabendo que era mais do que suficiente para poder salvar a minha empresa, eu quis mais e... - um suspiro. - Eu, junto ao meu advogado, mudamos a clausula e passamos para trinta por cento e o fiz assinar o documento sem falar sa mudança. Eu sinto muito, Raymonds, você não sabe o quanto eu me arrependo do que fiz. Acabei com a nossa amizade e de queda ainda tive a minha princesa sequestrada pelo seu irmão... Se eu não tivesse feito aquilo, nada disso teria acontecido.
Todos na sala, exceto Sharon e Raymonds, estavam chocados com aquela revelação. Não imaginavam que aquilo havia acontecido e se perguntavam sobre o que mais faltava a ser desvendado no meio daquela história.
- Tudo bem, Frederick, já disse que estou disposto a esquecer essa história. Eu sinto muito pelo o que Jefrey fez. - Raymonds faz uma pausa e todos viram seus olhos encherem-se d'água. - Mandy é... Ela se tornou minha filha também. Na época que Elizabeth morreu eu estava em choque e acabei me distanciando muito dela, Jefrey a mandou para um colégio interno, mas agora que ela havia voltado... - ele fungou. - Ela era meu universo todo. Tudo o que eu fazia era pensando nela, no que ela poderia achar, porque ela era minha filha, a minha menina que ficou longe de mim. Eu só queria pegá-la no colo e dá todo o carinho de pai que eu não pude dar a ela e então...
Ele faz uma pausa, limpando as lágrimas que caiam de seus olhos. Todos na sala, até mesmo Bill - que nunca gostou de Raymonds - estavam com um nó na garganta. Raymonds falava como um pai realmente e todos sentiam a mesma dor que ele demonstrava sentir.
- Eu descubro que minha filha de verdade está morta há quinze anos, jogada em um cemitério imundo em Londres, quase enterrada como uma indigente. - ele diz. - E que o culpado de tudo isso é meu próprio irmão, o menininho que eu amo tanto, que eu cresceu ao meu lado. Eu jamais poderia imaginar algo tão... Ruim vindo dele. Ele enterrou minha filha em um lugar horrível, escondeu sua morte de mim, colocou outra garota no lugar dela, uma menininha inocente de apenas cinco anos de idade. - ele balançou a cabeça. - Eu estou transtornado com tudo isso que está acontecendo, parece que tudo o que eu vivi durante todo esse tempo, não tivesse valido de nada. Mas o amor que eu sinto por Mandy é algo real, no meio de tudo isso, por isso estou disposto a esquecer nossa briga de anos atrás e trabalhar com afinco para achá-la. Querendo ou não, Mandy também é minha filha e eu a amo muito. Quero-a aqui de volta, ao nosso lado e ao lado de Michael que é um cara maravilhoso que a ama de verdade.
Michael assentiu e engoliu o nó que se formou em sua garganta.
- Todos nós estamos desesperados, Raymonds. - Michael diz. - E também estamos trabalhando com afinco para achá-la.
- E Jefrey, onde está? - pergunta Sharon, se pronunciando pela primeira vez.
- Ele sumiu. - diz Raymonds. - Há dias que tento falar com ele e não consigo, não faço a mínima ideia de onde ele possa está.
- Mas nós vamos achá-lo. - Lara diz e olha para Benson - O que eu mais queria tirar dessa nossoa pequena reunião é que vocês não estejam brigados uns com os outros, isso dificultária ainda mais o nosso trabalho. Eu peço a compreensão de vocês.
- Nesse momento o que mais precisamos é da união de vocês - diz Bill.
- Isso mesmo. - completa Benson. - Mandy precisa ser salva e nós vamos achá-la, nem que precisemos ir ao inferno para que isso aconteça.
Capítulo 29

"A morte de uma pessoa ruim é vista como uma trégua a toda a tempestade.”


Jefrey havia acabado de pousar em solo Italiano. Respirou fundo e soltou um risinho de satisfação, estava tudo seguindo seu rumo normal.
Avistou o carro preto a sua espera do lado de fora do aeroporto e ordenou que o funcionário levasse suas bagagens e guardasse no porta-malas. Logo viu o motorista sair do carro e franziu o cenho.
- Quem é você? - perguntou ao rapaz negro.
- Meu nome é Dimitri, senhor. Estou substituindo Luigi, ele está muito doente. - disse ele.
Jefrey o olhou de cima a baixo.
- E por que eu só fui avisado agora?
- Não podiamos ligar para o senhor, o senhor estava no voo.
Jefrey suspirou.
- Certo, me leve embora daqui, quero tomar um bom banho e, você sabe, me arrume uma puta gostosa e boa de cama, estou precisando relaxar. - ele disse.
Dimitri arqueou uma sobrancelha desfarçadamente e abriu do quarto para Jefrey então.
- Claro senhor, assim que chegamos na mansão eu faço o que o senhor pediu.
Dimitri fechou a porta e se sentou ao volante, Jefrey voltou a falar.
- E seu amigo aí do lado, também não o conheço... Guigo está doente também? - perguntou em tom sarcástico.
- Me chamo Paolo, senhor. Guido foi demitido. - diz ele.
- Por quem?
- Pelo nosso chefe. Parece que ele estava metido com drogas, não sei ao certo, senhor.
- Mas o que está havendo? Guido é demitido e eu não sei de nada? Preciso ter uma conversa muito séria com Pablo... - Jefrey diz, resignado, balançando a cabeça. - Tem como ir mais rápido, Dimitri ou seja lá como você se chama!
- Claro, senhor.
Dimitri sorri de lado e pisa no acelerador, uma música de tom agradável tocava no carro, que deslizava rapidamente pelas ruas de Veneza. Jefrey relaxou um pouco e encostou a cabeça no banco do carro. Alguns minutos depois, foi despertado de sua soneca por um solavanco brusco. Levantou a cabeça rapidamente e viu pelos vidros que estava em uma estrada completamente escassa de iluminação e era notável que o chão era completamente esburacado - algo que só acontecia em lugares bem distantes do centro de Veneza.
- Pra onde vocês estão me levando, seus infelizes? - ele gritou.
Paolo olhou pra trás e apontou uma arma bem próximo a testa de Jefrey. Ele tinha um sorriso no rosto.
- Eu acho melhor você ficar quieto, Jefrey, se não eu posso matá-lo aqui mesmo. Você não imagina o prazer que eu teria em estourar seus miolos de uma vez.
Jefrey engoliu em seco e riu.
- Vocês só podem está de brincadeira... - ele balançou a cabeça. - Eu acho melhor pararem com essa piadinha de mal gosto, darem meia volta com esse maldito carro e irem para a mansão, agora.
- Quem você acha que é pra mandar em nós, seu filho da puta escroto? - Paolo disse. - Não tem capacidade de pagar as próprias dividas e acha que pode mandar em nós?
- Você tem duas opções. - disse Dimitri. - Ou ficar quieto e esperar até chegarmos em nosso destino, ou morrer aqui, no meio dessa estrada, onde ninguém irá te achar. O que prefere?
- Quem são vocês? - perguntou Jefrey, se encostando no banco e olhando pra eles com atenção.
- Isso não te interessa, ainda. - disse Paolo. - Agora eu não quero ouvir sua voz até esse carro parar.
- Onde estão Luigi e Guido? - ele perguntou.
- Mortos. E é o modo como você ficará se não calar a porra dessa boca! - gritou Paolo.
Jefrey engoliu em seco e resolveu ficar quieto. O carro rodou mais uma vez e parou em frente a uma cabana de madeira. Paolo desceu primeiro e abriu a porta para Jefrey sair. Logo depois Dimitri saiu do carro e segurou Jefrey pelo colarinho da camisa, arrastando-o para cabana.
- Tire a roupa. - ordenou Dimitri.
- O que?
- Tire. A. Roupa. - ele disse, pausadamente. - Entendeu agora ou quer que eu desenhe?
Paolo largou seu colarinho e Jefrey começou a tirar os sapatos e as meias, uma luz branca e forte iluminou a cabana e então ele pôde enxergar melhor. Havia uma cadeira, identica a de um dentista só que um pouco maior, bem ao centro e vários tonéis em volta. Paolo estalou os dedos na sua frente e ele voltou ao que estava fazendo. Tirou a calça e camisa, ficando somente de cueca.
- A cueca também. - disse Dimitri.
- Mas...
- A. Cueca. Também. - ele falou novamente.
Jefrey respirou fundo e tirou a cueca, ficando completamente nu na frente deles. Paolo apontou para cadeira e Jefrey se sentou. Suas pernas foram abertas e seus pés amarrados a uma torre de ferro. E seus braços foram colocados ao lado de sua cabeça, suas mãos amarradas uma a outra.
- Por que tudo isso? Vocês vão me matar? - ele perguntou.
- Se você cooperar conosco, não matamos você. - disse Dimitri. - Agora podemos falar quem somos... - ele sorriu. - Lembra-se de seu amigo, Albert Sherman?
Jefrey engoliu em seco, entendendo perfeitamente quem eram eles, agora.
- Vocês são os capangas de Paul, não é? - ele perguntou.
- Até que você não é tão burro, Jefrey. - ele riu. - Antes de morrer, Albert nos deu uma informação valiosa, ele nos contou sobre você e nos disse que você sabe quem é o chefe. E é isso que queremos de você... Quem é o chefe, Jefrey?
Jefrey riu.
- Eu não vou dizer... Não mesmo.
- Não? - perguntou Dimitri.
Jefrey negou com a cabeça, um sorriso plantado em seus lábios.
- Certo... - Dimitri sorriu, sarcástico. - Podemos dar um jeito nisso...
Paolo se abaixou e Jefrey viu que ele estava com uma luva de burracha que ia até a altura de seu cotovelo. Ele pegou um dos pequenos tonéis que estavam no chão e olhou para Dimitri.
- No peito primeiro. - ele disse.
Paolo sorriu e virou o tonel, o conteudo caiu em cima do peito nú de Jefrey. O ácido correu e comeu sua pele rapidamente, fazendo-o gritar de dor. As lágrimas saiam de seus olhos enquanto ele queria por a mão em seu peito e fazer aquilo parar, ele se mexia e percebeu que quanto mais se movimentava, o liquido ia para outras partes de seu peito, descendo até sua barriga. Ele ficou quieto, sentindo sua pele se corroer e ficar em carne viva.
- Dor legal, não é, Jefrey? - Dimitri riu. - E então, quem é o chefe?
- Eu não vou dizer! - ele grunhiu entre dentes
- É impressionante... Quanto ele está te pagando pra você o proteger com tanto afinco?
Dimitri balançou a cabeça e fez um sinal para Paolo continuar o que estava fazendo.
Dimitri se abaixou e pegou outro tonél e riu.
- Hm... Acho que a partir de hoje você não come mais nenhuma puta gostosa e boa de cama, Jefrey Moore.
Ele mirou no pênis de Jefrey e jogou o ácido bem em cima de seu sexo. Jefrey gritou e gritou, até sentir que suas cordas vocais se arrebentariam. A dor que ele sentia era terrível, o ácido corria seu pênis, queimando-o completamente e pôde sentir e o ouvir as gotas de sangue caindo no chão.
- Seus filhos da puta! - ele xingou, chorando.
- Vai falar ou não, Jefrey? - perguntou Dimitri.
- Eu morro mas não falo! - ele grita.
- Ah, é mesmo? - ele gargalhou e chegou perto dele, sussurrou em seu ouvido: - Então morre, seu filho da puta desgraçado.
Jefrey arregalou os olhos e Dimitri abriu sua boca, colocando dois pinos de ferro dentro dela, para mantê-la aberta. Paolo pegou outro tonél no chão e Jefrey gritou. Então, de uma só vez, ele virou o tonél, o ácido caiu dentro de sua boca, passou pela sua garganta. Jefrey sentiu cada canto do seu ser ser comido e rompido pelo ácido.
E então...
Jefrey Moore estava morto.
Capítulo 30

"A morte de uma pessoa ruim é vista como um alívio para a sociedade."


Veneza, Itália.

Joshua havia acabado de chegar a mansão e estranha movimentação dos seguranças na porta da casa. Pôde perceber que todas as luzes estavam acesas, o que era algo bastante incomum as duas horas da manhã de uma quinta-feira.
Saiu do táxi e assim que o viu, um dos seguranças foi até a ele, o ajudar a descarregar as malas.
- Ainda bem que chegou, Sr. Joshua... Isso aqui está um caos completo. - ele disse em inglês com um sotaque italiano.
- O que houve?
- Sr. Jefrey ainda não chegou. Luigi e Guido saiu daqui para o buscar eram oito horas e até agora não apareceram. Não conseguimos entrar em contato com nenhum deles.
Jefrey franziu o cenho. Aquela situação era realmente estranha. Jefrey sempre seguia direto para a mansão quando desembarcava, senão, sempre avisava a alguém.
- Vamos entrar, vou vê o que está acontecendo.
Os empregados levaram as malas de Joshua para seu quarto, e se reuniram na sala.
- Primeiramente, onde estão as meninas? - perguntou.
- Estão todas no quarto, Sr. Joshua... Na verdade, tudo aqui está perfeitamente normal, só Jefrey que até agora não chegou. Estamos preocupados, porque ele não nos avisou se iria para outro lugar e não conseguimos entrar em contato nem com ele, nem com Luigi e Guido. - disse Wayne, o chefe da segurança.
- Certo... Alguém sabe se...
Joshua foi interrompido abruptamente por dois seguranças, que entraram correndo na mansão.
- Mas o que está acontecendo aqui? Por que entraram desse jeito? Ficaram loucos? - Wayne perguntou, trincando o maxilar.
- Dois carros pretos, como o nosso, pararam em frente ao nosso portão e... - o segurança fez uma pausa.
- E alguns caras vestidos de preto jogaram o corpo de Guido, Luigi e do Sr. Jefrey no nosso portão... O corpo do Sr. Jefrey está completamente desconfigurado. Somente seu rosto está reconhecível.
Em menos de um minuto, o alvoroço tomou a casa. Todos correram para o portão e a cena de vê Guido e Luigi baleados e Jefrey nu, com a pele corroída pelo acido fora chocante. Joshua não sabia o que fazer ao certo. Primeiramente, pediu para todos terem calma e não mexer nos corpos, logo depois deixou dois seguranças do lado de fora e entrou em casa. Foi para o seu quarto e discou o número de Lara.
- Alô?
- Lara? Sou eu, Joshua... - ele disse.
- Oi, Joshua... Aconteceu algo?
- Sim... - ele suspirou. - Dois carros pretos pararam aqui em frente a mansão, e uns caras jogaram os corpos de dois de nosso seguranças, que estava baleados e... Eles jogara o corpo de Jefrey aqui. A mansão está um caos e eu não sei o que fazer. - ele disse, em desespero.
- Espere um segundo... - Lara ficou em silêncio por um momento. - Jefrey está morto?
- Sim... E eu tenho quase certeza que foi a mando do dono da Máfia de Londres... Ele foi torturado, Lara, o corpo dele está totalmente desconfigurado, a pele está corroída, parece que queimaram ou sei lá... É realmente impossível de explicar como ele está.
- Certo, faça o seguinte, espere ligue para a polícia local e diga a verdade sobre como o corpo de Jefrey apareceu aí. As investigações da polícia não vão ser concluídas antes do leilão, então, dará para seguir com o resto do plano.
- Ok, mas, e se eles quiserem revistar a casa? As meninas estão aqui.
- Eles não podem fazer isso sem um mandato, Joshua, e eles não vão fazer nada além de recolher o testemunho de quem viu o corpo sendo jogado no portão de vocês. Faça o que eu estou dizendo e mande todos ficarem calmos e diga que tudo será resolvido. Fale que o cronograma de vocês não será mudado e... O chefe de vocês logo saberá da morte, com certeza, e logo mandará alguém para dizer a mesma coisa que eu o mandei dizer. Ele não vai peder dinheiro só porque Jefrey morreu.
- Tudo bem... - Joshua disse. - Quando vocês viram para cá?
- Embarcamos amanhã a tarde. Não se preocupe, Joshua, tudo dará certo.
Eles se despediram e desligaram o telefone.
Joshua desceu e fez tudo o que foi dito por Lara, os corpos foram recolhidos e levados para o Instituto Médico Legal, enquanto os polícias recolhiam depoimentos dos dois seguranças que viram a ação. Joshua se apresentou como o mordomo da casa e deu o nome de Jefrey, Guido e Luigi. Mas tarde, a polícia foi embora e Joshua disse que nada havia mudado no cronograma da casa e que em breve, uma nova pessoa, possivelmente, tomaria o lugar de Jefrey.
E então, como num passe de mágica, a morte de Jefrey fora esquecida e o assunto morreu dentro da mansão.

Los Angeles, Estados Unidos.

Lara estava, acima de qualquer coisa, completamente impressionada com a morte de Jefrey. Não consegia acreditar que um tão destemido como ele viraria uma presa tão fácil.
E também estava curiosa para saber o motivo de tal acontecimento.
Deitou-se cedo e logo pegou no sono. Estava ansiosa para chegar logo a Itália e entrar em ação.

Michael acordou cedo, tomou banho e sorriu tristemente ao vê a foto de Mandy em sua mesa de cabeceira. Não queria pensar em como, possivelmente, ela estaria, mas era algo impossível de bloquear em sua mente.
O dia se arrastou e ele estava ansioso para pegar o voo e ir de encontro a sua amada. Logo os pais de Mandy, que insistiram em ir com eles, chegou a sua casa e Lara e Benson chegaram juntos. Todos se reuniram na sala e Lara começou a falar.
- Bem, eu tenho algo muito importante para dizer... - ela começou. - Espero que estejam preparados para ouvir.
- Diga logo, Lara... É algo grave? - perguntou Bill.
- Jefrey foi torturado e assassinado na noite passada.
Todos ficaram em silêncio, sem saber ao certo o que dizer. Não era uma notícia triste - não mesmo, depois de tudo o que ele fez - mas não deixava de ser menos do que chocante.
Jefrey estava morto e apesar de ser um alívio, ainda era difícil de acreditar.
- Como soube disso? - perguntou Michael.
- Joshua me ligou ontem a noite... Ele disse que um carro preto parou em frente a mansão e homens jogaram o corpo de Jefrey e dois seguranças na porta da casa. Tudo indica que foi o pessoa da Mafia Londrina.
- E o leilão? Será interrompido? - Frederick perguntou.
- E você acha que o tal chefe vai perder dinheiro só porque Jefrey morreu? Lógicamente que não. Logo ele arruma outra pessoa para ocupar o lugar dele. Acho melhor esperarmos por uma ligação de Raymonds a qualquer momento. Tenho certeza que logo a polícia entrará em contato com ele.
- Eu não consigo sentir pena de Jefrey. - comentou Sharon. - Não depois de todo o mal que ele fez a minha filha.
- Ninguém consegue, meu bem... - murmurou Frederick.
Eles ficaram esperando a ligação de Raymonds até a hora de irem para o aeroporto, como ele não ligou, decidiram ir embora. Michael decidiu que ligaria para ele quando desembarcasse na Itália.
Ele sabia o quão difícil seria para Raymonds, saber que seu único parente estava morto. Mesmo que fosse Jefrey.
 
Capítulo 31

"A volta de Mandy"


Veneza, Itália.

Depois de quatorze horas de voo, finalmente pousaram em solo italiano.
Michael, Lara, Bill, Benson, Frederick e Sharon foram direto para um hotel onde suas reservas já estavam feitas. Faltava apenas um dia para o leilão e todos estavam ansiosos.
No sábado de manhã, Joshua foi até o hotel e repassaram o plano novamente. Ele deu os convites para Michael, Lara, Bill e Benson. O plano era Michael e Bill irem disfarçados, eles ficariam no público. Lara e Benson ficariam na coxia, pegando as meninas e levando-as para o lado de fora da mansão. Joshua levou a planta da casa e amostrou uma saída de emergência que ele deixaria sem segurança, para o acesso rápido para Lara e Benson, que para todos, eram novos funcionários. Eles pegariam as meninas e as levariam para uma van preta que estaria estacionada atrás da mansão, e dali elas seriam levadas para a polícia italiana, que estava avisada sobre o suposto tráfico.
Na hora em que Mandy fosse apresentada para os convidados, Joshua acionaria o alarme de incêndio, rapidamente todos os convidados sairiam e Michael, com a ajuda de Bill pegariam Mandy e sairiam pelo mesmo lugar onde as meninas estavam saindo. Eles teriam de ser rápidos, tinham de pegar Mandy antes que os seguranças os fizessem, por isso, Joshua reservou para os dois a primeira mesa que ficava logo a frente do palco.
Meia hora depois, Joshua fora embora e Michael seguiu para sua suíte. Ele ligou para casa de Raymonds e no segundo toque Sra. Jones atendeu. Logo a voz triste de Raymonds soou ao telefone.
- Você já sabe, não é, Michael? - ele perguntou com a voz embargada.
Michael fechou os olhos e suspirou; aquela conversa seria difícil.
- Sim, eu sei Raymonds e eu... Eu sinto muito. - ele disse.
- Eu não entendo, Michael, não entendo como alguém pode ser tão ruim ao ponto de matar uma pessoa e largá-la como um indigente na frente da própria casa. Essas pessoas não tem coração? Eu entendo que Jefrey fez muita besteira na vida, mas ninguém merece morrer daquele jeito! Eu estou indgnado... - ele disse.
- Eu também queria entender porque há tanta maldade no mundo, Ray... Jefrey realmente fez muitas coisas ruins, mas não merecia morrer daquele jeito. - Michael disse.
- E agora eu estou sozinho, Michael... Jefrey era a única pessoa que havia sobrado da minha família. Minha filha... Não é minha filha, minha esposa está morta, meus pais também e agora Jefrey... Acho que eu não vou suportar ficar tão sozinho.
- Você não está sozinho, Ray, eu sou seu amigo e estou com você. Mandy... Ela também gosta muito de você, quando a acharmos, ela vai ficar ao seu lado. Não quero que pense que está sozinho, pois sou seu amigo e não lhe abandonarei. Infelizmente não poderei ir ao enterro de Jefrey, pois estou viajando a negócios, mas assim que eu retornar a Los Angeles eu irei a sua casa. - Michael disse.
- Obrigado por tudo, Michael, você é um ótimo amigo e... Genro, porque Mandy também é minha filha, amo muito aquela menina. - ele disse.
- Ela é sua filha sim, Raymonds. - Michael disse. - Eu vou ter que desligar agora, mas quero que fique bem, na medida do possível, ok?
- Tentarei ficar... Obrigado, Michael, mais uma vez. - ele disse.
Trocaram mais algumas palavras e logo depois Michael desligou o telefone. Ele realmente sentia muito. Não pelo fato de Jefrey está morto, mas porque Raymonds estava sofrendo por aquilo. E ele realmente não merecia aquele sofrimento.

***


O dia passou rapidamente e logo a noite chegou. Michael e Bill se disfarçaram e sairam do hotel logo depois de Bill e Lara. O motorista os levou até a mansão e puderam constatar que o evento era discreto, mas badalado por conta de todos os carros luxuosos estacionados.
Foram em direção ao hall e entregaram os convites, dando o nome que Joshua os mandaram dizer. Um segurança os levaram até a mesa principal, que ficava em frente ao palco. Observando em volta viram que o lugar era grande e pela quantidade de mesas, muita gente gostava daquele tipo de coisa. Rapidamente o lugar foi enchendo e logo todas as mesas do salão estavam ocupadas.
As luzes foram ficando fracas até que o salão ficou pouco iluminado. O mestre de cerimônias subiu ao palco e um refletor o iluminou.
- Boa noite, senhores. - ele disse. - Queremos agradecer a presença de todos em nossa sexta noite de gala. Nossas damas estão cada vez mais bonitas. Espero que apreciem nosso espetáculo. - ele sorriu. - Então, para abrir a nossa sexta noite de gala, por favor, recebam Jane Wolsen.
Bill e Michael se entreolharam e logo depois olharam para frente. O refletor diminuiu em cima do mestre de cerimonias e um outro se ascendeu, amostrando uma mulher loira, usando somente um biquine e joais. Ela sorria e cambaleava um pouco. Era muito bonita, mas parecia está desorientada.
- Ela está drogada, Michael... - sussurrou Bill.
Michael tinha uma expressão horrorizada. Sua vontade era de subir no palco, tirar o sobretudo que vestia, cobrir aquela moça e tirá-la dali.
- Jane Wolsen tem mede 1,63 centímetros, tem olhos verdes, magra e esbelta. O lance inicial para ela é de duzentos mil dólares. - disse o mestre de cerimônias.
- Duzentos mil! - exclamou Michael, em tom baixo.
Bill balançou a cabeça completamente indignado. Eles ainda não entendiam como podiam vender mulheres como se fosse objetos. Aquilo era ridículo, completamente desumano.
- Duzentos e cinquenta. - disse um homem.
- Trezentos. - disse outro.
Michael olhava ao redor e os homens bem vestidos lutavam para ter aquela mulher como se fosse um objeto muito raro. Por fim, ela fora vendida por quinhentos mil dólares. Michael e Bill estava espantados. Logo depois veio uma morena, que foi vendida por quinhentos e cinquenta mil dólares. Se passaram mais três meninas e Michael já estava ficando nervoso, ele mal se continha na cadeira. Queria ver Mandy.
Mais quatro meninas passaram pelo palco e foram vendidas e nada de Mandy aparecer.
- Minha vontade de ir lá dentro e pegá-la! - Michael murmurou entre dentes.
- Espere, Michael... Tenha calma. - pediu Bill.
Mas uma menina subiu ao palco. Ela foi vendida por setecentos mil dólares.
- Agora, vem a parte mais interessante da noite. Creio que todos estão esperando por isso... - ele sorriu. - Com vocês, Mandy Ower Sulivan.
O coração de Michael deu um pulo e, por um momento, ele achou que iria parar de bater. Mandy apareceu no palco e Michael quase não a reconheceu. Ela estava usando um biquine preto, como todas as outras e estava incrivelmente mais magra. Ao contrário das outras meninas, ela estava muito maquiada e ele pôde perceber que era para disfarçar seus olhos fundos, ela cambaleava de um lado para o outro e quase não conseguia ficar de pé. Michael se curvou na cadeira, se segurando para não subir ao palco e pegá-la no colo. Ele tinha certeza que ela poderia desmaiar a qualquer momento.
- Mandy tem 1,73 centímetros de altura, é uma bela morena de olhos castanhos e, como se não bastasse, já foi mulher do Rei do Pop. Dizem as boas línguas que ela é ótima na cama...
- Como é que é? - Michael falou entre dentes, os punhos cerrados, prontos para acertar a cara do mestre de cerimônias. - Eu mato esse filho da puta!
- Michael, por favor! - pediu Bill, cauteloso.
- Começamos com quinhentos mil. - disse o mestre.
- Seiscentos mil. - disse um homem.
- Setecentos e cinquenta mil.
Michael cerrou os dentes e travou o maxilar.
- Oitocentos e cinquenta mil. - disse um homem.
Michael olhou pra trás e viu um homem barrigudo de mãos para o alto.
- Um milhão de dólares. - disse ele.
Os olhos do mestre de cerimônias brilharam. Nunca haviam dado um lance tão alto assim. Mandy cambaleou mais um pouco e quase caiu sentada ao chão, Michael se segurou para não sair de seu lugar. Quando o mestre de segurança abriu a boca para falar algo, o alarme de incêndio tocou. As minis mangueiras presas ao teto começaram a esguichar água e os convidados começaram a se retirar do salão. O mestre de cerimonias desceu correndo do palco, deixando Mandy sozinha. Foi a deixa de Michael.
Com a correria dentro de salão, ele deu a volta no palco e subiu as escadas. Ele andou em direção a Mandy e logo Bill foi atrás dele. As luzes do salão foram apagadas e tudo ficou as escuras, possibilitando o acesso de Michael até Mandy. Ele chegou perto dela, e pegou seu rosto entre suas mãos. Os olhos delas estavam quase fechando e o corpo dela ficando mole.
- Não, meu amor... Fica comigo... - Michael pediu, mas foi em vão.
Mandy caiu em seus braços, desmaiadas. Michael a pegou no colo e saiu pela porta que dava acesso a coxia. Todos corriam de um lado para o outro e logo ele avistou Lara, que o mandou sair dali. Ela indicou a saida e Michael e Bill passaram por uma porta. Assim que saíram, viram seu carro estacionado, eles entraram e o motorista deu partida, saindo dali.
Michael olhou para Mandy novamente e segurou para não deixar as lágrimas cair. Bill tirou seu sobretudo e colocou em cima dela, tampando sua quase nudez.
- Olha como ela está, Bill... - ele murmurou com a voz embargada. - Me perdoa por isso, meu amor... Se eu soubesse, jamais deixaria isso acontecer há você.
- Michael, a culpa não foi sua... - disse Bill.
- Foi minha também, Bill. - ele disse, se aproximando dela e beijando sua testa. - Eu te amo muito...
Mandy abriu os olhos devagar, tentando reconhecer quem estava ali. Michael sorriu pra ela, mas logo seu sorriso deu lugar ao choque ao vê os olhos dela revirando e seu corpo tremendo em seu colo. Mandy estava convulcionando e saia espuma branca por sua boca.
- Oh meu Deus! - Michael gritou, tentando segurar o corpo dela em seu colo.
- Droga! - exclamou Bill. - Pro hospital, Wayne!
Wayne acelerou o carro e mudou o caminho indo em direção ao hospital, Mandy continuava a convulcionar e seus olhos reviravam, deixando Michael desesperado.
O que ele mais queria era levá-la para o hotel e poder ficar com ela, mas seus planos mudaram drasticamente e o medo tomava conta de seu coração.
 
Capítulo 31 (2º Parte)


"Felicidade é... Está com você pra minha vida inteira."



Veneza, Itália.


Michael entrou com Mandy no hospital. Ela ainda convulcionava e era difícil equilibrá-la em seus braços. Bill chamou um enfermeiro e logo toda a equipe chega perto de Michael. Ele coloca Mandy na maca e os enfermeiros começam a checar o pulso dela, enquanto ela se debatia sobre a cama.
O médico e os enfermeiros seguiram para sala de emergência e por um momento Michael ia fazer um escandalo para entrar com eles, mas Bill o olhou, convencendo-o que ele tinha que ficar do lado de fora. 
Michael suspirou pesadamente, tirou a peruca e arrancou a barba postiça que usava. Bill informou a recepcionista que Michael Jackson estava no hospital e pediu total sigilo sobre sua presença ali. Ela assentiu e os levaram para uma sala reservada. Assim que ficaram assós, Michael se manifestou:
- O que será que está acontecendo com ela, Bill? Eu estou desesperado, me sinto impotente por não ter como fazer nada novamente! - ele disse, angustiado.
- Fique calmo, Michael, vamos torcer para que não seja nada grave.
- Não pode ser nada grave, Bill! Eu não... - ele engoli o nó na garganta. - Não posso perdê-la. Eu lutei tanto pra chegar até aqui, para tê-la de volta em meus braços... Ela não pode ir embora, Bill. 
Bill se levanta do sofá e abraça Michael com força.
- Não pense assim, garoto. A menina vai ficar bem, Deus é justo, Michael, ele não faria uma maldade dessa com vocês. - ele se afasta. 
Michael assente e se senta no sofá, limpando as lágrimas. 
- Eu vou ligar para Lara... Ela me disse que queria saber quando chegassemos. 
Michael pega o telefone que havia na sala onde estava e liga para Lara. Ela estava na delegacia e disse que havia pego quase todos que estavam fugindo, até mesmo alguns clientes. Michael conta a ela o que aconteceu e ela manda ele ligar para Frederick e Sharon e diz que assim que ele tiver notícias, era para avisá-la. 
Ele faz o que ela pediu e em meia hora Bill entra na sala com Frederick e Sharon atrás de si. Frederick estava bastante nervoso e Sharon chorava no ombro do marido. Um silêncio insuportável se instalou na sala.
- Eu não aguento mais essa espera... Estou ficando cada vez mais agoniada com tudo isso! - disse Sharon. 
- Fique calma, querida, logo o médico vem dizer como ela está... - disse Frederick. 
Uma hora havia se passado e Michael já começava a andar de um lado para o outro. Aquela espera toda estava o sufocando! 
- Michael, se acalme garoto, pelo amor de Deus! - Bill disse, escutando batidas na porta. Ele se levanta e vê o medico do lado de fora.
Assim que o médico entra, Sharon e Frederick pulam do sofá. 
- Quem é o parente mais próximo de Mandy Sulivan? 
- Nós somos... - diz Frederick. - Nós somos pais dela.
- Como ela está? - Michael pergunta.
- Foi realmente uma sorte você ter conseguido chegar ao hospital, Sr. Jackson... Mandy estava tendo uma overdose. - ele diz - Pelos exames podemos perceber que ela vinha tomando injeções de *LSD líquida misturada á soro fisiológico. Só que hoje parece que essa dose foi maior e a droga estava pura. Como foi aplicada direto na veia e o organismo dela ainda estava com droga no corpo, ela entrou em convulção, tendo overdose. 
- Oh meu Deus! - Sharon murmurou.
- Mas... Ela está bem agora, não é, doutor? - Frederick
- Sim. Nós limpamos o organismo dela ao máximo que conseguimos e agora ela está dormindo. Ela e o bebê estão muito bem. - ele disse. 
Todos pararam por um momento. Frederick e Sharon olharam para Michael, enquanto seu cérebro ainda processava o que o médico havia falado.
- Bebê? - ele pergunta.
- Sim, Mandy está grávida de exatos um mês e meio. - ele diz. - O senhor não sabia?
- Não... - Michael murmura, seu coração pulando frenéticamente em felicidade. - Isso é demais! Oh meu Deus, nós podemos vê-la? 
- Podem, mas peço que não façam muito alarde, ela tem que descansar. 
Eles assentem e Sharon se vira para Michael.
- Michael, você se importaria se nós fossemos primeiro? Eu quero tanto vê-la... - ela diz. 
- Claro que não. Vocês podem ir, eu aguardo aqui. 
Frederick e Sharon seguem o doutor.
- Bill... Eu vou ser pai! - ele exclama sorrindo. - Você pode imaginar como eu estou me sentindo? Eu vou ser pai! 
- E eu estou muito feliz por você, garoto! Você merece isso, Michael. - diz Bill, abraçando-o. 
- Obrigado, Bill... - ele limpa uma lágrima de emoção que cai de seus olhos. 
Logo Sharon e Frederick voltam para sala. Eles sorriam e choravam, emocionados por vê o quanto a filha estava bonita. A saudade havia sido um pouco comprimida agora, depois tê-la visto. 
Michael segue o médico e logo entra no quarto onde Mandy estava. Quando ele fica sozinho com ela, se aproxima dela e beija seus lábios docemente. Sua mão viaja até seu ventre liso.
- Meu amor... - ele sussurrou. - Nosso bebê está aqui. Você não imagina o quanto eu estou feliz. Acorde logo, estou esperando por você, minha linda. Eu te amo, muito.  
Michael sai do quarto minutos depois. Ele informa a Sharon, Frederick e Bill que ficaria com Mandy. O médico havia dito que ela acordaria logo pela manhã, e o horário de visita começaria as dez horas. Assim que todos vão embora, Michael volta para o quarto. Ele fica acordado e segurando a mão de Mandy até o amanhecer, quando vencido pele cansaço, cochila com a cabeça abaixada na cama, ao lado dela.

***


Sentia meus olhos pesados, eu tinha vontade abrí-los, mas eles não obedeciam o comando de meu cérebro. Respirei fundo e tentei mais uma vez. Consegui abrí-los devagar, mas os fechei novamente quando uma luz branca queimo-os, me assustando. 

Comecei a abrí-los aos poucos, até que me acostumei com a luz do ambiente. Olhei em volta, não reconhecendo aquele lugar, mas me parecia que era um hospital. Minha garganta tava seca, mas não tinha ninguém por ali. 

Até que eu ouvi.

A respiração suave e calma que eu aprendi a reconhecer em qualquer lugar que eu estivesse. Olhei para minha cama, percebendo só agora que Michael estava ali, sentado em uma cadeira, o corpo inclinado pra frente e a cabeça apoiada em minha cama. Ele dormia serenamente, como um anjo.Mas... O que Michael fazia aqui? Na verdade... Onde é que eu estava? Que hospital era esse? Eu não conseguia lembrar de nada, nem de como vim parar aqui ou se havia visto Michael em algum lugar. 

Eram tantas perguntas que eu cheguei a me sentir tonta de repente. 

Levantei minha mão e pude perceber que havia uma agulha espetada em meu braço, ligada a um tubo de soro. Ah... Eu já havia me acostumado a sensação de tê-las em meu braço - infelizmente. 

Acariciei o cabelo de Michael lentamente, me perguntando se deveria acordá-lo ou não. Mas percebi que ele não estava em um sono profundo, porque ele logo acordou assim que sentiu meu afago em seus cabelos negros. Ele levantou a cabeça abruptamente. Me assustando um pouco, mas logo sorri pra ele.

 - Oi... - murmurei. 

Ele piscou um pouco, mas logo depois vi seu sorriso. O sorriso que eu tanto senti falta.

- Meu amor... - ele sussurrou e se aproximou de mim, me abraçando fortemente. 

Eu me senti em casa. E então tudo o que eu passei naquel lugar horrível, toda dor que eu senti ao ficar longe dele, todas as coisas que eu ouvi e vi... Foram colocadas para fora com uma represa de lágrimas que nem eu mesma sabia que estava prestes a romper. 

- Não, meu amor... Já acabou, tudo já acabou... - ele sussurrou em meu ouvido, acariciando meu cabelo. 

Meu coração batia rapido em meu peito, eu estava dividida entre chorar, abraçar Michael e manter longe as lembranças dos piores dias da minha vida. 

- Olha pra mim. - ele pediu, segurando minha cabeça entre suas mãos. - Você está a salvo... Tudo já acabou, eu não vou deixar ninguém mais tocar em você, eu prometo. - ele disse, com a voz embargada. - Eu te amo tanto, Mandy, tanto... 

- Mas, como? Eu não estou salva, Michael, Jefrey vai vim me pegar, eu sei que vai, ele...

Ele pôs dois dedos em minha boca, me impedindo de falar.

- Não, ele não vai vim te pegar, meu anjo... Jefrey ele... - ele limpou minhas lágrimas e hesitou um pouco, logo depois continuou - Ele está morto.

Engoli em seco. Confesso que eu esperava ouvir qualquer coisa naquele momento, menos isso. 

- Morto? 

- Sim... Ele não vai fazer mais nada contra você. 

Ainda era difícil de acreditar. Saber que meu pior pesadelo havia acabado... Com Jefrey morto, tudo estava acabado, não era mesmo? Eu realmente esperava que sim. 

- Eu sei que eu não mereço mas... - Michael começou a falar, olhando para suas mãos que agora estavam entrelaçadas em seu colo. - Me perdoa, Mandy... Me perdoa por ter sido tão idiota, por ter te tratado daquele jeito quando descobri que você não era Anne, por ter te entregado de mão beijada para Jefrey. Me perdoa, por favor. - ele pediu com os olhos marejados.

Meu coração se apertou e logo depois se inflou de amor. Eu ainda não conseguia entender como eu poderia amar tanto alguém assim. Michael era tudo pra mim e vê-lo me pedindo perdão por algo que jamais seria culpa sua me fazia ter a certeza de que ele era o homem certo pra mim.

O homem da minha vida.

Me aproximei dele e peguei suas mãos nas minhas, levando-as até os meus lábios.

- Mike, a culpa não foi sua. Você não poderia imaginar sobre tudo isso. - falei. - Eu te amo muito e não quero que se sinta culpado por algo que não fez. - pedi. 

- Por que você não me contou? 

- Eu não podia... Eu tinha que proteger você e meus pais, não poderia colocá-los em risco. Um passo em falso e Jefrey poderia matar todos vocês. 

- Você foi tão corajosa... - ele disse, sorrindo tristemente. - Eu sinto tanto orgulho de você... Mas nunca mais faça isso de novo! Alías, você nem vai ter a chance de fazer, mas mesmo assim... Eu morri um bilhão de vezes durante todo esse tempo longe de você, Mandy, sem saber onde você estava, se estava bem ou mal, se estavam te maltratando. Eu estava ficando louco. 

Sorri pela sinceridade dele. Meu Deus, era tão bom tê-lo de volta pra mim!

- Mas como você mesmo disse, tudo acabou, Michael. Você me salvou... - falei, beijando sua mão novamente. - E eu serei eternamente grata por tudo que fez a mim.

- Não, eu que serei eternamente grato por tudo que você fez a mim. - ele se levantou da cadeira e se sentou na cama, ao meu lado. - Você entrou na minha vida por causa de um plano máligno de Jefrey e eu me apaixonei perdidamente por você. Seja Anne ou Mandy, o que importa não é a sua identidade, e sim o que você traz em seu coração. Você é espetacular, garota, não, nem "espetacular" seja aos pés do que você é. Você é boa, Mandy, e é pura de tal forma que eu acho que Deus faz uma pessoa como você a cada mil anos. Nunca, em toda a minha vida, eu vi uma pessoa disposta a morrer no lugar de outra pessoa sem ter medo algum, como você fez por mim e por seus pais e mesmo sem ser merecedor de tudo o que você fez por mim, eu agradeço. Agradeço pelo seu amor e por eu se escolhido pra ser amado por você. Eu te amo tanto... - ele murmurou e suas palavras se perderam.

Eu estava completamente emocionada, minhas voltaram a descer, mas dessa vez não eram de medo e sim de amor. O amor que eu sentia por Michael que ia além do que um ser humano podia aguentar, parecia que meu coração iria explodir com tudo o que eu sentia por ele. 

Aproveitando que ele estava de frente pra mim, eu levantei minhas mãos e enxuguei algumas lágrimas que molhavam seu rosto. Eu sentia tanto a sua falta, que não me contive. Puxei sua cabeça delicadamente em minha direção e o beijei. 

Somente encostei meus lábios aos dele, sentindo sua textura novamente. Ele sorriu entre meus lábios e pôs as mãos em minha cintura. Seus dentes capturaram meu lábio inferior e ele o sugou, logo pondo sua lingua dentro de minha boca, me provando e me deixando o provar novamente. O puxei pra mim, completamente necessitada daquela nova - porém sempre viva em minha memória - sensação de ter seu beijo repousado em meus lábios e em minha boca. 

No final, eu estava ofegante e rindo como uma boba apaixonada para ele e ele me correspondia com os olhos brilhando. 

- Eu tenho algo pra te contar... - falei sorrindo. - Quer dizer, é só uma suspeita, mas eu acho que pode ser verdade... - ele franziu o cenho sem entender e eu decidi que iria contar sobre minha suspeita pra ele. Acho que ele ficaria muito mais feliz do que está agora. - Eu acho que... Que eu estou grávida. 

Ele sorriu abertamente pra mim, suas mãos deslizaram da minha cintura para minha barriga, onde ele acariciou meu ventre liso.

- Eu também tenho algo pra contar a você... - ele disse e olhou em meus olhos, logo depois voltou a olhar para o meu ventre. - Você está grávida! 

Meu coração deu um pulo e por um momento parou de bater. Eu estava mesmo grávida! Eu já suspeitava, mas... Parecia algo tão improvável. Uma parte minha e de Michael crescendo dentro de mim. Acho que eu nunca fui feliz em toda a minha vida!

- Oh meu Deus... - sorri, olhando pra ele. - Isso é incrível, Michael! Um bebê, um bebê nosso!

- Sim, meu anjo, ele está aqui dentro. - ele disse, acariciando minha barriga. - Obrigado por me fazer o homem mais feliz do mundo e por ter voltado pra mim. Você é um presente de Deus na minha vida, Mandy. 

- Você também um presente de Deus pra mim, Michael. Eu te amo muito, meu amor. 

Ele sorriu e me beijou novamente. 



***



Meia hora depois, o médico entrou na sala. Ele sorriu ao pegar Michael e eu aos beijos e repreendeu Michael por não tê-lo chamado assim que eu acordei. Assumindo um ar mais sério, ele me contou sobre o principio de overdose que eu tive e falou que agora eu e meu bebê estávamos bem. Como não morávamos na Itália, ele disse que era pra mim procurar uma ginecologista-obstetra assim que chegasse aos EUA, para que eu começasse a fazer o pré-natal. Ele disse que só precisava fazer mais alguns exames para assegurar que eu estava bem e logo depois eu seria liberada. Antes de sair do quarto ele disse que eu tinha visitas e confesso que fiquei surpresa ao saber que havia alguém ali além de Michael. 

O médico não quis me dizer quem estava a minha espera e Michael sabia quem era, porque ele permitiu a entrada das pessoas. Minutos depois do médico sair, ouvimos duas batidas na porta e logo ela foi aberta. 

A primeira sensação que passou pelo meu corpo fora o choque e logo depois o reconhecimento.

Meus pais estavam ali e acho que agora eu sabia o real sentido da palavra felicidade.
 
Capítulo 32


"Uma grande descoberta sempre tem que ter direito a dúvidas... Ou talvez não. "


Veneza, Itália.



- Filha... - minha mãe disse.
Os olhos dela e de meu pai estavam marejados, do mesmo jeito que eu tenho certeza que os meus estavam. 
Acho que minha mãe estava em estado de choque, porque foi preciso que meu pai lhe desse um empurrãozinho para que ela começasse a andar. 
Meu coração batia tão rápido quanto as asas de um beija-flor. Eu estava, acima de tudo,emocionada e o choque inicial foi interrompido quando minha mãe chegou perto de mim e sua mão tocou carinhosamente meu rosto.
- Mãe... - murmurei, sorrindo pra ela.
- Minha querida... - ela disse e me abraçou fortemente.
Era como se eu tivesse chegado em casa depois de anos vagando pelo mundo. Deitei minha cabeça em seu ombro e permiti que algumas lágrimas caíssem de meus olhos. Eu estava tão... Feliz! Meus pais estavam ali comigo, de novo. 
- Eu estou com tantas saudades de você, meu anjo... - ela disse, olhando pra mim agora e beijando meu rosto.
- Eu também estou, mãe! - respondi, sorrindo. 
Ela se afastou um pouco e meu pai veio até a mim, ele me abarçou fortemente.
- Eu te amo tanto, Mandy... Você não imagina o tormento que foram esses anos sem você conosco, minha filha. 
- Foram horríveis pra mim também, pai...
- Você está tão crescida e tão bonita. - disse minha mãe sorrindo pra mim. - Nós sentimos tanto orgulho de você, minha filha. Eu sei o quanto você sofreu por nossa culpa, sentimos muito por isso. 
- Eu não me importo com isso. Vamos esquecer o que aconteceu, certo? - perguntei. - Como vocês me acharam aqui? Confesso que estou muito confusa com tudo isso, eu não me lembro de muita coisa...
As imagens vinham confusas na minha mente. Ora eu estava no quarto com as meninas para serem leiloadas, ora eu estava em um lugar escuro. Conseguia me lembrar de algo revelante. 
- Foi por causa de seus diários, amor... E Joshua também nos ajudou muito. - Michael disse, ficando do meu lado novamente. 
Joshua? 
Confesso que havia ficado mais confusa ainda. Quer dizer, eu sabia que Joshua poderia me ajudar se quisesse, mas não acreditava que ele o faria. 
- Joshua? Mas... Como? O que foi que ele fez? - perguntei, confusa.
- Ele nos procurou. - disse Michael. - Depois que você foi levada para Itália, ele entrou em contato conosco e contou tudo pra gente. E ele nos ajudou a entrar no leilão. Se você está a salvo agora, metade da culpa é dele. - disse Michael sorrindo de lado.
Eu estava, antes de qualquer coisa, chocada! Não sabia que Joshua iria fazer algo como aquilo por mim. Ele se arriscou pra me salvar. Eu não tinha palavras para agradecer por seu feito e pedia silenciosamente para que Deus abençoasse muito a vida de meu grande amigo. 
Teria uma divída eterna com ele. 
Um pouco mais tarde, Lara, Bill e um outro cara que logo depois foi apresentado pra mim como detetive Benson entraram em meu quarto. Lara com aquele seu jeito durão me pediu desculpas por ter me jujgado tão maldosamente, mas eu disse que estava tudo bem. E realmente estava, ela foi a peça fundamental para que todo aquele tormento acabasse em minha vida.
Bill chegou perto de mim e vi que em seu olhar não havia mais aquele ponto de desconfiança. Na verdade, havia uma certa adimiração. Ele me abraçou rapidamente, tempo suficiente para agradecer em meu ouvido pelo o que eu havia feito por Michael. 
Benson era o único que eu não tinha tanta intimidade, mas soube que ele fora contratado por meus pais para me procurar. 
No final, nós estávamos todos reunidos e em fim felizes. Apesar de ainda não ter descoberto quem era o chefe da mafia para qual Jefrey trabalhava, tinha certeza que logo Lara descobria sobre isso. 
Eu confiava nela e sabia que ela não largaria esse caso sem pôr realmente um ponto final.

***


Dois dias depois.
Los Angeles, EUA



Todos haviam voltado para Los Angeles. 
A polícia da Itália continuaria com suas investigações locais e Lara tomou a frente para procurar o chefe. Dentre os levados para a delegacia no dia do leilão, apenas duas pessoas ficaram realmente detidas e foram levadas para Los Angeles: Jason, o mestre de cerimônias e Welch, o chefe de segurança.
As outras pessoas, funcionários da casa, foram presas e continuaram na Itália. Os convidados foram escutados e liberados.
Segunda-feira Lara e Benson chegaram cedo a delegacia. O primeiro a ser ouvido fora Welch. Ele não disse nada relevante e disse que nada sabia sobre o suposto chefe da máfia. Uma hora depois, Jason entrou na sala deles.
Ele tinha uma pose confiante, uma das coisas que Lara adorava vê em criminosos, porque ela sempre fazia esses tipos caírem do cavalo. 
Ele se sentou e olhou para ela e Jason com um sorriso sarcástico dançando no canto de seus lábios.
- Olá, Jason. - Lara disse, se sentando a sua frente dele. - Está confortável em nossa cela? 
- Estaria mais confortável em minha casa... - ele respondeu.
- Se você fosse um menino bomzinho... Andasse como um cidadão comum, agindo conforme a lei... Estaria em sua confortável casa agora. - ela disse sorrindo. - Mas, vamos ao que interessa. Eu vou lhe fazer uma pergunta bem simples e espero que me responda com sinceridade, certo? 
- Certo...
- Quem é o chefe?
Jason arqueou uma sobrancelha e sorriu de lado.
- Por que eu contaria sobre o chefe? 
- Porque você não quer se foder sozinho, não é mesmo? A não ser que você seja tão idiota como Jefrey e prefira morrer ao invés de nos ajudar com esse detalhe. - ela disse. 
- Então vocês mataram Jefrey... - ele comentou.
- Não. Confesso que sentiria um enorme prazer em fazê-lo, mas infelizmente não fui eu nem ninguém daqui. E você sabe quem foi... Mas não é isso que eu quero saber. Quem é o chefe?
- Quer mesmo saber, delegada? - ele perguntou, se apoiando na mesa para ficar cara a cara com ela. 
Lara olhou pra ele, impassiva.
- O nosso chefão é o Joshua. - ele disse, e voltou a se encostar na cadeira. 
Lara revirou os olhos e sorriu.
- Não estou aqui para brincadeiras, Jason! Quem é o chefe? - ela perguntou novamente.
- Eu estou falando sério, delegada. Estou confessando que nosso chefe é Joshua Posher. 
Lara estudou minunciosamente a expressão de Jason e aquele sorrisinho pretencioso havia deixado o canto de sua boca. Ele estava sério, completamente impassível. 
- Está falando sério? - ela pergunta.
- Sim e eu tenho como provar. Joshua só confiava em Jefrey ali dentro, e Jefrey só confiava em mim. Como eu só aparecia ali para fazer o leilão e era seu amigo de infância, ele me mandava guardar documentos importantes. Todos eles no nome de Joshua, com a assinatura dele. Desvio de dinheiro, pagamentos, propriedades... Todos esses documentos estão em meu apartamento aqui em Los Angeles, dentro de um cofre no meu escritório. Se é pra me foder, como você mesmo disse, vou foder Joshua também. Eu te dou a combinação do meu cofre se você quiser. - disse ele.
Pela primeira vez em sua carreira, Lara estava sem palavras.
- Mas... Se ele é o chefe, por que nos ajudou a pegar a Mandy? Por que nos contou sobre a máfia e tudo o mais? 
- É bem simples. Ele é um cara inteligente, viu que a máfia Londrina estava atrás dele e quis sair de cena. Nada mais lógico do que acabar com sua máfia e ainda sair com pose de herói. Só que ele não sabe que eu tenho esses documentos. Quando Jefrey me mandava guardar aquilo, ele dizia para Joshua que havia queimado todos os documentos. Sobre a história de vida dele, ele é sim casado, tem quatros filhos e sua filha tem mesmo uma doença rara, mas não é esse motivo pelo qual ele "participava de toda aquela monstruosidade", como ele mesmo denominava sua própria máfia. - ele diz.  
Lara balança a cabeça. Era muita informação para um único dia. 
- Eu quero esses documentos. - ela diz. 
- Certo... Me dê uma caneta e um papel, por favor. 
Lara pega de dentro da gaveta um bloco de papel e um lápis, estendendo a ele. Jason escreveu no papel o endereço de seu apartamento e o segredo do cofre. 
Assim que saiu da sala, Lara encontrou Benson que havia escutado toda a conversa. Ele também estava em choque, apesar de sua desconfiança inicial sobre Joshua, nunca imaginou que ele poderia ser o suposto chefe. Juntos, eles vão até o apartamente de Jason, ao vê que era a policia e que eles tinham um mandato, o porteiro deu uma cópia da chave a eles.
O apartamento de Jason era luxouso. Benson e Lara foram direto ao escritório e encontraram o cofre atrás de um belo quadro de Picasso. Lara colocou a combinação de números que ele havia escrito no papel e rapidamente o cofre se abriu. Dentro dele, haviam pastas de documentos.
Eles pegaram as pastas e se sentaram na mesa. Todos as pastas haviam documentos e recibos de transição de dinheiro, propriedades, recibos de compra das mulheres no leilão. 
E todos haviam a mesma assinatura como aval: Joshua Posher.
Lara prendeu a respiração e sentiu a raiva lhe tomando gradativamente.
Joshua era o chefe da máfia. 

Capítulo 33


"E a culpa cai em cima de um inocente."


- Eu simplesmente não consigo acreditar... - murmurou Lara olhando para os documentos em cima da mesa.
- Muito menos eu...
Benson e Lara se entreolharam e então, ela se levantou da mesa, começando a recolher todos os papéis com raiva e indignação.
- Eu simplesmente não entendo! Como podemos nos enganar tanto? O chefe da porra toda estava a centímetros de nós dois e não suspeitamos de nada! Nada!
- Eu sei Lara, eles nos enganou perfeitamente... - ele bufou, ajudando-a a guardar os documentos em uma pasta. - Mas agora nós descobrimos tudo e vamos pegá-lo, Lara.
- Vamos. Eu quero vê a cara do infeliz quando souber que já sabemos de toda a verdade.
Eles saíram do apartamento de Jason e seguiram para a delegacia novamente.

***


Entraram em contato com Joshua e acharam estranho o fato de ele está disposto a ir a delegacia. Acharam que naquele momento ele já estaria bem longe dos EUA.
Duas horas depois ele chegou. Lara observou que ele estava tranquilo, como se realmente não tivesse nada a temer. Levaram-no a uma sala reservada e iniciaram uma conversa.
- E então, Joshua, como você está? - Lara perguntou, sentando-se a frente dele.
- Estou bem e tranquilo por saber que está tudo caminhando bem na investigação de vocês. - ele sorriu. - Vocês sabem que podem contar comigo, não é? Apesar de eu já ter contado tudo o que sei.
Lara e Benson se entreolharam.
- Claro que sabemos... - ele disse, usando um sarcástico que Joshua não percebeu.
- Tivemos uma conversa com Jason hoje pela manhã e ele nos contou algumas algo bastante interessante...
- Jura? Isso é ótimo! - ele vibrou. - E 0 que foi que ele contou?
- Ele nos disse para ir ao apartamento dele, aqui em Los Angeles, e nós fomos... Encontramos algo que nos deixou chocados. Quer ver? - Lara perguntou.
- Claro! Quem sabe eu não posso ajudá-los em algo... - ele disse.
- Ah... Pode ter certeza que nos ajudará em muita coisa. - Benson falou.
Lara se levantou e foi até o armário, pegando os documentos. Voltou a mesa e pegou um dos documentos, mostrando-o a Joshua.
- Sabe o que é isso, Joshua? - ela perguntou.
- Não...
- Bem... Isso daqui é um recibo de venda de uma mulher. - ela disse. - E o mais engraçado de tudo isso, é que quem assinou o recebimento do dinheiro foi você. A conta onde o dinheiro foi depositado está em seu nome. Assim como várias propriedades e contas dessa máfia filha da puta. Eu realmente quero saber o que você tem a dizer sobre isso.
Joshua arregalou os olhos e engoliu em seco.
- Co... Como assim está em meu nome? Eu não assinei nada, eu...
- E o que a sua assinatura faz aqui? - Benson perguntou, apontando para o fim da folha. - Eu realmente não entendo o que você tem na cabeça. Achou que iria nos fazer de idiota até quando, hein?
- Mas eu não... - Joshua estava desesparado, sem saber o que fazer. - Eu não sou o dono de tudo isso, eu não sou! Eu ajudei a vocês, pelo amor de Deus, acreditem em mim!
Ele tremia, a veia de seu pescoço estava alterada.
- Nos ajudou porque assim poderia tirar o seu da reta! - disse Lara. - Você é muito cara de pau, Joshua! Se fez de nosso amigo, nos enganou direitinho... Mas não conseguiria isso pra sempre! - ela cerrou o maxilar, com raiva. - Temos um mandato de prisão pra você. Você tem direito a um advogado.
- Não! Eu não posso ser preso, eu sou um pai de família, minha filha precisa de mim! Pelo amor de Deus, Lara, acredite em mim, eu não sou o dono de nada disso... - os olhos dele estavam marejados e sua voz embargada. - Eu jamais seria capaz de fazer algo como aquilo! Eu não sou o dono, não sou!
- Bem, não é o que esses documentos dizem. - Lara disse sem se abalar.
Ela olhou pra porta e fez um gestou para que os policiais entrassem. Eles adentraram a sala e foram em direção a Joshua, algemando-o.
- Benson, Lara... Por favor, acreditem em mim... Eu ajudei tanto a vocês! Não podem acreditar nisso, esses documentos são falsos, eu não assinei nada, estão mentindo pra vocês! - ele gritou enquanto sentia as algemas apertarem seu pulso.
Os policiais o levantaram da cadeira. Lara e Benson olharam para o homem a sua frente que realmente não tinha cara e nem porte de vilão.
Mas sabiam que o selo de "ruim" não vinha grudado na testa da pessoa.
Joshua foi levado para a sela depois de ligar para seu amigo advogado. Ele ainda tentou conversar com Lara, mas ela estava irredutível.
Ele não sabia o que fazer para que aquela culpa descabida saísse de cima dele.
Tinha plena consciência de que era inocente no meio de toda aquela bagunça.
Capítulo 34


"Matando as saudades."



Depois que meus pais foram embora - com a promessa de comprar uma casa aqui em Los Angeles para ficar perto de mim e de seu neto - Michael e eu podemos ficar finalmente sozinhos.
Assim que o carro de meus pais saíram pelos portões, Michael me puxou para os braços e me apertou com força. Eu amava está em seus braços; era ali o meu lugar.
- Enfim sós... - murmurei olhando em seus olhos.
Eu sabia que era isso que ele queria falar, mas estava com medo de soar estranho porque meus pais haviam acabado de ir embora. Então dei voz ao que seus olhos diziam pra mim.
Ele riu.
- Enfim sós... Não que eu não tenha gostado de seus pais, pelo contrário, eles sãos demais, mas... Eu queria muito ficar sozinho com você e com nosso filho. - ele disse, olhando pra mim.
- Eu também queria muito ficar a sós com vocês... - falei, sorrindo pra ele. - Estou com tanta saudade, Mike.
- Eu também, meu amor... Saudades de seu sorriso, de seu olhar, de seu corpor junto a meu... - ele sussurrou em meu ouvido.
Um arrepio perpassou meu corpo e eu senti minha calcinha ficar humida instantaneamente.
- Precisamos resolver isso, você não acha? - ele perguntou.
Olhei pra ele e sorri, vendo-o morder o lábio pra mim.
- Pode ser agora? - perguntei.
Ele gargalhou e me pegou no colo, me fazendo soltar um grito de surpresa. Entrou em casa rapidamente, assustando Remy que tirava a bandeja de suco da sala. Ele subiu as escadas, gritando e rindo pra ela, falando que não ia atender a ninguém pelas próximas dez horas, o que me fez ficar vermelha e esconder o rosto em seu pescoço.
Agora ela saberia com toda a certeza o que iríamos fazer.
Ele entrou no quarto e fechou a porta com o pé, logo depois me colocando na cama.
- Ah, Mike! Agora a Remy sabe o que nós vamos fazer aqui em cima... - murmurei me deitando e cobrindo o rosto com o braço.
Pude ouvir a gargalhada dele e o barulho da chave sendo virada na fechadura, trancando-nos no quarto. Logo depois ele chegou até a mim e seu peso afundou a cama, pude sentí-lo engatinhando em cima de mim, seus beijos subindo pelas minhas pernas, pousando em meu ventre por alguns segundos, subindo por meu abdômen, seios, pescoço e chegando a minha boca.
Apesar de ainda me sentir envergonhada pelo fato da governanta e amiga de Michael saber exatamente o que está acontecendo conosco agora, eu me deixei levar - alias, como sempre. O poder que Michael detinha sobre mim, meu corpo e meu coração sempre me surpreendiam.
Sua língua adentrou minha boca com carinho e suavidade, logo depois aumentando a velocidade a necessidade. Era ótimo está ali novamente, nos braços dele, sendo amada por ele. Tirei meu braço de cima de meus olhos e pus minhas mãos em sua cabeça, puxando delicadamente os cabelos próximo a sua nuca, fazendo-o gemer baixinho dentro de minha boca.
Suas mãos acariciaram minha cintura, subindo minha blusa enquanto seus beijos desciam pelo meu pescoço. Quando a blusa deixou meus seios aparecerem, Michael sorriu. Meus mamilos estavam intumescidos, apenas esperando por ele e seus carinhos ousados. Levantei um pouco meu tronco e levantei meus braços, deixando-o tirar minha blusa, me deitei novamente e senti seus beijos em minha bochecha, enquanto sua mão acariciava meu seio com leveza.
- Isso dói? - ele sussurrou em meu ouvido.
- Não. - respondi no mesmo tom, porque eu realmente não conseguia aumentar minha voz.
Ele apertou o bico de meu seio, esticando-o e soltando-o, fazendo com que minha calcinha ficasse ainda mais molhada. E ele sabia que eu ficava ainda mais excitada toda vez que ele fazia aquele tipo de coisa. Seus lábios desceram e ele pôs o bico de meu seio em sua boca, enquanto sua mão ainda cuidava do outro. Ele chupou devagar, primeiramente, mas logo depois com rapidez e destresa, me fazendo gemer seu nome.
Aquela agonia em meu baixo ventre aumentava cada vez mais e nós dois sabíamos que se ele continuasse ali eu iria gozar - principalmente agora que eu estava sensível por causa da grávidez.
Ao vê o quanto eu estava ofegante, ele deixou meus seios e subiu e seus beijos até minha boca novamente.
Dessa vez, eu tomei partido. Ainda com sua boca na minha, desabotoei sua blusa e a tirei, ficando surpresa por ele não está com a costumeira regata por baixo, o que me fez pensar que ele só fez isso para agilizar as coisas.
Suas mãos desceram pela lateral do meu corpo, até chegar em minhas pernas, que ele as separou e se colocou no meio. Mesmo com o tecido de meu short jeans e sua calça, eu conseguia sentir sua ereção em meu clitóris. Ele começou a se mover lentamente, rebolando e rebolando, me deixando louca com sua provocação.
Gemi alto quando ele se pressionou com mais força contra a minha intimidade.
Ele mordeu meu lábio minimamente até que ele escorregasse de meus dentes e então, se ajoelhou no meio de minhas pernas. Sua ereção era indisfarçável agora, o que me fez ficar com água na boca e ainda mais desejosa. Ele desabotoou meu short e o tirou de mim junto com a calcinha. Ao me vê nua ele mordeu os lábios, os olhos transbordando de fogo e paixão.
Ainda de joelhos no meio de minhas pernas, Michael arrastou o dedo médio pela minha barriga, sua unha provocando arrepios em meu corpo, até chegar em meus lábios.
- Chupa. - ele pediu com a voz rouca de desejo.
Peguei sua mão nas minhas e pus seu dedo dentro da minha boca, vendo-o fechar os olhos e puxar o ar entre dentes. Chupei seu dedo com gosto, chegando até a imaginar que fosse seu membro em minha boca. Ele mordeu o lábio e olhou pra mim, tirando seu dedo de minha boca.
Seu olhar desceu pelo meu corpo e parou em minha intimidade. Ele sorriu minimamente e com o dedo molhado de minha saliva, acariciou meu clitóris com destreza e rapidez, me fazendo gemer, até que ele o escorregou para baixo e o penetrou em mim, com força, me alcançando até onde seu dedo permitia.
- Você gosta disso, não é? - perguntou, olhando pra mim.
Mordi o lábio com força e movimentei a cabeça, falando que sim. Ele sorriu e se abaixou até ficar cara a cara com a minha intimidade. O movimento de seu dedo dimíniu, até parar completamente e então, senti o movimento de sua língua em meu clitóris, devagarzinho, apenas acariciando superficialmente. Prendi a respiração, sentindo-me ficar ainda mais molhada por causa dele.
Ele aumentou a velocidade de sua língua, fazendo com o que eu me contorcesse sobre a cama e gemesse alto, segurando o lençol com força. Era inexplicável a sensação de ter sua língua bem em meu clitóris, subindo e descendo, se movimentando de um lado para o outro rapidamente. Ele tirou seu dedo dentro de mim e pôs suas mãos em minha cintura, me puxando para baixo.
Pus minhas pernas sobre seus ombros e seu braço esquerdo abraçou minha cintura, me levantando. Agora ele estava de joelhos sobre a cama novamente, e metade do meu corpo estava para o alto, minha cintura estava em seu peito e somente minha cabeça e meu tronco estavam na cama.
Sua boca estava grudada a minha intimidade, ele praticamente me beijava, sua língua descia, me penetrando rapidamente, e quando voltava ao meu clitóris, me chupava com força. Eu podia sentir meu interior se apertar, meu orgasmo cada vez mais próximo.
Ele olhou pra mim e então, dois dedos de sua mão que estava livre, me penetrou rapidamente enquanto sua língua continuava a me chupar rapidamente, seus dentes mordiscaram meu clitóris e seus dedos dobraram a velocidade, fazendo com que eu gritasse e me contorcesse, gozando duas vezes seguidas para ele.
Meu ventre tremia e tudo foi tão intenso que eu simplesmente não suportei mais o toque de sua língua em meu clitóris, me contorcendo até ele me soltar.
Michael pôs minha cintura cuidadosamente sobre a cama e eu fechei os olhos. Minha boca aberta, tentando levar o oxigênio mais rápido para o meu pulmão. Senti a cama ceder ao meu lado e logo depois o calor de Michael perto de meu corpo. Ele cheirou meu pescoço e acariciou meu ventre. Estremeci ao sentir seu toque em meu corpo e ele sorriu.
- Está tudo bem? - perguntou.
- Hm... - murmurei, sorrindo.
Ele gargalhou e desceu a ponta dos dedos até minha intimidade, me fazendo contorcer ainda mais. Eu estava super sensível agora.
- Acho que está tudo bem, não é? - perguntou.
Me virei pra ele e olhei em seus olhos. Ele tinha um lindo sorriso no rosto e aquela expressão de homem satisfeito por ter dado um orgasmo a sua mulher.
Me aproximei mais dele e colei meu corpo ao seu.
- Está tudo perfeito... - sussurrei, passando a ponta do dedo pelo seu rosto.
Ele sorriu e fechou os olhos, aproveitando meu carinho. Me aproximei e encostei meus lábios aos seus, o beijando lentamente. Ele acariciou minha cintura e eu desci minha mão até o cós de sua calça, abaixando-a até sentir seu membro ereto sair de dentro dela. Comecei a tocá-lo devagar, sentindo Michael apertar minha cintura e gemer gostosamente em minha boca.
Aceleirei o movimento, sentindo seu membro pulsar em minha mão e sua cintura se mover, simulando o movimento de pentração. Ele enfiou a língua com mais rapidez dentro da minha boca, enquanto senti suas pernas se debaterem, para que sua calça saísse. Assim que se viu nu, Michael se deitou e me puxou pela cintura, me fazendo sentar em seu colo.
- Eu quero vê-la subindo e descendo em mim, amor... Agora. - ele disse, apertando minha cintura.
Mordi o lábio e ele apertou minha cintura, me levantando. Ainda com seu membro em minhas mãos, coloquei-o na entrada da minha intimidade, ouvindo Michael arfar. Devagar, me encaixei nele, sentindo centímetro por centímetro adentrar em mim, abrir caminho até me penetrar totalmente.
Gemi baixinho junto a ele, e então, comecei a me mover lentamente, aumentando a velocidade gradativamente, até sentir aquela necessidade enorme de não parar nunca. Ele entrava e saia de dentro de mim enquanto eu pulava rapidamente em seu colo com sua ajuda. Gemíamos alto e juntos, como se fossemos um só.
E realmente eramos um só.
Continuei me movendo até que senti Michael se mover abaixo de mim, gemendo alto e então, me colocou deitada na cama. Ele saiu de dentro de mim e se ajoelhou a minha frente, pôs minhas pernas em seu ombro e então me penetrou rapidamente, me pegando de surpresa.
Gemi alto. Ele ia bem fundo nessa posição, eu podia sentí-lo me alcançando em lugares novos enquanto ele se movia rapidamente, seu dedo anelar acariciando meu clitóris rapidamente, fazendo com que eu me contorcesse sobre a cama, minha intimidade se apertando ao redor dele até que...
Gozei intensamente, gritando por seu nome e agarrando os lençois. Mordi o lábio com força, tentando respirar enquanto sentia Michael diminuir os movimentos até parar completamente. Ele tirou minhas pernas de seu ombro e se curvou sobre mim, esperando que eu me acalmasse.
Respirei fundo, me sentindo viva novamente ao sentí-lo pulsar dentro de mim. Empurrei meu quadril em direção do dele e Michael sorriu pra mim, começando a se mover em um "papai e mamãe" rápido e gostoso. Levei minhas mãos as suas costas e o arranhei com força, sentindo mais um orgasmo se aproximar enquanto ele gritava e chupava meu pescoço com força, seu membro saindo e entrando rapidamente e então, explodimos juntos e de uma só vez.
Ainda sentia seus espasmos dentro de mim enquanto nos acalmávamos. Ele levantou a cabeça e me olhou, suas bochechas vermelhas e seu sorriso explêndido pra mim.
- Eu amo você, Mandy Sulivan. - ele disse, rindo e beijando meu queixo.
- Eu amo você, Michael Jackson.
Nos beijamos mais uma vez, sentindo que nossos corpos não queriam parar ali.
O que nos fez perceber que realmente teríamos que ficar dez horas presos em seu quarto.
Capítulo 35


"Provarei sua inocência"



Acordei sentindo os beijos de Michael em meu pescoço. Sorri, seus lábios quentes e molhados me deixando arrepiada, seu cheiro de banho recém tomado adentrando minhas narinas.
Abri os olhos devagar e me virei pra ele, recebendo um sorriso lindo de volta.
- Bom dia, princesa. - ele disse e logo depois olhou pra baixo e passou a mão em meu ventre liso. - Bom dia, meu anjo. - ele sussurrou, pra mim barriga ainda inexistente.
- Bom dia, meu amor. - respondi, quando ele olhou pra mim novamente.
- Como está se sentindo?
- Depois de ficar trancada durante a tarde e a noite toda nesse quarto, sendo amada por você? - parei, fingindo pensar. - Estou ótima! Ou melhor, estamos ótimos, mas sentimos muita fome!
- Oh... Mas que cara irresponsável eu sou, deixando sua mulher e seu filho com fome! - ele disse, balançando a cabeça. - Em um segundo eu resolvo isso, princesa.
Ele sorriu e me beijou, antes de sair do quarto.
Me joguei na cama, sorrindo e passando a mão pela barriga. Acho que eu nunca me senti tão... Feliz e realizada! Tudo estava perfeito, nada de Jefrey, nem ameaças, nem tortura, nem medo... Somente Michael, meu filho e eu, presos em uma bolha de amor que eu não queria que acabasse nunca!
Enquanto Michael estava lá embaixo, resolvi tomar um banho. Me levantei, peguei uma roupa no closet e fui direto para o banheiro. Quando saí do banho, Michael estava entrando no quarto com uma bandeja enorme de café da manhã. Senti minha barriga ondular de fome.
Ele colocou a bandeja em cima da mesa e comemos juntos, ou melhor, eu comi muito mais do que ele, devo admitir. Ainda tomavámos café, quando ouvimos batidas na porta do quarto. Logo Remy apareceu e eu senti minhas bochechas ficarem vermelhas ao vê-la, lembrando-me perfeitamente do que Michael disse a ela na última vez que a vi, ontem a tarde.
Ela sorriu pra nós com seu jeito doce e disse que Lara e Benson estavam nos esperando na biblioteca. Confesso que fiquei um pouco nervosa, da última vez que isso aconteceu, Lara não trazia boas notícias. Mas Michael me tranquilizou, falando que ela deveria ter algo para nos falar sobre o chefe da máfia ou alguma novidade sobre o roubo da Sony, que Michael havia voltado a investigar depois de meu retorno.
Em meio a nossa "bolha de amor e romance", terminamos nosso café e descemos, encontrando Lara e Benson conversando com Bill. Nos cumprimentamos e Michael e eu sentamos lado a lado no sofá.
- E então, Lara... Alguma novidade? - Michael perguntou, tomando minha mão na sua.
- Muitas... - ela diz, olhando para Benson. - Bem... Tenho certeza que ficarão tão chocados quanto Benson e eu ficamos, mas... Descobrimos quem é o chefe da máfia.
- E quem é o infeliz? - Michael perguntou ansioso pra saber.
- É o Joshua. - disse Benson, de uma só vez.
Um silêncio reflexivo se instalou na biblioteca e eu ainda estava tentando processar o que chegou aos meus ouvidos. Joshua chefe da máfia? Mas aquilo era um tremendo absurdo!
- Não... Não, claro que não! Joshua não é o chefe de nada, pelo amor de Deus, Lara, ele nos ajudou. Ele ajudou a me achar, ele... Ele é meu amigo, ele foi amigo de todos nós, é claro que Joshua não é o chefe, de onde tirou um absurdo desses? - perguntei, percebendo que estava alterando o tom de voz.
- Temos provas, Mandy. Infelizmente, ou felizmente, temos provas... - ela disse.
- E que provas são essas? - Michael perguntou.
- Documentos, recibos, propriedades, contas bancárias... Tudo está no nome de Joshua, tudo fora assinado por ele. Trouxemos algumas coisas pra vocês verem... - disse Benson, apontando uma pasta para mim.
Balancei a cabeça e me levantei, completamente atordoada. Sentia cada célula do meu corpo com vontade de gritar. Joshua era inocente, eu sabia, eu sentia.
- Eu não quero vê nada. - falei ao me levantar. - Joshua não é culpado, ele jamais compactuaria com isso, quanto mais ser o dono de tudo, ele é um homem de bem. É meu amigo e eu não acredito em nada do que estiver escrito aí, eu sei que é mentira, é tudo falso! - falei.
- Amor, se acalma, por favor... - Michael pediu se levantando e me abraçando pela cintura. - Eu entendo que você esteja confusa, eu também estou, mas se existem provas... Não podemos fazer nada a não ser acreditar no que está escrito ali.
- Não, Michael! Pelo amor de Deus, Joshua não é o chefe, ele não é! Eu não tenho a mínima ideia de quem possa ser, mas não é ele. - falei me afastando e encarando Lara. - Você não pode acreditar nisso, Lara... Por favor, investigue mais. Joshua nos ajudou tanto, ele contou tudo pra vocês, se ele fosse o chefe, o que ganharia entregando a própria mafia a polícia?
- Ele queria sair de cena como o homem honesto, Mandy. Tipos de cara como Joshua são assim, quando veem que está quase tudo perdido, entregam tudo e terminam como o herói da história, mas ele não contava que esses documentos existissem. Ele mandava Jefrey queimar todas essas provas, mas Jefrey os entregava para Jason, o mestre cerimônias e ele guardava tudo em seu apartamento aqui em Los Angeles.
- Realmente... É muito difícil acreditar nisso, muito mesmo. Joshua não parece dono de algo tão perverso! - disse Michael, se sentando me fazendo sentar junto a ele.
- Bem, mas ele é. No momento ele está preso e estamos entrando com o processo contra ele. Ele ainda nega tudo e diz que vai provar sua inocência. - Lara disse.
- Eu quero vê-lo. - falei. - Quero visitá-lo, agora.
- O que? Não, Mandy, é claro que você não vai. - disse Michael, olhando pra mim.
- Eu preciso, Michael, preciso olhar nos olhos do meu amigo e vê que ele não tem nada haver com essa sujeira toda. - falei, convicta.
- Mandy...
Michael tentou argumentar, mas Lara o impediu.
- Deixe ela ir, Michael, não custa nada.
Michael suspirou contrariado, mas logo depois assentiu.

***


Chegamos a delegacia e Lara me levou direto para uma sala particular. Segundos depois Joshua entrou, o policial tirou as algemas de seu pulso e fechou a porta atrás dele.
Sua expressão era de profunda tristeza, o que fez meu coração se apertar. Ele realmente não era o culpado e eu sabia disso.
Me levantei rapidamente e o abracei com força. Primeiro pra mostrar que eu estava ao seu lado e acreditava em sua inocência, segundo por gratidão a tudo o que ele fez e terceiro com um pedido de desculpas.
Eu sabia que se ele não tivesse me ajudado, nada disso estaria acontecendo agora.
- Mandy... - ele murmurou, com a voz embargada. - Eu sou inocente, Mandy, eu jamais, jamais... - ele tentou continuar mas não conseguiu.
- Eu sei, meu amigo... - me afastei e nos sentamos. Ele de frente pra mim, separados por uma mesa. - Eu sei que você jamais seria capaz de ser dono disso tudo, eu acredito em você.
- Obrigado por acreditar em mim, Mandy, mas eles nãos acreditam... Meu advogado disse que todas as provas indicam que eu sou o mandante de tudo, mas eu não sou, eu nem sei que papéis são esses. Eles falsificaram minha assinatura, Mandy, me colocaram como dono de tudo mais eu não sou!
- Eu sei que não é, Joshua, e eu vou provar... Vou atrás de provas, você fez tanto por mim, não posso simplesmente ficar de braços cruzados vendo você pagar por algo que jamais seria capaz de cometer.
- Não, Mandy! Não quero que se meta nisso, ouviu bem? Você acabou de se livrar deles, está grávida, não pode e não vai se meter nisso, prometa pra mim, por favor. - ele pediu, segurando minha mão.
- Eu prometo.
Mas era mentira. Obviamente eu não iria desistir de provar a inocência de Joshua, só tinha que saber por onde começaria, algo que é realmente difícil. Depois de ficar mais um tempo conversando com Joshua, fui embora da delegacia junto a Michael. Ele segurava forte a minha mão dentro do carro, me passando força com seu olhar.
Me dizendo que também acreditava na inocência de Joshua.

Capítulo 36


"Prestes a descobrir algo."



Havia se passado dois dias da minha visita a Joshua na cadeia. Ainda estava pensando em uma forma de começar a investigar sobre tudo.
Lara havia me dito que levaria todos os documentos a um perito para ele poder ser comprovado se a assinatura de Joshua era verdade ou não. Mas o resultado só sairia em uma semana e isso era muito tempo para que um inocente ficasse preso.
E mesmo sem saber por onde começar, eu tinha que achar logo uma prova para tirá-lo de lá e provar sua inocência.
Deixando um pouco o caso de Joshua de lado, pedi a Michael para que me levasse a casa de Raymonds. Quando ainda estava no hospital recebi uma ligação dele e percebi o quanto ele estava triste do outro lado da linha. Jefrey havia morrido e mesmo sendo uma péssima pessoa, era a única família que Raymonds tinha.
E mesmo sabendo que ele não é meu pai de verdade e que quase não convivi com ele, eu gosto muito dele, porque ele é uma pessoa boa, um cara que não merecia está sozinho e eu havia decidido que não o deixaria nunca.
Michael disse prontamente que me levaria até lá e agora estavámos a caminho da casa que um dia eu morei. Não sinto saudades daquela época porque Jefrey estava sempre por ali para me aterrorizar, mas sinto pena por Raymonds ter que morar sozinho em uma casa tão grande.
Michael pegou em minhas mãos e me disse que quando essa história da mafia tivesse resolvida, ele convidaria Raymonds para passar uma temporada em Neverland, o que me deixou mais tranquila. Ele tinha a nós e nunca iriamos abandoná-los.
Assim que chegamos a mansão, Sra. Jones com sua expressão séria nos recepcionou até o hall. Nos sentamos juntos em um sofá e ela pediu licença, falando que ia chamar Raymonds.
- Ela é sempre séria desse jeito, não é? - Michael sussurrou ao meu ouvido, fazendo careta.
Foi impossível conter uma risadinha.
- Sim. Acho que nunca vi um sorriso dela. Sra. Jones é um poço de seriedade. - respondi no mesmo tom.
- Ainda bem que você não pegou esse hábito durante sua estadia aqui, senão, eu ia ter que trabalhar com muito afinco pra manter um sorriso nos seus lábios. - ele falou, com tom rouco de excitação.
- Mais afinco do que você já tem? Impossível, não acha? - perguntei, olhando pra ele.
Michael riu, pondo a mão na frente da boca.
- Se estivéssemos em casa, acho que iria te prender no quarto novamente, pra te mostrar como posso ser mais habilidoso do que já sou. - ele sorriu.
- Ah... Mal posso esperar para chegar em casa então, Sr. Jackson.
Ele mordeu o lábio e acho que iria falar mais alguma besteira, mas Raymonds apareceu na sala. Ele sorriu ao nos ver.
- Michael, Mandy... Como vão? - perguntou.
Sorri para Michael e me levantei, indo até Raymonds e o abraçando. Primeiramente ele ficou sem ação, mas logo depois me abraçou com força.
- Eu sinto tanto, Ray... Sinto muito mesmo. - falei em seu ouvido.
- Não, Mandy, sou eu que sinto muito. Se eu soubesse da verdade desde o começo... Se eu pudesse imaginar, você não sofreria tanto como sofreu, eu sinto muito, minha querida, você não merecia nada disso. - ele disse, agora olhando pra mim.
- A culpa não foi sua Ray, só... Vamos esquecer isso, tudo bem? Já passou e agora eu estou bem... Isso é o que importa. Eu estaria mentindo dizendo que sinto muito pela morte de Jefrey, por ele eu não sinto, ele era uma pessoa ruim, mas eu sinto muito por você. Sei o quanto amava seu irmão, mas quero que saiba que Michael e eu sempre estaremos aqui com você, ouviu bem?
Michael se levantou e parou ao meu lado.
- Isso mesmo, Ray. Mandy e eu sempre estaremos aqui, nunca o deixaremos sozinho.
- Ah, garotos, eu nem tenho palavras pra agradecer. Muito obrigado por estarem aqui comigo, vocês são da minha família, Mandy, quero que saiba que você é como uma filha pra mim, você foi minha Anne durante todos esses anos e sempre será em meu coração.
Sorri pra ele e o abracei novamente. Nos sentamos e Raymonds começou a perguntar como nós estavamos e contamos a novidade de que seriamos pais. Ele ficou super feliz, falando que iria ser vovô. Em certo momento, senti vontade de ir ao banheiro e pedi licença deixando-os sozinhos na sala.
Encontrei Sra. Jones no meio do corredor que dava acesso ao banheiro do andar debaixo e ela disse que o banheiro estava em obra, e que era para eu ir ao banheiro de meu antigo quarto, se quisesse.
Assenti e subi as escadas. Ao entrar em meu antigo quarto, pude perceber que tudo estava como eu deixara, o que me fez pensar que Raymonds queria uma lembrança de sua filha que, infelizmente, não estava mais entre nós. Fui ao banheiro do meu quarto e antes de sair dei uma olhada no espelho. Eu estava doida para vê minha barriga crescer e todos os dias ficava parada, passando a mão em meu ventre ainda liso. Sorri e sai do quarto, vendo Sra. Jones saindo de minha antiga biblioteca.
Confesso que senti uma imensa saudade daquele cantinho que era tão meu. Me lembro perfeitamente do dia em que Raymonds me presenteou com aquele espaço e como minha coleção de livros foi crescendo gradativamente. Eu ia passar direto por ali, mas a saudade falou mais alto, me fazendo entrar na sala.
Que estava exatamente do jeito que eu deixei. Raymonds realmente era demais. Andei pelas prateleiras e parei em frente a meu tema favorito, Literatura Inglesa. Puxei um de meus clássicos favoritos "O Morro dos Ventos Uivantes" e comecei a folheá-lo, sentindo saudades de lê-lo por completo. Mas quando fui colocá-lo de volta na prateleira, pude vê um forro branco na parede, que não combinava nem um pouco com a pintura lilás e violeta das paredes.
Me sentindo um invasiva, puxei alguns livros da prateleira, colocando-os em cima da poltrona ao meu lado e então, puxei o forro branco até que ele se desgrudasse da parede. Uma caixa acoplada a parede apareceu e abri a tampa, achando que a pessoa que fez aquilo era completamente idiota, pois ao invés de uma caixa, poderia simplesmente ter posto um cofre ali.
Olhei para porta e vi que continuava fechada, então, puxei os papéis que haviam dentro da caixa. Pude ver documentos semelhantes aos que Lara nos amostrou em Neverland, eram recibos e documentos que me pensar no por que de estarem na casa de Raymonds. Então me lembrei que Jefrey morava aqui e visitava muito minha biblioteca, apesar de eu nunca ter visto aquele forro branco em toda minha estadia naquela casa. Decidida a não deixar aqueles documentos escaparem, coloquei todos os papéis dentro de minha bolsa.
Fechei a caixa e pus o forro branco no lugar e os livros também, deixando tudo exatamente do jeito que estava e então sai da biblioteca, me sentindo quase como Lara, uma investigadora, o que me fez rir porque eu sabia que jamais chegaria aos pés daquele mulher que tinha uma faro excepcional para achar a verdade.
Apertei a bolsa em minhas mãos e então desci as escadas como se eu não tivesse acabado de descobrir nada e passei o resto da tarde na casa de Raymonds, decidindo que assim que chegasse a Neverland, entregaria todos esses papéis nas mãos de Lara e Benson.
Só esperava, do fundo do meu coração, que aquilo servisse para alguma coisa.
Capítulo 37


"Obrigada pela ousadia. Realmente ajudou muito."


Michael e eu estávamos deitado na cama. Havíamos acabado de fazer amor e agora ele estava conversando com nosso filho e acariciando minha barriga ainda lisa, o que me fazia sorrir, feliz.
Esse era o momento que eu mais gostava, vê o amor de Michael por nosso bebê era muito gratificante pra mim, me dava uma sensação de paz e expectativa.
Me dava esperanças de que tudo ia terminar bem apesar de toda a tempestade.
- Hm... No que a minha princesa está pensando? - perguntou, me puxando para mais perto dele.
- Estou no quão lindo é vê você conversando com nosso bebê.
Ele sorriu.
- Temos que conversar com ele. O livro que estou lendo sobre bebês diz que a criança escuta tudo quando está na barriga da mãe e eu quero que meu filho saiba que eu converso com ele, sempre.
Olhei pra ele, rindo que nem boba.
- Você vai ser um pai maravilhoso, Michael. Alias, você já é um pai maravilhoso.
Ele me olhou parecendo surpreso com elogio. Primeiro ficou vermelho e depois sorriu timidamente, me fazendo sorrir junto com ele.
- E é você que está me dando a oportunidade de ser um ótimo pai. Obrigada, meu amor.
Ele se aproximou de mim e me beijou com carinho. Quando nos afastamos, me lembrei dos papéis que havia pego na casa de Raymonds.
- Hei, tenho algo pra te mostrar... - falei, me levantando e pegando minha bolsa em cima da poltrona, quando me sentei na cama novamente, pude vê que Michael me olhava atento. - O que foi?
- Você não entende a sorte que eu tenho de ter uma mulher tão gostosa como você andando nua pelo meu quarto. - ele disse, olhando para os meus seios.
Bem, foi a minha vez de ficar vermelha.
- Michael! - exclamei e ele riu, me puxando para perto dele.
- Só estou falando a verdade, meu amor. Você é linda, gostosa e só minha. - sussurrou em meu ouvido.
- Só sua, seu safado! - falei e ele gargalhou.
- O que tem para me mostrar?
- Ah sim... - murmurei, me lembrando de onde tinha parado. - Quando fui ao banheiro, resolvi passar pela minha antiga biblioteca na casa de Raymonds e atrás da prateleira de meus livros ingleses tinha uma espécie de fundo falso com esses papéis lá dentro. - falei, tirando os papéis da bolsa e dando para ele vê. - Eu não sei para que servem, mas eu resolvi pegar... Jefrey pode tê-los escondido na casa de Raymonds e também pode ser uma prova para tirar Joshua da cadeia.
- Hm... Que mocinha travessa, mexendo nas coisas dos outros! - ele brincou comigo, rindo e logo depois começou a ler. O sorriso em seu rosto se fechou rapidamente.
- Michael, o que foi? - perguntei.
Ele balançou a cabeça e franziu o cenho, começando a ler outra folha. Sua expressão já estava me deixando confusa e nervosa.
- Michael, me fale, o que está escrito aí?
- Eu preciso ligar pra Lara.

***


Estávamos Michael, John Branca, Lara, Benson, Bill e eu reunidos na biblioteca a quase quarenta minutos. O relógio marcava nove e meia da noite e eu realmente estava nervosa.
Michael não queria me falar o que estava escrito naquelas malditas folhas e agora Lara, John, Bill e Benson estavam analisando-as. Todos tinha uma expressão confusa no rosto.
- Pelo amor de Deus, alguém pode me explicar o que está acontecendo? Eu já estou ficando nervosa com tudo isso! - falei, olhando pra eles.
Michael segurou minha mão e beijou minha cabeça, tentando me tranquilizar com seus gestos mais eu percebi que ele também estava tenso demais. Até mesmo para me pedir calma em voz alta.
Mais alguns minutos se passaram e então, John foi o primeiro a se manifestar.
- Isso que você acho, Mandy, foi algo que realmente solucionou um caso que eu pensei que não tinha solução. - ele disse, olhando pra mim.
- É o que eu estava pensando, John? - Michael perguntou.
- Sim, Michael, era exatamente isso.
- Isso o que? Que caso? Do que estão falando? - perguntei, sem entender.
- O roubo a Sony, meu amor... É sobre isso que estamos falando. - Michael disse, me olhando atentamente.
- Mas... O que o roubo a Sony tem haver com Raymonds? O que esses papéis tem haver com isso?
- Não são papéis quaisquer, Mandy. São comprovantes de transferências bancárias e lavagem de dinheiro. - John disse.
- Certo, mas... E o que isso estava fazendo na casa de Raymonds?
- Raymonds está roubando a Sony. - Lara disse de uma só vez.
- Hã? - perguntei.
Como assim Raymonds estava roubando a Sony? Tinha algo muito estranho naquela história.
- Isso mesmo que ouviu, Mandy... Raymonds estava desviando dinheiro da Sony e lavando-o comprando propriedades e vendendo-as logo depois. - Benson completou.
- Não! Quer dizer... Raymonds é rico, pra que ele ia querer roubar a Sony e logo depois lavar o dinheiro... Não faz sentido algum tudo isso.
- Eu também quero entender, meu anjo... - disse Michael. - Mas precisamos investigar isso.
- Não, precisamos fazer algo que eu amo, mas que não faço a muito tempo... - murmurou Lara. - Pegar um bandido de surpresa. - ela se levantou. - Vamos a casa de Raymonds, Benson.
- O que? Vocês vão prender Raymonds? - perguntei, assustada. - Mas, vocês precisam investigar sobre isso, Lara, já não basta um inocente está preso.
- Nós só vamos conversar, Mandy. - Benson diz. - Mantemos vocês informados.
Eles disseram e saíram porta a fora, me deixando completamente angustiada e ainda sem entender o que realmente estava acontecendo.
Capítulo 38


"O verdadeiro culpado."


- Sr. Moore. - Sra. Jones bateu na porta do escritório de Raymonds, entrando logo em seguida. - Tem um casal de policiais querendo falar com o senhor. Se identificaram como Lara e Benson e disseram que o senhor sabe quem eles são. Vai recebê-los.
Raymonds terminou de fumar seu charuto e o colocou no cinzeiro.
- Claro, eles disseram que queriam conversar comigo para recolher testemunho sobre o caso de Mandy. Só não imaginei que viessem tão tarde assim... Tragam-os até aqui.
Ela assentiu e logo depois saiu do escritório. Raymonds suspirou, sentindo tudo muito monótono e logo depois Sra. Jones voltou com Lara e Benson em seu encalço.
Raymonds sorriu e se levantou, apontando a cadeira para eles. Logo estavam sentados e Raymonds se pronunciou primeiro:
- É um prazer recebê-los. - ele diz.
- Queriamos pedir desculpas por termos vindo tão tarde, mas... Deve imaginar como é corrida a vida de um policial de Los Angeles, não? - Lara perguntou, dando um sorriso amigável.
Ela realmente queria pegá-lo desprevenido.
- Claro, sei como vocês trabalham e realmente fico feliz pelo nosso país. Temos uma das melhores equipes de policiais do mundo. E vocês fazem parte disso, por isso, minhas portas estão sempre abertas para ajudar no trabalho de vocês.
- Muito obrigado pela receptividade, Sr. Moore. - disse Benson, quase deixando aparecer o seu tom sarcástico.
- Ora, somente Raymonds, por favor.
- Ok, Raymonds. - Lara assentiu. - Nós viemos aqui porque...
- Porque querem recolher informações sobre a vida de Mandy? Estou totalmente disposto a falar sobre isso porque...
- Não. Não é por isso, Raymonds. - disse Lara.
Raymonds parou de falar e a surpresa atravessou sua expressão rapidamente. Logo ele relaxou e voltou ao normal.
- Então... Qual o motivo?
- Recebemos documentos de forma anônima hoje a tarde que ligam a você... - Lara disse, puxando os recibos de dentro da pasta de couro que carregava.
- Documentos? - ele perguntou, franzindo o cenho. - E o que tem nesses documentos?
- Veja... - ela disse, entregando os papéis a ele.
Raymonds começou a ler e pôde perceber que eles haviam descoberto sobre seu pequeno furto a Sony, mas não deixou transparecer emoção alguma porque ele simplesmente não as sentia.
Era isso, Raymonds não sentia nada por dentro.
- O que tem a dizer sobre isso, Raymonds? Todos os recibos e transações de dinheiro estão em seu nome. Acho que você sabe que furto, desvio e lavagem de dinheiro é crime, não é? - Benson perguntou.
Raymonds arqueou uma sobrancelha e sorriu de lado.
- Claro que sei.
- Então você sabe que será preso por isso, não é mesmo? - Lara perguntou.
- Talvez...
- Talvez? Bem, Raymonds, nós estamos te dando a chance de explicar sobre isso, mas nos respondendo com monossílabos com certeza não poderemos te ajudar.
- Mas eu não estou pedindo ajuda de ninguém. - ele respondeu.
Lara e Benson se entreolharam, eles realmente não esperavam aquele tipo de comportamento vindo de Raymonds.
- Pra falar a verdade, acho que isso aqui não é nada. - ele diz, jogando os papéis em cima da mesa. - Tomy Mottola já está com muito dinheiro no bolso, estou somente pegando o que ele não dá há ninguém.
- Não, Raymonds, você está roubando. - disse Lara.
- E roubo é crime. - completou Benson.
Raymonds olhou pra eles com a sobrancelha arqueada e riu. Soltou uma gargalhada alta, jogando a cabeça pra trás e pousando a mão na barriga. Era o tipo de gargalhada que te daria vontade de rir junto... Se não soasse tão maquiavélica.
- Eu não estou achando a miníma graça, Raymonds. Se você realmente quer se livrar dessa, acho melhor parar com isso. - Lara disse.
Raymonds parou de rir e então olhou pra eles.
- Vocês são tão... Idiotas. - ele disse.
- Como é? - Benson perguntou com o maxilar cerrado.
- Isso mesmo que vocês ouviram.  ele disse. - Sabe, é incrível a capacidade de vocês em confiar cegamente nas pessoas, não se pode confiar em ninguém que não se conhece totalmente.
- O que está querendo dizer, Raymonds? - Lara perguntou, sem entender onde ele queria chegar.
- Pensem comigo... Vocês confiaram naquele tal de Joshua e então, no final da história, ele era o cara mal e perverso que fazia aquela coisa horrível... - ele disse, debochado. - E agora, confiaram tanto em mim e descobriram que eu roubava a Sony. No fim, vocês só desconfiaram de Jefrey porque ele nunca fez questão de esconder que era ruim. Mas... E quem é "bomzinho" como eu e Joshua erámos? Vocês não desconfiaram de nós... É disso que estou falando, vocês confiam demais nas pessoas.
- E onde quer chegar com esse discurso ridículo, Raymonds? - Lara perguntou, impaciente.
- Quero chegar ao que eu disse antes, vocês são dois idiotas. - ele falou, agora se apoiando na mesa e ficando cara a cara com eles. - Principalmente por acharem que o coração mole do Joshua poderia ser dono de algo tão grande como aquilo.
- O que? - Benson perguntou.
- Se não é Joshua, quem é o dono?
- Eu sou. - ele disse, apontando para si mesmo.
Lara e Benson se olharam sem entenderem - ou não querendo entender - o que ele estava dizendo.
- Como é que é? - Lara perguntou, a voz rouca de irritação.
- Isso mesmo que ouviram. Eu sou o dono, eu sou o vilão da história. - falou debochado e rindo no final. - É ótimo vê a surpresa na cara de vocês. Adoro fazer policial de bobo, é uma brincadeira muito divertida.

***



Michael despertou cedo na manhã seguinte.
Mesmo tendo ido dormir tarde junto a Mandy, esperando uma ligação de Lara ele não conseguiu dormir até tarde. Olhou no relógio e viu que ainda eram seis da manhã, tentou dormir novamente mas não obtevi sucesso, então, decidiu se levantar. Devagar, tirou Mandy de cima de seu peito e deu um beijo de leve em seus lábios e outro em seu ventre.
Saiu da cama, tomou banho e então saiu do quarto indo em direção a biblioteca. Pra passar o tempo ele resolveu pegar seu original de "Romeu e Julieta", sorrindo ao se lembrar de quandp ganhou aquele livro. Fora a alguns meses atrás, mas parecia que havia muito tempo.
Abriu o livro e começou a ler as folhas gastas e amareladas. Por um momento se desligou do mundo e se entregou totalmente ao paraíso romantico-dramático de Shakespeare, mas logo foi desperto por batidas na porta. Pousou o livro em cima da mesa e mandou a pessoa entrar.
Bill abriu a porta e entrou nervoso na biblioteca, seu semblante era de preocupação.
- O que houve, Bill? - Michael perguntou, franzindo o cenho.
- Lara e Benson desapareceram. - ele disse de uma só vez.
Michael ficou em silêncio por três segundos, tentando entender o que ele dissera.
- Como assim desapareceram?
- Simplesmente sumiram, Michael! Me ligaram da delegacia de Lara perguntando onde ela estava, eu disse que não sabia e eles falaram que nem ela e nem Benson haviam ido a delegacia. O certo era eles terem ido a delegacia ontem depois de irem a casa de Raymonds, mas eles não apareceram.
- Já ligou pra casa de Lara?
- Sim, estou tentando ligar desde cinco da manhã, como ela não atendeu eu fui até o apartamento dela, subi e bati na porta e ela não atendeu. O porteiro me disse que ela não voltou pra casa. E eu não sei onde Benson mora, só tenho o número da casa dele, também liguei mas ninguém atendeu.
- Que merda! - Michael bateu o punho na mesa. - Vou ligar pra casa de Raymonds, espere só um instante.
Bill assentiu e Michael pegou a agenda telefônica dentro da gaveta. Ao achar o número de Raymonds ele discou e espero chamar, depois de três toques Sra. Jones atendeu. Michael pediu para falar com Raymonds e ela pediu para que ele esperasse um pouco.
Logo Raymonds estava na linha:
- Olá Michael, aconteceu alguma coisa? Mandy e o bebê estão bem? - ele perguntou, parecendo preocupado.
- Claro que estão, Ray... Por que não estariam?
- Oh... É que está tão cedo, pensei que havia acontecido algo a eles. - ele disse agora em um tom aliviado.
- Não... Está tudo bem, quer dizer, mais ou menos...
- Mais ou menos? O que houve? - ele perguntou.
- Lara e Benson foram até a sua casa?
- Aqui em casa? Não... Nenhum dos dois apareceu por aqui, na verdade estou esperando a visita deles, eles me disseram que viriam aqui para pegar depoimentos meus e até agora não apareceram... Mas, o que há com eles?
Michael olhou pra Bill e fez um gesto com a cabeça, querendo dizer que eles não apareceram por lá.
- Eles sumiram... - ele disse.
- Oh não! Deus do céu, não me diga isso, Michael! Puta merda, mexer com pessoas mafiosas é furada, Deus queira que nada de ruim aconteça a eles! Qualquer notícia me avise, certo?
- Pode deixar, Raymonds. Obrigada pela informação.
Michael disse e desligou o telefone.
- Raymonds disse que eles não apareceram por lá...
- Será, Michael? Você sabe que nunca confiei em Raymonds e agora com essa história dele está roubando a Sony... - ele deixou a frase no ar.
- Você acha que... Ele faria algum mal a Lara e Benson só porque eles descobriram sobre o roubo da Sony?
- Eu acho que sim, Michael! - Bill se levantou. - Eu vou a delegacia ajudar nas buscas. Se tiver de ir a casa de Raymonds e vasculhar aquela mansão eu o farei. Preciso achar minha sobrinha!
- Me mantenha informado, Bill, por favor e... Tenha cuidado, certo?
- Eu terei, Michael. - Bill disse e saiu, deixando Michael intrigado e preocupado.
Capítulo 39


"Uma grande revelação."


- Hm... Parece que tem pessoas procurando por vocês... - Raymonds riu e desligou o telefone sem fio, tacando-o em cima da mesa de madeira. - Pena que não vão achá-los.
- Você é louco! - Lara gritou, tentando desamarrar as mãos. - Claro que vão nos achar, meu tio nunca gostou de você, com certeza ele vai desconfiar de algo.
- Seu tio é só um velho chato. - Raymonds disse, revirando os olhos. - Ele pode entrar na minha casa e vasculhar tudo se quiser, mas ele nunca achará esse porão. Ninguém sabe da existência dele, somente eu e Claire - vendo que eles não reconheceram quem ele estava falando, ele suspirou. - Estou falando da Sra. Jones, o nome dela é Claire e ela não vai contar pra ninguém, aquela mulher é completamente submissa a mim, eu mando e ela obedece.
- É realmente engraçado... - Benson murmurou. - Você atendeu ao telefonema de Michael com tanta preocupação, deveria ser ator, Raymonds. Sua mente doentia serve para interpretar.
- Mas eu me preocupo com Mandy... - ele disse, irônico. - Ela é como uma filha pra mim.
- Ah, com certeza é... - Lara desdenhou. - Vamos parar de palhaçada, Raymonds! Você pode nos apagar, mas vários policiais sabem que você roubou a Sony. Teria que matar a todos para ficar livre. Acho melhor nos soltar ou vão acrescentar sequestro e carcere privado a sua lista de crimes.
- Vê-los presos é divertido pra mim... Vocês acabaram com a minha forma de ganhar dinheiro, tenho que me divertir com vocês agora. - ele disse.
- Por isso Jefrey não quis contar quem era o chefe, não é, Raymonds? Ele preferiu morrer a contar que você era o dono de tudo, isso sim é amor. - Benson comentou.
- Jefrey era um idiota. Só fez o que eu ordenei, ele cresceu sabendo que poderia até morrer, mas que morresse me protegendo e foi isso que fez. Não tenho culpa se ele era tão submisso a mim ou me amava tanto, como você mesmo disse.
- Então... Você não sente remorso pela morte de seu irmão? - Lara perguntou.
Raymonds riu.
- Remorso? Óbvio que não. Ele morreu porque não era inteligente o bastante. Vejam só, ninguém é pareo para mim. Se eu não contasse a vocês que eu era o dono da mafia vocês nunca iriam descobrir. Eu uso o cérebro, meus caros. Colocar Joshua como dono de tudo fora um plano genial que eu criei. - ele disse, começando a andar de um lado para o outro. - Confesso que fui um pouco descuidado ao desviar o dinheiro da Sony para uma conta em meu nome, mas eu sei que, mesmo se eu fosse pego, logo estaria livre. Não era pela Sony que eu sobrevivia, eu ganhava muito mais dinheiro com a máfia, mas vocês foderam com tudo.
- E por que você roubou a Sony? - Benson perguntou.
- Não é óbvio? Pra pagar a porra da divida que Jefrey fez com a Máfia de Londres! Aquele idiota, nem pra pagar as contas ele servia! - ele rugiu. - Vocês realmente acham que eu iria pagar aquilo com o dinheiro do meu bolso? Claro que não. Eu estava disposto a pagar com o dinheiro da Sony, mas sabem como são as máfias, quanto mais você dá, mas eles querem, a divida estava virando uma bola de neve então eu simplesmente parei de pagar. - ele deu de ombros. - Não era eu quem iria ser pego, então... E, pra falar a verdade, Jefrey mereceu morrer. Ninguém mandou não pagar a máfia como deveria.
- E Mandy? Por que ela foi sequestrada? - Lara perguntou.
Tanto Lara quanto Benson estavam dispostos a começar a entender a mente psicopata de Raymonds Moore.
- Pra ficar no lugar de Anne. - ele disse. - Frederick foi um filho da puta que além de me apunhalar pelas costas me roubando, ainda fodeu com a puta da minha querida esposa e a engravidou. Anne não era minha filha. Elisabeth me enganou durante infelizes quatro anos e meio. Nunca gostei dela de verdade mas saber que ela tinha um caso com meu melhor amigo me deixou com muito ódio, quanto mais saber que aquela criança irritante que eu tive que aturar durante todos aqueles malditos anos não era a minha filha. Quando fomos passar o verão em Londres, Elisabeth quis sair com Anne para irem ao parque, eu pedi para que meu ex-motorista mexesse no freio do carro e então... Bum! Elas morreram em um infeliz acidente de carro, realmente um fim trágico.
- Você matou sua esposa e sua filha? - Lara perguntou, perplexa pela segunda vez em sua profissão.
- Matei não... Coloquei um fim em duas vidas que não serviam de nada para ninguém nesse mundo.
- E por que o sequestro de Mandy? - Benson perguntou.
- Porque... Quando Anne nasceu confesso que fiquei decepcionado. Eu queria um filho homem para dá continuidade a meus negócios, mas como ela veio, pensei: "tenho que tirar proveito disso.". Como já trabalhava para Sony resolvi que ia investir em minha querida filha e quando ela crescesse eu iria fazer com que ela se casasse com o artista mais rico e famoso da época, mas... Como Anne morreu e eu ainda não estava satisfeito só em matar Elisabeth e vê Frederick sofrer com sua morte, resolvi que precisava ir mais fundo em minha vingança, então, aproveitando a semelhança de Anne e Mandy, mandei sequestrar a filha dele. Entendem agora o porque da semelhança delas duas? Eram irmãs por parte de pai.
- Então... Conhecer Michael e fazer Mandy se casar com ele já estava em sua cabeça desde sempre? - Lara perguntou.
- Claro que sim, obviamente eu não sabia que Michael seria o artista mais rico do mundo agora, mas já que ele é... - ele deu de ombros. - E, confessem, eu fui muito bomzinho com Mandy. A putinha estudou em um dos melhores colégios da Inglaterra e logo depois em uma das melhores faculdades... Ela devia me agradecer por eu ter virado o "pai" dela, sem contar que ela está grávida de Michael Jackson, uma putinha esperta ela é, já garantiu o futuro dela, sei lá, pro resto da vida.
Lara balançou a cabeça, aina chocada com tanta informação.
- Você é um filho da puta, Raymonds. - ela disse.
- Realmente sou, minha mãe era uma puta de primeira qualidade, não sabiam? - ele perguntou, rindo. - Estão chocados, queridos? Realmente eu poderia fazer um livro da minha vida, mas tenho muita preguiça de escrever... Acho que as pessoas deveriam conviver mais comigo, até minha inteligência me assusta as vezes.
- Você é doente. - disse Benson. - É realmente muito inteligente, matou a esposa e a filha, sustentou uma máfia por anos, sequestrou a filha do amigo sem deixar suspeitas e ainda colocou Joshua como "laranja" em seus esquemas, poderia bater palmas pra você, se minhas mãos não estivessem amarradas, é claro.
- Oh... Não se preocupe. Para bater palmas para mim eu posso te libertar por alguns instantes... - disse Raymonds, se aproximando dele.
Benson sorriu de lado para Lara e sentiu Raymonds desamarrando suas mãos. Para levá-los até o porão, Raymonds pediu a ajuda de seus seguranças, mas agora ele estava sozinho. Ao se ver livres das cordas, Benson em um gesto rápido se levantou e deu uma "gravata" em Raymonds. Prendeu seu pescoço ao máximo até sentir seu corpo pesar e o deixou cair inerte ao chão.
Correu para Lara e desamarrou seus pulsos.
- Certo, eu fico com ele enquanto você liga pra delegacia, ok? - Benson disse.
Lara assentiu e pegou o telefone em cima da mesa. Discou os números de sua delegacia e logo seu amigo policial atendeu. Ela disse que ela e Benson estavam sendo mantidos com carcere privado na casa de Raymonds e explicou como eles deveriam proceder ao chegar na mansão. Pediu para que aumentasse os policias para que eles pudessem abordar todos os seguranças e explicou como eles deveriam fazer para chegar ao porão onde se encontravam. E antes de resgatá-los tinham de pegar Sra. Jones e prendê-la, pois ela era sua cumplice em tudo aquilo. Ao terminar a ligação ela se virou para Benson.
- Acho que deveria bater palmas para mim, meu caro amigo. - ela riu e tirou um gravador de seu bolso.
Apertou o botão para pausar a gravação e logo depois para continuar, fazendo com que Benson ouvisse toda a conversa, desde quando chegaram a mansão até Raymonds confessando tudo. Benson sorriu e piscou pra ela.
Raymonds não tinha mais saída agora.
Capítulo 40


"Decepção."


Michael e eu estávamos na sala de sua casa. Ele havia acabado de me contar que Lara e Benson haviam desaparecido.
Eu ainda não conseguia acreditar na hipótese de Bill. Era completamente impossível que Raymonds sequestrasse os dois. Ele não era como Jefrey.
Raymonds era um homem bom, justo... Não faria uma coisa como aquela.
- Eu quero te perguntar uma coisa... Posso? - Michael disse baixo em meu ouvido.
Me virei pra ele, olhado-o atentamente.
- Claro... O que é?
- Por que nunca me disse que canta tão bem?
- Ah... - parei um pouco sem saber o que dizer. - Porque eu não gosto de cantar.
- Não gosta? Tem certeza? - ele sorriu, travesso. - Todo mundo gosta de cantar, amor, até as pessoas que não tem uma voz bonita...
Sorri com sua forma de falar. Michael tinha o lindo dom de não gostar de apontar os defeitos dos outros.
- É uma longa história, quer dizer, não tão longa porque você já deve saber sobre ela, mas... - fiz uma pausa, decidindo que era melhor deixar as "meias palavras" e falar tudo de uma vez. - É que... Eu fui sequestrada em um concurso de canto e desde então, cantar, pra mim é como se eu voltasse aquele dia terrível. Não gosto de me lembrar daquilo, por isso evito cantar.
Michael me olhou e sorriu minimamente, me mostrando que me entendia.
- Mas... Como é que você sabe que eu canto bem se eu nunca cantei pra você? - perguntei, curiosa.
Ele começou a falar olhando e acariciando meus dedos.
- Quando você desapareceu, Lara, Bill e eu fomos a casa de Raymonds para falar com Jefrey, e Ray estava na sala, vendo uma gravação. Lá estava você e ele, cantando "Can help falling Love" de Elvis... Acho que naquele dia eu me apaixonei ainda mais por você. Sua voz é perfeita.
- Não seja bobo. - falei rindo. - Minha voz é como outra qualquer, Mike.
- Não mesmo! - ele riu, ficando sério de repente. - Você acha que um dia vai conseguir cantar pra mim? Sabe, você cantou com Raymonds, quero que um dia cante pra mim e comigo também.
- Eu não sei Michael, cantei com Raymonds porque ele pediu aquilo como presente de aniversário e eu não consegui dizer não... Mas eu posso tentar, um dia. - sorri pra ele.
Ele pegou minha mão na sua e a beijou, logo depois sorriu.
- Vou esperar ansiosamente por esse dia. - ele disse e logo depois riu abertamente.
Acho que Michael estava pensando em dizer alguma coisa, mas foi interrompido por Remy, que chegou na sala com o telefone na mão.
- É Bill, menino. - ela disse, docemente.
Olhei tensa para Michael enquanto ele pegava o telefone. Ele colocou no viva-voz.
- Oi Bill, já tem alguma notícia? - Michael perguntou.
- Tenho várias notícias, Michael. A primeira é que Raymonds está preso.
- Como? - perguntei me sentindo tonta.
Michael segurou minha mão.
- Estamos no viva-voz, Bill. Então... Lara e Benson estavam mesmo com Raymonds?
- Estavam na casa de Raymonds, presos em um porão subterrâneo que ficava dentro da casa dele. - ele suspirou - Tenho tanta coisa pra contar a vocês, mas não o farei pelo telefone. Raymonds foi preso e Joshua acabou de ser solto. Ele foi pra casa ver a família, mas disse que ainda nessa semana entra em contato com você, Mandy. Estou indo para Neverland agora. Logo mais estarei junto a vocês e conto tudo o que Lara e Benson descobriram.


***

Saber que Raymonds era o chefe de tudo me deixou completamente surpresa e chateada.
Eu simplesmente não conseguia acreditar que aquele cara doce e íntegro fosse capaz de fazer tanta maldade.
Descobrir que meu pai e a falecida esposa de Raymonds foram amantes me deixou em estado de choque. Desde que me lembro, meu pai sempre olhara para minha mãe com amor e respeito, sempre a tratara com carinho. Nunca imaginei que ele fosse capaz de ter um caso extraconjugal e que ele fosse pai da suposta filha de Raymonds.
Só agora eu entendo o porque de minha semelhança com Anne Moore e estou chocada com a forma de Raymonds em tirar proveito disso.
O modo psicopata de sua mente pensar me deixou completamente assustada, fazendo com que meu carinho por ele virasse repulsa. Ele, ainda mais do que Jefrey, me fez sofrer, a única coisa que eu queria era distância de um homem como aquele.
Capítulo 41


"O seu amor me faz acreditar que existe um querer, acima das nuvens que me uniu a você.


Cinco meses depois.

A pequena ilha particular de South Beach estava toda enfeitada com flores brancas e amarelas, que realçavam a beleza do pôr do Sol que naquele momento estava com o céu todo tingindo de laranja.
Michael estava nervoso. Olhava para o relógio a todo momento. Sua mãe estava sentada na primeira fileira de convidados e lhe sorria aberta e pacientemente, como se falasse para ele se manter calmo.
Mas aquilo era impossível! Mandy estava quase quarenta minutos atrasada e se demorasse um pouco mais o Sol se poria completamente, fazendo com que seu desejo não fosse realizado - e que ele fosse correndo atrás dela onde quer que ela estivesse.
E então todos os convidados se calaram quando uma melodia doce começou a tocar. Michael conhecia aquela música; muitas vezes Remy, que é brasileira, ficava cantarolando aquela canção pela casa e Michael praticamente sabia canta-la -mesmo sendo em Português - e sabia sobre o que ela dizia, pois Remy fizera a questão de traduzir na canção pra ele.
Seu coração pulsou alto no peito quando a voz doce de Mandy adentrou seus ouvidos:
"Eu sei que vou te amar.                                                
Por toda a minha vida eu vou te amar.                      
A cada despedida eu vou te amar.                            
Desesperadamente, eu sei que vou te amar.            
E cada verso meu, será, pra te dizer
Que eu sei que vou te amar.                                                                  
Por toda a minha vida..."

Os olhos de Michael encheram-se d'água, enquanto ele via Mandy adentrar a ilhota, pisando no enorme caminho de pétalas amarelas que a levaria até o altar.



Até ele. Seu futuro marido.
Ela estava linda. O vestido longo e branco de tecido leve esvoaçava ao vento, marcando perfeitamente sua silhueta e sua barriga de seis meses de gestação. Ela sorria para ele enquanto caminhava. Segurava o buque de flores amarelas e brancas em uma mão e o microfone na outra e, apesar de está emocionada, sua voz não vacilava em uma nota sequer enquanto ela cantava, realizando o desejo do homem da sua vida.



Desde que Remy havia comentado com ela que Michael conhecia e amava aquela música, Mandy colocara na cabeça que iria canta-la para ele. Mas aquela canção era muito linda e romântica, não poderia simplesmente começar a canta-la de uma hora para outra, em um momento qualquer. Tinha de ser em um momento especial...
E então, no dia em que descobriu que estava esperando uma menina e Michael a surpreendeu com um pedido de casamento emocionado, na praia, depois de jantarem, ela soube:
"Eu preciso fazer isso, preciso cantar para o meu amor e superar todos os meus medos. Fazer com que esse momento apague meus traumas do passado e que meu coração se encha de amor com seu lindo e doce sorriso."
E era exatamente isso que estava acontecendo agora. Mandy sabia que depois daquele dia toda vez que cantasse não seria mais do sequestro que se lembraria e sim do momento em que estava indo em direção ao seu futuro marido.
Decidira entrar sozinha. Não que estivesse com raiva ou chateada com o pai, mas sim porque ela queria se encontrar sozinha com Michael no altar e vê sua emoção de perto.
"A espera de viver ao lado seu...                                  
Por toda minha vida."

E então ela estava cara a cara com ele e vê sua emoção de perto fez seu coração se encher de amor, realizando seu pensamento.
- Eu amo você. - Michael disse com a voz embargada, segurando a mão dela e beijando-a docemente.
- E eu vou te amar por toda a minha vida. - ela respondeu.
Michael conteu a vontade de toma-la nos braços e beija-la. Ele sorriu e a puxou pela mão para o seu lado. O padre sorriu para eles.
- Estamos aqui para celebrar a união de dois jovens abençoados por Deus e por Seu eterno amor...
Michael e Mandy se entreolharam e sorriram.
Amor.
A pequena Alicia - como se soubesse o quão lindo, importante e emocionante era aquele momento - se mexeu mais uma vez no ventre de Mandy.
Amor.
As alianças foram trocadas e o padre os declarou "marido e mulher, pode beijar a noiva".
Estavam casados. E o Amor se multiplicara por mil.
Epílogo.


"O final de cada pessoa depende do decorrer de sua história."


Três anos depois.

Alicia corria junto a Michael pelos jardins de Neverland e os observava de longe enquanto amamentava Peter que tinha apenas três meses de idade.
Apesar de seu pouco tempo ele era esperto e toda vez que mamava gostava que eu lhe desse atenção. Ele me olhava atentamente e apertava meu seio com sua mãozinha pequena, me fazendo olhar para seus olhos grandes e negros, como os de Michael.
Olhando-os correndo e brincando eu soube que nunca fui tão feliz quanto naquele momento. Michael era o melhor pai e marido que uma mulher pode ter e Alicia e Peter, juntamente a Michael, eram minha vida.
Vida. A minha mudou radicalmente desde que me casei com Michael. Depois do nascimento de Alicia, me tornei a mãe mais coruja do mundo e investi um pouco em tirar proveito da minhas faculdade de Literatura Inglesa.
Escrevi um "thriller" envolvendo a mente humana e até onde uma pessoa é capaz de ir para alcançar o que deseja. Me baseei muito em Raymonds e, conforme as ideias para o livro surgiam, comecei a estudar livros sobre a psique humana.
Bem... O resultado foi o melhor possível. Em menos de três meses foi vendidas mais de duzentas mil cópias somente nos EUA e o livro foi traduzido para quarenta e cinco idiomas.
No final de tudo eu entendi porque Deus me permitiu sofrer do modo que sofri - e O agradecia por aquilo. Ele tinha algo muito melhor pra mim e esse melhor eram minha família e minha vida profissional. Ele sempre da um final feliz para quem realmente merece.
- Mamãe, o papai quer fazer cócegas em mim... - Alicia disse correndo até mim, rindo.
Michael veio logo atrás dela.
- Amor, não faça cócegas nela! - falei fingindo está brava.
- Então a mocinha veio fazer queixa pra mamãe? - ele perguntou rindo. - Mas é agora que eu vou fazer cócegas mesmo!
- Não... - ela gritou e saiu correndo para dentro de casa.
Michael riu e beijou a cabecinha de Peter e depois  beijou meus lábios carinhosamente.
- Hm... Será que alguém vai deixar o papai brincar com a mamãe hoje? - ele perguntou, mexendo nos ralos cabelos pretos de Peter que dormia agora.
- Michael! - exclamei, rindo. - Seu grande safado!
Ele riu, pondo a mão na frente da boca.
- Eu também preciso da mamãe! - ele riu e se aproximou do meu ouvido - E da boca da mamãe, dos seios da mamãe, e do bumbum da mamãe... Na cama do papai...
Ele mordeu o lóbulo da minha orelha e eu me contorci na poltrona, mordendo o lábio inferior para conter um gemido.
- Mike, não faça isso. Comporte-se.
Ele deu um sorriso safado e me beijou safadamente, mordendo meu lábio.
- Eu amo você, minha esposa gostosa.
- Eu também amo você, meu marido tarado. - falei rindo.
- Papai... - escutamos a voz de Alicia e a vimos encostada na cama.
Michael e eu nos entreolhamos. Sabíamos muito bem o aquela sapeca queria: bagunça.
- Mas eu vou fazer cocegas nessa garota agora! - ele gritou e saiu correndo.
Essa era minha vida.
E eu agradeceria a Deus até o fim dos meus dias por te-la me concedido.


                               
***


Raymonds fora julgado por diversos crimes entre eles assassinato, roubo, trafico de mulheres, lavagem de dinheiro, trabalho escravo - fora descoberto que ele não pagava seus funcionários minoritários, ameaçando-os de morte se eles contassem a alguém - sequestro e afins que o levaram a pena de morte.
Raymonds fora morte cinco meses depois de ter sido julgado pela corte norte-americana.
Seus bens foram apreendidos e liquidados.

Frederick e Sharon - pais de Mandy - continuaram juntos mesmo depois de seu caso com a falecida esposa de Raymonds Moore ser descoberto. Sharon decidiu que não fazia sentindo terminar com um casamento de anos por conta de um caso nem existia mais.
Frederick - apesar de amar verdadeiramente Elisabeth - durante esses anos se apaixonara pela esposa. Não se via sem ela ao seu lado e agradeceu a Deus por ela não te-lo deixado.

Apesar de todos acharem que Lara era homossexual, ficaram completamente surpresos ao descobrirem que a opção sexual era bem diferente.
Lara pedira Benson em casamento e... Bem, ele aceitara! Casaram-se e, ao descobrir que Benson não fazia filhos, decidiram adotar uma criança. O filho deles era um lindo menino de cinco anos de idade.

Joshua finalmente ficara livre das acusações, se dedicara aos estudos e estava no final de sua faculdade de engenharia. Com o dinheiro que tinha guardado ele continuou a pagar o tratamento da filha. Logo no fim da faculdade ele arrumou um emprego em uma empresa de engenharia.
A amizade entre ele e Mandy ficava cada dia mais forte. Era realmente uma amizade verdadeira e o casal Jackson sempre estava por perto, ajudando-o.

Michael e Mandy, bem...
Talvez o termo "felizes para sempre" soe um pouco clichê, mas... Era exatamente como eles viveram.
No fim, o final só feliz para quem realmente mereceu. A mente humana é, realmente, a coisa mais inteligente que existe. Pode planejar, pensar ç, manipular, seduzir...
Mas só o coração é capaz de amar e no final, ele sempre, sempre, faz a coisa certa.


Fim.

29 comentários:

  1. adorei a historia continua ta estou ansiosa para saber o final.bjjjus

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  2. Adorei pf continuaaaaaa!!!!!

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  3. Continua, quero saber o final! <3

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  4. Continuaaaaaa <3 quero saber o final!

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  5. Continuuuuuuaaaaaaaaaaaa
    To amando cada capitulo ♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡ 《☆》

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  6. Omg...que fic mara!!! Não nos torture mais e continue flor >_<
    Leitora nova por aqui...

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  7. Ai Deus...que tudo dê certo! Continua flor!

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  8. Achei q Michael iria comprar Mandy! Mas assim é legal tbm! Continua ! <3

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  9. Olá meninas, tudo bem?
    Primeiramente, quero dizer que estou muito contente por estarem gostando da minha fanfic. Porém, nunca apareci aqui para agradecer, porque eu simplesmente não sabia que minha fanfic estava sendo postada nesse blog.
    Isso mesmo, a dona do blog, Mikaela, pegou a minha fic sem o meu conhecimento ou consentimento e postou aqui. Mesmo não mudando o meu pseudônimo - TatahJacksonMania - acho muito errado o que ela fez, pois eu nem mesmo sabia que tinha leitoras como vocês, que estão a gostar muito da minha fanfic!
    Obrigada por estarem gostando, viu?
    Estou esperando a resposta da dona do blog sobre o porque dela ter pego minha fanfic sem o meu consentimento, então, não posso dizer se "Secrets" continuará a ser postada aqui, mas se não for, eu mando o link da fic completa pra vocês, ok?
    Beijos ;)

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    1. Eu já falei com vc por lá.... é o seguinte vc tem como TatahJacksonMania eu por acaso tenho conhecimento que o seu verdadeiro nome é Tamires??? e também me fala qual o mal de estar posta se eu estou dando crédito a vc???? Desculpa mas realmente não entendo, se eu tivesse copiado e não ter colocado o nome da autora isso sim é plágio. por um lado até estou a dar a conheçer a leitores novos a sua fic... Melhor não falar mais aqui, a gente conversa por lá.

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  10. Meninas depois de estar tudo resolvido eu aviso pela page no facebok se vai ou não continuar a fic.

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  11. Qual é a page do Facebook de vcs? Continua, n briguem n! O Michael n gostaria disso! Nós todos somos fãs do Michael, e amamos essa fic! Então por favooor continuem!

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    1. Este daqui : https://www.facebook.com/MichaelJacksonFanFics

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  12. ai pelo amor ,eu preciso continuar lendo, ta maravilhosa e quero saber como acaba meninas, não briguem por favor !!!

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  13. Olá, meninas!
    Mikaela e eu chegamos a um consenso e a fic continuará a ser postada aqui, tudo bem?
    Obrigada por estarem gostando, meus amores, obrigada mesmo!
    Beijos ;)

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  14. Uaaau continua! Tah muito bom!

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  15. Estou amando esse blog, ele é maravilhoso... Essas fanfics são excelentes! Parabéns pelo otimo trabalho! Virei fã de vocês! Beijacksons ;-) <3<3<3

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    1. wow ainda bem que gostou, prazer ter vc cá, bem-vinda e mt obg <3 :*

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    2. Awn*.....*mto obrigada lovely :-) bjacksons.

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  16. Hay meu corassaum *u* que fic perfeita mds li em 2 dias e foi a única que eu li no blg <3

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  17. Gostei muito,maravilhosaaa!!!😍😍

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  18. Meu Deus!!!!! Que mente brilhante é uma pena essa obra de arte não virar um filme. Parabéns é incrível; os detalhes, a gente entra na história é surreal .Meu obrigado por postar essa maravilha.

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